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Subversões épicas : Gonçalo M. Tavares e os caminhos camonianos da sobrevivênciaBueno, Kim Amaral January 2017 (has links)
Esta tese investiga a obra do autor português Gonçalo M. Tavares, Uma Viagem à Índia (2010), texto que encarna uma dupla possibilidade de leitura: a de uma narrativa versificada, (anti)épica; e, a de um conjunto de pequenos poemas líricos organizados pelo instrumento visual contido no final do livro. Tavares subverte a forma épica em um movimento que, ao mesmo tempo em que recorre ao modelo épico na origem da literatura, também nos remete a uma temporalidade pósmoderna, pós-figurativa e pós-representativa, num arranjo estético e temático bastante contemporâneo. A temática extraída deste corpus de investigação é a possibilidade de sobrevivência do modelo épico na literatura de viagem contemporânea. Tavares, ao estabelecer profunda intertextualidade com Os Lusíadas, joga com a forma híbrida e inacabada do romance, convertendo-o num longo poema narrativo, mas também numa lírica breve e numa extensa profusão aforística, mapeados ao final da obra por meio de uma interessante invenção paratática. Este instrumento visual “ilumina” a feitura textual épica fragmentada em lírica, garantindo a sua “sobrevivência”, conceito tomado de Georges Didi-Huberman em sua obra Sobrevivência dos vaga-lumes (2011). Tal subversão, ocorrida no interior da épica, forma poética seminal e grandiloquente – portanto, uma forma poética “maior” –, imputa-lhe um índice subversivo que a “minoriza”, isto é, torna-a uma “poética menor” no contemporâneo, movimento este semelhante ao teorizado por Deleuze & Guattari em Kafka por uma literatura menor (1975). / This thesis investigates the work of the Portuguese author Gonçalo M. Tavares, Uma Viagem à Índia (2010). This text embodies a double possibility of reading: that of a (anti)epic versified narrative; and that of a set of small lyric poems organized by the visual instrument presented at the end of the book. Tavares subverts the epic form in a movement that, while appealing to the epic model in the origin of literature, also refers to a postmodern, postfigurative and post-representative temporality, in a very contemporary aesthetic and thematic arrangement. The thematic extracted from this corpus of investigation is the possibility of survival of the epic model in the contemporary travel literature. Tavares, by establishing deep intertextuality with Os Lusíadas, plays with the hybrid and unfinished form of the novel, making it in a long narrative poem, but also in a brief lyric and an extensive aphoristic profusion, charted at the end of the work through an interesting paratactic invention. This visual tool "illuminates" the fragmented epic textual making in lyric, ensuring its "survival", concept taken from Georges Didi-Huberman in his work Sobrevivência dos vaga-lumes (2011). Such subversion, occurring within the Epic, a seminal and grandiloquent poetic form - therefore a "major" poetic form - impute to it a subversive index that "minorizes" it, that is, makes it a "minor poetic" in the contemporary. This movement is similar to the theorized by Deleuze & Guattari in Kafka por uma literatura menor (1975).
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Subversões épicas : Gonçalo M. Tavares e os caminhos camonianos da sobrevivênciaBueno, Kim Amaral January 2017 (has links)
Esta tese investiga a obra do autor português Gonçalo M. Tavares, Uma Viagem à Índia (2010), texto que encarna uma dupla possibilidade de leitura: a de uma narrativa versificada, (anti)épica; e, a de um conjunto de pequenos poemas líricos organizados pelo instrumento visual contido no final do livro. Tavares subverte a forma épica em um movimento que, ao mesmo tempo em que recorre ao modelo épico na origem da literatura, também nos remete a uma temporalidade pósmoderna, pós-figurativa e pós-representativa, num arranjo estético e temático bastante contemporâneo. A temática extraída deste corpus de investigação é a possibilidade de sobrevivência do modelo épico na literatura de viagem contemporânea. Tavares, ao estabelecer profunda intertextualidade com Os Lusíadas, joga com a forma híbrida e inacabada do romance, convertendo-o num longo poema narrativo, mas também numa lírica breve e numa extensa profusão aforística, mapeados ao final da obra por meio de uma interessante invenção paratática. Este instrumento visual “ilumina” a feitura textual épica fragmentada em lírica, garantindo a sua “sobrevivência”, conceito tomado de Georges Didi-Huberman em sua obra Sobrevivência dos vaga-lumes (2011). Tal subversão, ocorrida no interior da épica, forma poética seminal e grandiloquente – portanto, uma forma poética “maior” –, imputa-lhe um índice subversivo que a “minoriza”, isto é, torna-a uma “poética menor” no contemporâneo, movimento este semelhante ao teorizado por Deleuze & Guattari em Kafka por uma literatura menor (1975). / This thesis investigates the work of the Portuguese author Gonçalo M. Tavares, Uma Viagem à Índia (2010). This text embodies a double possibility of reading: that of a (anti)epic versified narrative; and that of a set of small lyric poems organized by the visual instrument presented at the end of the book. Tavares subverts the epic form in a movement that, while appealing to the epic model in the origin of literature, also refers to a postmodern, postfigurative and post-representative temporality, in a very contemporary aesthetic and thematic arrangement. The thematic extracted from this corpus of investigation is the possibility of survival of the epic model in the contemporary travel literature. Tavares, by establishing deep intertextuality with Os Lusíadas, plays with the hybrid and unfinished form of the novel, making it in a long narrative poem, but also in a brief lyric and an extensive aphoristic profusion, charted at the end of the work through an interesting paratactic invention. This visual tool "illuminates" the fragmented epic textual making in lyric, ensuring its "survival", concept taken from Georges Didi-Huberman in his work Sobrevivência dos vaga-lumes (2011). Such subversion, occurring within the Epic, a seminal and grandiloquent poetic form - therefore a "major" poetic form - impute to it a subversive index that "minorizes" it, that is, makes it a "minor poetic" in the contemporary. This movement is similar to the theorized by Deleuze & Guattari in Kafka por uma literatura menor (1975).
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Subversões épicas : Gonçalo M. Tavares e os caminhos camonianos da sobrevivênciaBueno, Kim Amaral January 2017 (has links)
Esta tese investiga a obra do autor português Gonçalo M. Tavares, Uma Viagem à Índia (2010), texto que encarna uma dupla possibilidade de leitura: a de uma narrativa versificada, (anti)épica; e, a de um conjunto de pequenos poemas líricos organizados pelo instrumento visual contido no final do livro. Tavares subverte a forma épica em um movimento que, ao mesmo tempo em que recorre ao modelo épico na origem da literatura, também nos remete a uma temporalidade pósmoderna, pós-figurativa e pós-representativa, num arranjo estético e temático bastante contemporâneo. A temática extraída deste corpus de investigação é a possibilidade de sobrevivência do modelo épico na literatura de viagem contemporânea. Tavares, ao estabelecer profunda intertextualidade com Os Lusíadas, joga com a forma híbrida e inacabada do romance, convertendo-o num longo poema narrativo, mas também numa lírica breve e numa extensa profusão aforística, mapeados ao final da obra por meio de uma interessante invenção paratática. Este instrumento visual “ilumina” a feitura textual épica fragmentada em lírica, garantindo a sua “sobrevivência”, conceito tomado de Georges Didi-Huberman em sua obra Sobrevivência dos vaga-lumes (2011). Tal subversão, ocorrida no interior da épica, forma poética seminal e grandiloquente – portanto, uma forma poética “maior” –, imputa-lhe um índice subversivo que a “minoriza”, isto é, torna-a uma “poética menor” no contemporâneo, movimento este semelhante ao teorizado por Deleuze & Guattari em Kafka por uma literatura menor (1975). / This thesis investigates the work of the Portuguese author Gonçalo M. Tavares, Uma Viagem à Índia (2010). This text embodies a double possibility of reading: that of a (anti)epic versified narrative; and that of a set of small lyric poems organized by the visual instrument presented at the end of the book. Tavares subverts the epic form in a movement that, while appealing to the epic model in the origin of literature, also refers to a postmodern, postfigurative and post-representative temporality, in a very contemporary aesthetic and thematic arrangement. The thematic extracted from this corpus of investigation is the possibility of survival of the epic model in the contemporary travel literature. Tavares, by establishing deep intertextuality with Os Lusíadas, plays with the hybrid and unfinished form of the novel, making it in a long narrative poem, but also in a brief lyric and an extensive aphoristic profusion, charted at the end of the work through an interesting paratactic invention. This visual tool "illuminates" the fragmented epic textual making in lyric, ensuring its "survival", concept taken from Georges Didi-Huberman in his work Sobrevivência dos vaga-lumes (2011). Such subversion, occurring within the Epic, a seminal and grandiloquent poetic form - therefore a "major" poetic form - impute to it a subversive index that "minorizes" it, that is, makes it a "minor poetic" in the contemporary. This movement is similar to the theorized by Deleuze & Guattari in Kafka por uma literatura menor (1975).
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Passeando entre a comicidade, a paródia e o estranhamento : o riso na série O Bairro, de Gonçalo TavaresWetmann, Ariadne Leal January 2009 (has links)
O presente trabalho tem por objetivo analisar as diversas concepções de comicidade e riso envolvidas nas obras da série O Bairro, de Gonçalo M. Tavares, especificamente O Senhor Henri, O Senhor Valéry e O Senhor Kraus. Tavares é um autor da nova geração da literatura portuguesa que tem intrigado a crítica por sua produção fecunda, seu estilo enxuto e sua temática que parece ir além da reflexão ampla sobre a identidade portuguesa e o pós-colonialismo. No ciclo de obras abordado, os personagens, que carregam o nome de autores canônicos e representam algo do espírito deles, do que se fala sobre eles, interagem com seus "vizinhos" e lhes falam sobre suas visões de mundo peculiares, suscitando o riso em várias passagens. Entretanto, trata-se de um riso multifacetado, por vezes sutil e pleno em estranhamento. Entendemos que existem duas atitudes fundamentais que definem dois principais tipos de riso: o rir de e o rir com. O primeiro é o riso de zombaria, que foi definido com maior clareza por Vladímir Propp (1992), e o segundo constitui a comicidade carnavalesca, teorizada por Mikhail Bakhtin (1987). Verificamos que o riso de zombaria é encarnado com muita criatividade em Kraus e pontua alguns momentos das outras obras, renovando o que Propp denominou como "comédia de caráter". Já Henri e Valéry são imbuídos principalmente pela comicidade carnavalesca, que, em sua ambiguidade, rebaixa e regenera ao mesmo tempo, conferindo valores positivos ao riso, no qual todos estão incluídos. Tal variedade de concepções e alvos de riso torna-se possível graças ao emprego inovador da forma da paródia, entendida como repetição com diferença (HUTCHEON, 1989) ou como uma dimensão que dialoga com a paráfrase, a apropriação e a estilização (SANT'ANNA, 2006). Concluímos que a comicidade veiculada pelos "senhores" é significativa tanto em termos de um novo paradigma para a literatura portuguesa, que universaliza os temas anteriores sem esquecê-los ou menosprezá-los, uma vez que são de uma relevância ímpar para a cultura e o imaginário atual do país; quanto para o cenário mundial da chamada "cultura do lixo", conforme postulada por Zygmunt Bauman (2005), na qual os sujeitos consomem cada vez mais para escapar à ideia de finitude. Encontramos uma dimensão de resistência a essa cultura, à exclusão e ao refugo, por meio da expressão do riso e das paixões e manias peculiares dos personagens, que representam, de alguma forma, a permanência e a infinitude. Torna-se oportuno, ainda, ressaltar que entendemos essa permanência não como algo monolítico, mantendo-se o potencial de diversidade e multiplicidade que costuma ser encarnado pelo riso. / This study intends to analyze the various conceptions of humor and laughter involved in the works of the series The Neighborhood of Gonçalo M. Tavares, specifically O Senhor Henri, O Senhor Valéry and O Senhor Kraus. Tavares is the author of the new generation of Portuguese literature that has puzzled the critics for his rich production, his sharp, precise, style and his discussion of themes that seems to go beyond the broad reflection on the Portuguese identity and post-colonialism that guided the last decades for the writers of Portugal. In the cycle of works discussed, the characters, which carry the name of canonical authors and represent something of the spirit of them, of what it's said about them, interact with their "neighbors" and talk about their peculiar worldviews, prompting laughter in the several passages. However, it is a multifaceted laugh, sometimes subtle and full of strangeness. We believe that there are two fundamental attitudes which define two main types of laughter, laugh at and laugh with. The first is the mockery laughter, which was defined more clearly by Vladimir Propp (1992), and the second is the carnivalesque comic, theorized by Mikhail Bakhtin (1987). We find that the mockery laughter is very creatively worked in Kraus and marks the other works sometimes, renewing what Propp named as "comedy of character." Valéry and Henri are imbued mainly by carnivalesque comic, which, in its ambiguity, degrades and regenerates at the same time, giving positive values to laughter, in which everyone is included. This variety of conceptions and targets of laughter becomes possible through the innovative use of the form of parody, understood as repetition with difference (HUTCHEON, 1989) or as a dimension that dialogues with paraphrase, appropriation and stylization (SANT'ANNA, 2006). The conclusion is that the comic expressed by the characters is significant both in terms of a new paradigm for Portuguese literature, which makes more universal the prior themes without forget or disregard them, since it has a unique relevance to the culture and imagery current of the country; as for the scene of the " waste culture", as postulated by Zygmunt Bauman (2005), in which subjects consume more to escape the idea of finitude. We found a dimension of resistance to this culture, to the exclusion and the redundancy by means of the expression of laughter and peculiar passions and mannerisms of the characters, which represent, to some extent, continuity and infinity. We also emphasize that we don't understand continuity as something monolithic, while the potential for diversity and variety that is usually part of laughter remains.
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Passeando entre a comicidade, a paródia e o estranhamento : o riso na série O Bairro, de Gonçalo TavaresWetmann, Ariadne Leal January 2009 (has links)
O presente trabalho tem por objetivo analisar as diversas concepções de comicidade e riso envolvidas nas obras da série O Bairro, de Gonçalo M. Tavares, especificamente O Senhor Henri, O Senhor Valéry e O Senhor Kraus. Tavares é um autor da nova geração da literatura portuguesa que tem intrigado a crítica por sua produção fecunda, seu estilo enxuto e sua temática que parece ir além da reflexão ampla sobre a identidade portuguesa e o pós-colonialismo. No ciclo de obras abordado, os personagens, que carregam o nome de autores canônicos e representam algo do espírito deles, do que se fala sobre eles, interagem com seus "vizinhos" e lhes falam sobre suas visões de mundo peculiares, suscitando o riso em várias passagens. Entretanto, trata-se de um riso multifacetado, por vezes sutil e pleno em estranhamento. Entendemos que existem duas atitudes fundamentais que definem dois principais tipos de riso: o rir de e o rir com. O primeiro é o riso de zombaria, que foi definido com maior clareza por Vladímir Propp (1992), e o segundo constitui a comicidade carnavalesca, teorizada por Mikhail Bakhtin (1987). Verificamos que o riso de zombaria é encarnado com muita criatividade em Kraus e pontua alguns momentos das outras obras, renovando o que Propp denominou como "comédia de caráter". Já Henri e Valéry são imbuídos principalmente pela comicidade carnavalesca, que, em sua ambiguidade, rebaixa e regenera ao mesmo tempo, conferindo valores positivos ao riso, no qual todos estão incluídos. Tal variedade de concepções e alvos de riso torna-se possível graças ao emprego inovador da forma da paródia, entendida como repetição com diferença (HUTCHEON, 1989) ou como uma dimensão que dialoga com a paráfrase, a apropriação e a estilização (SANT'ANNA, 2006). Concluímos que a comicidade veiculada pelos "senhores" é significativa tanto em termos de um novo paradigma para a literatura portuguesa, que universaliza os temas anteriores sem esquecê-los ou menosprezá-los, uma vez que são de uma relevância ímpar para a cultura e o imaginário atual do país; quanto para o cenário mundial da chamada "cultura do lixo", conforme postulada por Zygmunt Bauman (2005), na qual os sujeitos consomem cada vez mais para escapar à ideia de finitude. Encontramos uma dimensão de resistência a essa cultura, à exclusão e ao refugo, por meio da expressão do riso e das paixões e manias peculiares dos personagens, que representam, de alguma forma, a permanência e a infinitude. Torna-se oportuno, ainda, ressaltar que entendemos essa permanência não como algo monolítico, mantendo-se o potencial de diversidade e multiplicidade que costuma ser encarnado pelo riso. / This study intends to analyze the various conceptions of humor and laughter involved in the works of the series The Neighborhood of Gonçalo M. Tavares, specifically O Senhor Henri, O Senhor Valéry and O Senhor Kraus. Tavares is the author of the new generation of Portuguese literature that has puzzled the critics for his rich production, his sharp, precise, style and his discussion of themes that seems to go beyond the broad reflection on the Portuguese identity and post-colonialism that guided the last decades for the writers of Portugal. In the cycle of works discussed, the characters, which carry the name of canonical authors and represent something of the spirit of them, of what it's said about them, interact with their "neighbors" and talk about their peculiar worldviews, prompting laughter in the several passages. However, it is a multifaceted laugh, sometimes subtle and full of strangeness. We believe that there are two fundamental attitudes which define two main types of laughter, laugh at and laugh with. The first is the mockery laughter, which was defined more clearly by Vladimir Propp (1992), and the second is the carnivalesque comic, theorized by Mikhail Bakhtin (1987). We find that the mockery laughter is very creatively worked in Kraus and marks the other works sometimes, renewing what Propp named as "comedy of character." Valéry and Henri are imbued mainly by carnivalesque comic, which, in its ambiguity, degrades and regenerates at the same time, giving positive values to laughter, in which everyone is included. This variety of conceptions and targets of laughter becomes possible through the innovative use of the form of parody, understood as repetition with difference (HUTCHEON, 1989) or as a dimension that dialogues with paraphrase, appropriation and stylization (SANT'ANNA, 2006). The conclusion is that the comic expressed by the characters is significant both in terms of a new paradigm for Portuguese literature, which makes more universal the prior themes without forget or disregard them, since it has a unique relevance to the culture and imagery current of the country; as for the scene of the " waste culture", as postulated by Zygmunt Bauman (2005), in which subjects consume more to escape the idea of finitude. We found a dimension of resistance to this culture, to the exclusion and the redundancy by means of the expression of laughter and peculiar passions and mannerisms of the characters, which represent, to some extent, continuity and infinity. We also emphasize that we don't understand continuity as something monolithic, while the potential for diversity and variety that is usually part of laughter remains.
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Passeando entre a comicidade, a paródia e o estranhamento : o riso na série O Bairro, de Gonçalo TavaresWetmann, Ariadne Leal January 2009 (has links)
O presente trabalho tem por objetivo analisar as diversas concepções de comicidade e riso envolvidas nas obras da série O Bairro, de Gonçalo M. Tavares, especificamente O Senhor Henri, O Senhor Valéry e O Senhor Kraus. Tavares é um autor da nova geração da literatura portuguesa que tem intrigado a crítica por sua produção fecunda, seu estilo enxuto e sua temática que parece ir além da reflexão ampla sobre a identidade portuguesa e o pós-colonialismo. No ciclo de obras abordado, os personagens, que carregam o nome de autores canônicos e representam algo do espírito deles, do que se fala sobre eles, interagem com seus "vizinhos" e lhes falam sobre suas visões de mundo peculiares, suscitando o riso em várias passagens. Entretanto, trata-se de um riso multifacetado, por vezes sutil e pleno em estranhamento. Entendemos que existem duas atitudes fundamentais que definem dois principais tipos de riso: o rir de e o rir com. O primeiro é o riso de zombaria, que foi definido com maior clareza por Vladímir Propp (1992), e o segundo constitui a comicidade carnavalesca, teorizada por Mikhail Bakhtin (1987). Verificamos que o riso de zombaria é encarnado com muita criatividade em Kraus e pontua alguns momentos das outras obras, renovando o que Propp denominou como "comédia de caráter". Já Henri e Valéry são imbuídos principalmente pela comicidade carnavalesca, que, em sua ambiguidade, rebaixa e regenera ao mesmo tempo, conferindo valores positivos ao riso, no qual todos estão incluídos. Tal variedade de concepções e alvos de riso torna-se possível graças ao emprego inovador da forma da paródia, entendida como repetição com diferença (HUTCHEON, 1989) ou como uma dimensão que dialoga com a paráfrase, a apropriação e a estilização (SANT'ANNA, 2006). Concluímos que a comicidade veiculada pelos "senhores" é significativa tanto em termos de um novo paradigma para a literatura portuguesa, que universaliza os temas anteriores sem esquecê-los ou menosprezá-los, uma vez que são de uma relevância ímpar para a cultura e o imaginário atual do país; quanto para o cenário mundial da chamada "cultura do lixo", conforme postulada por Zygmunt Bauman (2005), na qual os sujeitos consomem cada vez mais para escapar à ideia de finitude. Encontramos uma dimensão de resistência a essa cultura, à exclusão e ao refugo, por meio da expressão do riso e das paixões e manias peculiares dos personagens, que representam, de alguma forma, a permanência e a infinitude. Torna-se oportuno, ainda, ressaltar que entendemos essa permanência não como algo monolítico, mantendo-se o potencial de diversidade e multiplicidade que costuma ser encarnado pelo riso. / This study intends to analyze the various conceptions of humor and laughter involved in the works of the series The Neighborhood of Gonçalo M. Tavares, specifically O Senhor Henri, O Senhor Valéry and O Senhor Kraus. Tavares is the author of the new generation of Portuguese literature that has puzzled the critics for his rich production, his sharp, precise, style and his discussion of themes that seems to go beyond the broad reflection on the Portuguese identity and post-colonialism that guided the last decades for the writers of Portugal. In the cycle of works discussed, the characters, which carry the name of canonical authors and represent something of the spirit of them, of what it's said about them, interact with their "neighbors" and talk about their peculiar worldviews, prompting laughter in the several passages. However, it is a multifaceted laugh, sometimes subtle and full of strangeness. We believe that there are two fundamental attitudes which define two main types of laughter, laugh at and laugh with. The first is the mockery laughter, which was defined more clearly by Vladimir Propp (1992), and the second is the carnivalesque comic, theorized by Mikhail Bakhtin (1987). We find that the mockery laughter is very creatively worked in Kraus and marks the other works sometimes, renewing what Propp named as "comedy of character." Valéry and Henri are imbued mainly by carnivalesque comic, which, in its ambiguity, degrades and regenerates at the same time, giving positive values to laughter, in which everyone is included. This variety of conceptions and targets of laughter becomes possible through the innovative use of the form of parody, understood as repetition with difference (HUTCHEON, 1989) or as a dimension that dialogues with paraphrase, appropriation and stylization (SANT'ANNA, 2006). The conclusion is that the comic expressed by the characters is significant both in terms of a new paradigm for Portuguese literature, which makes more universal the prior themes without forget or disregard them, since it has a unique relevance to the culture and imagery current of the country; as for the scene of the " waste culture", as postulated by Zygmunt Bauman (2005), in which subjects consume more to escape the idea of finitude. We found a dimension of resistance to this culture, to the exclusion and the redundancy by means of the expression of laughter and peculiar passions and mannerisms of the characters, which represent, to some extent, continuity and infinity. We also emphasize that we don't understand continuity as something monolithic, while the potential for diversity and variety that is usually part of laughter remains.
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Diálogo de titãs : uma leitura de O reino, de Gonçalo M. Tavares, a partir de conceitos de Nietzsche, Freud e FoucaultBrito, Sandra Beatriz Salenave de January 2018 (has links)
Gonçalo M. Tavares é um nome de destaque da literatura escrita em Língua Portuguesa no século XXI. Reconhecido pela crítica literária pela variedade e qualidade de seus textos, tem como um dos elementos mais relevantes em sua ficção o caráter filosófico com que analisa o indivíduo e a sociedade. O centro deste trabalho é O Reino, uma tetralogia composta por Um Homem: Klaus Klump, A Máquina de Joseph Walser, Jerusalém e Aprender a Rezar na Era da Técnica. São obras marcadas pelo peso da guerra, que, mais do que um fato histórico, representam um contexto político e social de estagnação e revelador das assombrações do lado mais obscuro da humanidade. A série propõe um constante estranhamento causado pela oscilação entre júbilo e desgosto num cenário cruel e hostil, questionando os possíveis limites entre sofrimento e sobrevivência, civilização e barbárie, físico e psíquico, científico e espiritual, racional e emocional, moral e amoral, forte e fraco, homem e mulher, eu e outro, bem e mal. Na tentativa de compreender esse universo caótico, o aporte teórico retoma conceitos de Freud, Nietzsche e Foucault, pois o que aproxima esses “titãs” é a incansável busca pela profundidade da compreensão, que passa pela linguagem, que nunca é neutra. A escolha para esta abordagem crítica foi baseada nas “pistas” deixadas pelo próprio Tavares em outras de suas obras. Esses pensadores, assim como Gonçalo Tavares, buscaram refletir sobre a natureza humana e inauguraram uma forma de percepção filosófica ou sociológica do componente mais agressivo dos indivíduos. Por esse motivo, analisar a série tavariana, a partir dessa linha filosófica e social, contribui para o entendimento da pretensa racionalidade que tenta esconder uma animalidade oculta. Dessa forma, a atual pesquisa centra-se no debate sobre esta “multiplicidade humana”, que, conforme as ações das personagens evidenciam, abrange a construção de uma individualidade e a idealização de uma coletividade, a qual parece não se efetivar, uma vez que as relações entre “eu” e “outro” estão marcadas constantemente pelo egoísmo, pela dominação e pela divergência. / Gonçalo M. Tavares es un nombre destacado de la literatura escrita en portugués en pleno siglo XXI. Reconocido por la crítica literaria por la variedad y calidad de sus textos, tiene como uno de los elementos más relevantes en su ficción el carácter filosófico con que analiza el individuo y la sociedad. El centro de este trabajo es El Reino, una tetralogía compuesta por Un hombre Klaus Klump, La máquina de Joseph Walser, Jerusalén y Aprender a Rezar en la Era de la Técnica. Son obras marcadas por el peso de la guerra, que, más que un hecho histórico, representa un contexto político y social de estancamiento y revelador de las asombraciones del lado más oscuro de la humanidad. La serie propone un constante extrañamiento causado por la oscilación entre júbilo y disgusto en un escenario cruel y hostil, cuestionando los posibles límites entre sufrimiento y supervivencia, civilización y barbarie, físico y psíquico, científico y espiritual, racional y emocional, moral y amoral, fuerte y fuerte, débil, hombre y mujer, yo y otro, bien y mal. En el intento de comprender este universo caótico, el aporte teórico retoma conceptos de Freud, Nietzsche y Foucault, pues lo que acerca a esos "titanes" es la incansable búsqueda por la profundidad de la comprensión, que pasa por el lenguaje, que nunca es neutro. La elección para este enfoque crítico fue basada en las "pistas" dejadas por el propio Tavares en otras de sus obras. Estos pensadores, así como Gonçalo Tavares, buscaron reflexionar sobre la naturaleza humana e inauguraron una forma de percepción filosófica o sociológica del componente más agresivo de los individuos. Por este motivo, analizar la serie tavariana, a partir de este línea filosófica y social, contribuye al entendimiento de la pretendida racionalidad que intenta ocultar una animalidad oculta. De esta forma, la actual investigación se centra en el debate sobre esta "multiplicidad humana", que, según las acciones de los personajes evidencian, abarca la construcción de una individualidad y la idealización de una colectividad, la cual parece no realizarse, una vez que las relaciones entre "yo" y "otro" están marcadas constantemente por el egoísmo, la dominación y la divergencia.
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Rumos épicos : a arquitetura intertextual de Uma viagem à Índia, de Gonçalo M. TavaresGatteli, Vanessa Hack January 2016 (has links)
Essa dissertação trata da intertextualidade na obra Uma Viagem à Índia (2010), de Gonçalo M. Tavares, com narrativas e personagens épicos da Literatura Universal, desde Homero até a contemporaneidade. O objetivo é descobrir como a epopeia, um gênero literário em desuso, funciona no século XXI. Também investigo o protagonista do poema narrativo não consegue se libertar de seu passado e o de sua pátria, mesmo buscando tanto por “sabedoria e esquecimento”. Diferente da metaficção historiográfica, termo cunhado por Linda Hutcheon para apontar uma tendência da literatura pós-modernista, a epopeia de Tavares não consegue se redimir do seu passado. Por meio de uma pesquisa teórica da epopeia, a dissertação analisa o gênero épico a partir de autores como Hansen (2008) e Staiger (1997). As definições teóricas são cruzadas com obras de diferentes épocas, como a Ilíada (2011), a Odisseia (2014), Os Lusíadas (2002), Ulysses (2000), dentre outros, sempre tendo em vista o diálogo com a obra Uma Viagem à Índia. O paralelo com a arquitetura também é uma constante, já que teóricos como Hutcheon (1988) e Jameson (1997) usaram-na para teorizar sobre o pós-modernismo. Uma Viagem à Índia, sendo uma obra pós-modernista, aqui é comparada à arquitetura de motéis de algumas cidades brasileiras, cujo visual – deslocado na geografia e no tempo – não é apenas anacrônico, mas também artificial, assim como a epopeia no século XXI. O episódio da “Ilha dos Amores” é analisado em uma leitura mais próxima ao texto, feita com embasamento na obra O Erotismo (2013), de Bataille, e permeada por diferentes intertextos. Por fim, após todo esse cruzamento de intertextos, o conceito de pós-humanismo de Sloterdijk (2010) se mostra como chave para uma possível compreensão do porquê a obra de Tavares não tenta “reescrever” o passado como a metaficção historiográfica: em um mundo pós-humanista, onde já se sabe que o próprio homem também é culpado das atrocidades que lhe acometem, resgatar vozes silenciadas por meio de obras metaficcionais talvez não faça mais sentido. / This study addresses intertextuality in the work Uma Viagem à Índia [A Trip to India] (2010), by Gonçalo M. Tavares, with epic narratives and characters of Universal Literature, from Homer to contemporary times. The objective is to find out how epic, a literary genre that fell into disuse, works in the 21st century. I also investigate the protagonist of the narrative poem, who is not able to break free from his past and the past of his homeland, despite his extensive search for "wisdom and oblivion". Unlike historiographic metafiction, term coined by Linda Hutcheon to point to a trend of postmodern literature, Tavares' epic is not able to redeem itself from its past. Through a theoretical research of epic, the paper analyzes this genre from authors such as Hansen (2008) and Staiger (1997). The theoretical definitions are contrasted with works from different periods, such as the Iliad (2011), the Odyssey (2014), The Lusiads (2002), and Ulysses (2000), among others, always considering the dialogue with the work Uma Viagem à Índia. The parallel with architecture is also constant, since theorists such as Hutcheon (1988) and Jameson (1997) used it to theorize about postmodernism. Considering that it is a postmodern work, here Uma Viagem à Índia is compared to traits of epic in texts of the 21st century and to the architecture of love hotels of some Brazilian cities, whose aspect, geographically and chronologically displaced, is not only anachronistic but also artificial. The episode named "Ilha dos Amores" [Island of Loves] is analyzed with a reading that is closer to the text, based in the work Eroticism (2013), by Bataille, and permeated by different intertexts. Finally, after all this intersection of intertexts, Sloterdijk's (2010) concept of posthumanism is featured as key to a possible understanding of why Tavares' work does not try to "rewrite" the past as historiographic metafiction: in a posthumanist world, where humans themselves are known to also be guilty of the atrocities that affect them, rescuing voices that are silenced through metafictional works may not make much sense anymore.
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Diálogo de titãs : uma leitura de O reino, de Gonçalo M. Tavares, a partir de conceitos de Nietzsche, Freud e FoucaultBrito, Sandra Beatriz Salenave de January 2018 (has links)
Gonçalo M. Tavares é um nome de destaque da literatura escrita em Língua Portuguesa no século XXI. Reconhecido pela crítica literária pela variedade e qualidade de seus textos, tem como um dos elementos mais relevantes em sua ficção o caráter filosófico com que analisa o indivíduo e a sociedade. O centro deste trabalho é O Reino, uma tetralogia composta por Um Homem: Klaus Klump, A Máquina de Joseph Walser, Jerusalém e Aprender a Rezar na Era da Técnica. São obras marcadas pelo peso da guerra, que, mais do que um fato histórico, representam um contexto político e social de estagnação e revelador das assombrações do lado mais obscuro da humanidade. A série propõe um constante estranhamento causado pela oscilação entre júbilo e desgosto num cenário cruel e hostil, questionando os possíveis limites entre sofrimento e sobrevivência, civilização e barbárie, físico e psíquico, científico e espiritual, racional e emocional, moral e amoral, forte e fraco, homem e mulher, eu e outro, bem e mal. Na tentativa de compreender esse universo caótico, o aporte teórico retoma conceitos de Freud, Nietzsche e Foucault, pois o que aproxima esses “titãs” é a incansável busca pela profundidade da compreensão, que passa pela linguagem, que nunca é neutra. A escolha para esta abordagem crítica foi baseada nas “pistas” deixadas pelo próprio Tavares em outras de suas obras. Esses pensadores, assim como Gonçalo Tavares, buscaram refletir sobre a natureza humana e inauguraram uma forma de percepção filosófica ou sociológica do componente mais agressivo dos indivíduos. Por esse motivo, analisar a série tavariana, a partir dessa linha filosófica e social, contribui para o entendimento da pretensa racionalidade que tenta esconder uma animalidade oculta. Dessa forma, a atual pesquisa centra-se no debate sobre esta “multiplicidade humana”, que, conforme as ações das personagens evidenciam, abrange a construção de uma individualidade e a idealização de uma coletividade, a qual parece não se efetivar, uma vez que as relações entre “eu” e “outro” estão marcadas constantemente pelo egoísmo, pela dominação e pela divergência. / Gonçalo M. Tavares es un nombre destacado de la literatura escrita en portugués en pleno siglo XXI. Reconocido por la crítica literaria por la variedad y calidad de sus textos, tiene como uno de los elementos más relevantes en su ficción el carácter filosófico con que analiza el individuo y la sociedad. El centro de este trabajo es El Reino, una tetralogía compuesta por Un hombre Klaus Klump, La máquina de Joseph Walser, Jerusalén y Aprender a Rezar en la Era de la Técnica. Son obras marcadas por el peso de la guerra, que, más que un hecho histórico, representa un contexto político y social de estancamiento y revelador de las asombraciones del lado más oscuro de la humanidad. La serie propone un constante extrañamiento causado por la oscilación entre júbilo y disgusto en un escenario cruel y hostil, cuestionando los posibles límites entre sufrimiento y supervivencia, civilización y barbarie, físico y psíquico, científico y espiritual, racional y emocional, moral y amoral, fuerte y fuerte, débil, hombre y mujer, yo y otro, bien y mal. En el intento de comprender este universo caótico, el aporte teórico retoma conceptos de Freud, Nietzsche y Foucault, pues lo que acerca a esos "titanes" es la incansable búsqueda por la profundidad de la comprensión, que pasa por el lenguaje, que nunca es neutro. La elección para este enfoque crítico fue basada en las "pistas" dejadas por el propio Tavares en otras de sus obras. Estos pensadores, así como Gonçalo Tavares, buscaron reflexionar sobre la naturaleza humana e inauguraron una forma de percepción filosófica o sociológica del componente más agresivo de los individuos. Por este motivo, analizar la serie tavariana, a partir de este línea filosófica y social, contribuye al entendimiento de la pretendida racionalidad que intenta ocultar una animalidad oculta. De esta forma, la actual investigación se centra en el debate sobre esta "multiplicidad humana", que, según las acciones de los personajes evidencian, abarca la construcción de una individualidad y la idealización de una colectividad, la cual parece no realizarse, una vez que las relaciones entre "yo" y "otro" están marcadas constantemente por el egoísmo, la dominación y la divergencia.
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Rumos épicos : a arquitetura intertextual de Uma viagem à Índia, de Gonçalo M. TavaresGatteli, Vanessa Hack January 2016 (has links)
Essa dissertação trata da intertextualidade na obra Uma Viagem à Índia (2010), de Gonçalo M. Tavares, com narrativas e personagens épicos da Literatura Universal, desde Homero até a contemporaneidade. O objetivo é descobrir como a epopeia, um gênero literário em desuso, funciona no século XXI. Também investigo o protagonista do poema narrativo não consegue se libertar de seu passado e o de sua pátria, mesmo buscando tanto por “sabedoria e esquecimento”. Diferente da metaficção historiográfica, termo cunhado por Linda Hutcheon para apontar uma tendência da literatura pós-modernista, a epopeia de Tavares não consegue se redimir do seu passado. Por meio de uma pesquisa teórica da epopeia, a dissertação analisa o gênero épico a partir de autores como Hansen (2008) e Staiger (1997). As definições teóricas são cruzadas com obras de diferentes épocas, como a Ilíada (2011), a Odisseia (2014), Os Lusíadas (2002), Ulysses (2000), dentre outros, sempre tendo em vista o diálogo com a obra Uma Viagem à Índia. O paralelo com a arquitetura também é uma constante, já que teóricos como Hutcheon (1988) e Jameson (1997) usaram-na para teorizar sobre o pós-modernismo. Uma Viagem à Índia, sendo uma obra pós-modernista, aqui é comparada à arquitetura de motéis de algumas cidades brasileiras, cujo visual – deslocado na geografia e no tempo – não é apenas anacrônico, mas também artificial, assim como a epopeia no século XXI. O episódio da “Ilha dos Amores” é analisado em uma leitura mais próxima ao texto, feita com embasamento na obra O Erotismo (2013), de Bataille, e permeada por diferentes intertextos. Por fim, após todo esse cruzamento de intertextos, o conceito de pós-humanismo de Sloterdijk (2010) se mostra como chave para uma possível compreensão do porquê a obra de Tavares não tenta “reescrever” o passado como a metaficção historiográfica: em um mundo pós-humanista, onde já se sabe que o próprio homem também é culpado das atrocidades que lhe acometem, resgatar vozes silenciadas por meio de obras metaficcionais talvez não faça mais sentido. / This study addresses intertextuality in the work Uma Viagem à Índia [A Trip to India] (2010), by Gonçalo M. Tavares, with epic narratives and characters of Universal Literature, from Homer to contemporary times. The objective is to find out how epic, a literary genre that fell into disuse, works in the 21st century. I also investigate the protagonist of the narrative poem, who is not able to break free from his past and the past of his homeland, despite his extensive search for "wisdom and oblivion". Unlike historiographic metafiction, term coined by Linda Hutcheon to point to a trend of postmodern literature, Tavares' epic is not able to redeem itself from its past. Through a theoretical research of epic, the paper analyzes this genre from authors such as Hansen (2008) and Staiger (1997). The theoretical definitions are contrasted with works from different periods, such as the Iliad (2011), the Odyssey (2014), The Lusiads (2002), and Ulysses (2000), among others, always considering the dialogue with the work Uma Viagem à Índia. The parallel with architecture is also constant, since theorists such as Hutcheon (1988) and Jameson (1997) used it to theorize about postmodernism. Considering that it is a postmodern work, here Uma Viagem à Índia is compared to traits of epic in texts of the 21st century and to the architecture of love hotels of some Brazilian cities, whose aspect, geographically and chronologically displaced, is not only anachronistic but also artificial. The episode named "Ilha dos Amores" [Island of Loves] is analyzed with a reading that is closer to the text, based in the work Eroticism (2013), by Bataille, and permeated by different intertexts. Finally, after all this intersection of intertexts, Sloterdijk's (2010) concept of posthumanism is featured as key to a possible understanding of why Tavares' work does not try to "rewrite" the past as historiographic metafiction: in a posthumanist world, where humans themselves are known to also be guilty of the atrocities that affect them, rescuing voices that are silenced through metafictional works may not make much sense anymore.
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