O objetivo deste trabalho é analisar os sentidos e significações atribuídos por professores de escolas particulares (de elite) ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Muito já foi escrito a respeito da psicopatologização das questões escolares sob o nome de TDAH. Entretanto, poucas são as pesquisas e os estudos dirigidos especificamente à repercussão deste fato na prática dos professores e menos ainda dos professores de escolas de elite do Ensino Fundamental 1 e à compreensão dos sentidos conferidos por eles a este fenômeno. O modelo utilizado é o da pesquisa qualitativa em Psicanálise, e o trabalho está dividido em dois momentos: revisão bibliográfica sobre o tema, discutida criticamente, e a pesquisa de campo por meio de entrevistas semidirigidas. A condução das entrevistas e a análise dos resultados foram psicanaliticamente orientadas pelo referencial teórico freudlacaniano. Primeiramente, levantamos elementos do espaço social e epistêmico que revestem este controverso diagnóstico e quais seus efeitos sobre a subjetividade das crianças. Discutimos a diversidade clínica envolvida nesta nomenclatura, que reduz manifestações subjetivas e sociais à categoria de transtorno. Trouxemos uma reflexão do trajeto organicista do quadro de TDAH e apresentamos um contraponto entre a noção de transtorno e o entendimento de sintoma para Psicanálise como tratamento ao real da angústia. Num segundo momento, analisamos as entrevistas com as professoras e as dividimos em categorias. Constatamos que o discurso do capitalista, aliado ao cientificismo do discurso da ciência, vem trazendo uma série de consequências ao sujeito, entre as quais: transforma a educação em mais uma mercadoria a ser consumida, legitima a transferência da responsabilidade de certos valores educativos próprios às famílias para as mãos da escola, desresponsabiliza aqueles envolvidos com a educação da criança, inclusive ela própria, e subjuga o mal-estar do sujeito a alterações neuroquímicas. Analisando esses aspectos, o trabalho busca evidenciar a permeabilidade do discurso pedagógico ao discurso médico científico hegemônico. Observamos que essa epidemia de TDAH acaba sendo, em grande parte, engendrada por uma sociedade capitalista, calcada no consumo e no lucro e tendo como representante o poder da indústria farmacêutica. Em uma perspectiva contrária às regularidades discursivas dos ditos especialistas, as professoras entrevistadas apresentam particularidades nas condições de enfrentamento dos impasses escolares, inventando, dia após dia, estratégias para lidar com seus alunos. Assim, este trabalho pretende, também, contribuir com um espaço de reflexão ética, visando propiciar práticas educacionais mais críticas / The objective of this work is to analyze the senses and the significances assigned by teachers in private schools (elite group) to Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD). Much has been written about the issues of school psychopathology under the name of ADHD, however, there are few researches and studies directed specifically to the impact of this fact on teachers practice - and even less on elite schools teachers of elementary school and the insight of the meanings conferred by them to this phenomenon. The model used is the qualitative research in psychoanalysis and the work is divided into two stages: bibliographic review on the subject, critically discussed, and field research through semi-structured interviews. The conduct of the interviews and analysis of the results were psychoanalytically oriented through Freud-Lacan theoretical framework. First, we raised elements of social and epistemic space lining this controversial diagnosis and its effects on children subjectivity. We discussed the clinical diversity involved in that nomenclature which reduces subjective and social events to the category of a disorder. We have brought a reflection of the organicist path box ADHD and present a counterpoint between the notion of disorder and the understanding of symptom for Psychoanalysis as a treatment to the real of the angst. In a second stage, we analyzed the interviews with the teachers and divided them into categories. We noticed that the capitalist discourse, allied to the scientificism of the science discourse has brought a number of consequences to the subject including: turned education into a commodity to be consumed, legitimized the transfer of responsibility for certain families own educational values to the hands of the school, didnt blame those involved with the child\'s education, including herself, and subdued the malaise of the subject to neurochemical changes. Analyzing these aspects, this work seeks to demonstrate the permeability of pedagogic discourse to the hegemonic scientific medical discourse. We observed that this \"epidemy of ADHD\" ends up being largely engendered by a capitalist society grounded in consumption and income, having for major elective representantive the power of the pharmaceutical industry. On a counter perspective to the discursive regularities of said experts, the teachers who were interviewed show some particularities in terms of confrontation school impasses, \"inventing\" day after day, strategies for dealing with their students. This study also aims to contribute to an area of ethical reflection to provide more critical educational practices
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-06032015-155426 |
Date | 05 December 2014 |
Creators | Silva, Marianna da Gama e |
Contributors | Priszkulnik, Leia |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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