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Subversões épicas : Gonçalo M. Tavares e os caminhos camonianos da sobrevivência

Esta tese investiga a obra do autor português Gonçalo M. Tavares, Uma Viagem à Índia (2010), texto que encarna uma dupla possibilidade de leitura: a de uma narrativa versificada, (anti)épica; e, a de um conjunto de pequenos poemas líricos organizados pelo instrumento visual contido no final do livro. Tavares subverte a forma épica em um movimento que, ao mesmo tempo em que recorre ao modelo épico na origem da literatura, também nos remete a uma temporalidade pósmoderna, pós-figurativa e pós-representativa, num arranjo estético e temático bastante contemporâneo. A temática extraída deste corpus de investigação é a possibilidade de sobrevivência do modelo épico na literatura de viagem contemporânea. Tavares, ao estabelecer profunda intertextualidade com Os Lusíadas, joga com a forma híbrida e inacabada do romance, convertendo-o num longo poema narrativo, mas também numa lírica breve e numa extensa profusão aforística, mapeados ao final da obra por meio de uma interessante invenção paratática. Este instrumento visual “ilumina” a feitura textual épica fragmentada em lírica, garantindo a sua “sobrevivência”, conceito tomado de Georges Didi-Huberman em sua obra Sobrevivência dos vaga-lumes (2011). Tal subversão, ocorrida no interior da épica, forma poética seminal e grandiloquente – portanto, uma forma poética “maior” –, imputa-lhe um índice subversivo que a “minoriza”, isto é, torna-a uma “poética menor” no contemporâneo, movimento este semelhante ao teorizado por Deleuze & Guattari em Kafka por uma literatura menor (1975). / This thesis investigates the work of the Portuguese author Gonçalo M. Tavares, Uma Viagem à Índia (2010). This text embodies a double possibility of reading: that of a (anti)epic versified narrative; and that of a set of small lyric poems organized by the visual instrument presented at the end of the book. Tavares subverts the epic form in a movement that, while appealing to the epic model in the origin of literature, also refers to a postmodern, postfigurative and post-representative temporality, in a very contemporary aesthetic and thematic arrangement. The thematic extracted from this corpus of investigation is the possibility of survival of the epic model in the contemporary travel literature. Tavares, by establishing deep intertextuality with Os Lusíadas, plays with the hybrid and unfinished form of the novel, making it in a long narrative poem, but also in a brief lyric and an extensive aphoristic profusion, charted at the end of the work through an interesting paratactic invention. This visual tool "illuminates" the fragmented epic textual making in lyric, ensuring its "survival", concept taken from Georges Didi-Huberman in his work Sobrevivência dos vaga-lumes (2011). Such subversion, occurring within the Epic, a seminal and grandiloquent poetic form - therefore a "major" poetic form - impute to it a subversive index that "minorizes" it, that is, makes it a "minor poetic" in the contemporary. This movement is similar to the theorized by Deleuze & Guattari in Kafka por uma literatura menor (1975).

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/170370
Date January 2017
CreatorsBueno, Kim Amaral
ContributorsBittencourt, Rita Lenira de Freitas
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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