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Rumos épicos : a arquitetura intertextual de Uma viagem à Índia, de Gonçalo M. TavaresGatteli, Vanessa Hack January 2016 (has links)
Essa dissertação trata da intertextualidade na obra Uma Viagem à Índia (2010), de Gonçalo M. Tavares, com narrativas e personagens épicos da Literatura Universal, desde Homero até a contemporaneidade. O objetivo é descobrir como a epopeia, um gênero literário em desuso, funciona no século XXI. Também investigo o protagonista do poema narrativo não consegue se libertar de seu passado e o de sua pátria, mesmo buscando tanto por “sabedoria e esquecimento”. Diferente da metaficção historiográfica, termo cunhado por Linda Hutcheon para apontar uma tendência da literatura pós-modernista, a epopeia de Tavares não consegue se redimir do seu passado. Por meio de uma pesquisa teórica da epopeia, a dissertação analisa o gênero épico a partir de autores como Hansen (2008) e Staiger (1997). As definições teóricas são cruzadas com obras de diferentes épocas, como a Ilíada (2011), a Odisseia (2014), Os Lusíadas (2002), Ulysses (2000), dentre outros, sempre tendo em vista o diálogo com a obra Uma Viagem à Índia. O paralelo com a arquitetura também é uma constante, já que teóricos como Hutcheon (1988) e Jameson (1997) usaram-na para teorizar sobre o pós-modernismo. Uma Viagem à Índia, sendo uma obra pós-modernista, aqui é comparada à arquitetura de motéis de algumas cidades brasileiras, cujo visual – deslocado na geografia e no tempo – não é apenas anacrônico, mas também artificial, assim como a epopeia no século XXI. O episódio da “Ilha dos Amores” é analisado em uma leitura mais próxima ao texto, feita com embasamento na obra O Erotismo (2013), de Bataille, e permeada por diferentes intertextos. Por fim, após todo esse cruzamento de intertextos, o conceito de pós-humanismo de Sloterdijk (2010) se mostra como chave para uma possível compreensão do porquê a obra de Tavares não tenta “reescrever” o passado como a metaficção historiográfica: em um mundo pós-humanista, onde já se sabe que o próprio homem também é culpado das atrocidades que lhe acometem, resgatar vozes silenciadas por meio de obras metaficcionais talvez não faça mais sentido. / This study addresses intertextuality in the work Uma Viagem à Índia [A Trip to India] (2010), by Gonçalo M. Tavares, with epic narratives and characters of Universal Literature, from Homer to contemporary times. The objective is to find out how epic, a literary genre that fell into disuse, works in the 21st century. I also investigate the protagonist of the narrative poem, who is not able to break free from his past and the past of his homeland, despite his extensive search for "wisdom and oblivion". Unlike historiographic metafiction, term coined by Linda Hutcheon to point to a trend of postmodern literature, Tavares' epic is not able to redeem itself from its past. Through a theoretical research of epic, the paper analyzes this genre from authors such as Hansen (2008) and Staiger (1997). The theoretical definitions are contrasted with works from different periods, such as the Iliad (2011), the Odyssey (2014), The Lusiads (2002), and Ulysses (2000), among others, always considering the dialogue with the work Uma Viagem à Índia. The parallel with architecture is also constant, since theorists such as Hutcheon (1988) and Jameson (1997) used it to theorize about postmodernism. Considering that it is a postmodern work, here Uma Viagem à Índia is compared to traits of epic in texts of the 21st century and to the architecture of love hotels of some Brazilian cities, whose aspect, geographically and chronologically displaced, is not only anachronistic but also artificial. The episode named "Ilha dos Amores" [Island of Loves] is analyzed with a reading that is closer to the text, based in the work Eroticism (2013), by Bataille, and permeated by different intertexts. Finally, after all this intersection of intertexts, Sloterdijk's (2010) concept of posthumanism is featured as key to a possible understanding of why Tavares' work does not try to "rewrite" the past as historiographic metafiction: in a posthumanist world, where humans themselves are known to also be guilty of the atrocities that affect them, rescuing voices that are silenced through metafictional works may not make much sense anymore.
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Rumos épicos : a arquitetura intertextual de Uma viagem à Índia, de Gonçalo M. TavaresGatteli, Vanessa Hack January 2016 (has links)
Essa dissertação trata da intertextualidade na obra Uma Viagem à Índia (2010), de Gonçalo M. Tavares, com narrativas e personagens épicos da Literatura Universal, desde Homero até a contemporaneidade. O objetivo é descobrir como a epopeia, um gênero literário em desuso, funciona no século XXI. Também investigo o protagonista do poema narrativo não consegue se libertar de seu passado e o de sua pátria, mesmo buscando tanto por “sabedoria e esquecimento”. Diferente da metaficção historiográfica, termo cunhado por Linda Hutcheon para apontar uma tendência da literatura pós-modernista, a epopeia de Tavares não consegue se redimir do seu passado. Por meio de uma pesquisa teórica da epopeia, a dissertação analisa o gênero épico a partir de autores como Hansen (2008) e Staiger (1997). As definições teóricas são cruzadas com obras de diferentes épocas, como a Ilíada (2011), a Odisseia (2014), Os Lusíadas (2002), Ulysses (2000), dentre outros, sempre tendo em vista o diálogo com a obra Uma Viagem à Índia. O paralelo com a arquitetura também é uma constante, já que teóricos como Hutcheon (1988) e Jameson (1997) usaram-na para teorizar sobre o pós-modernismo. Uma Viagem à Índia, sendo uma obra pós-modernista, aqui é comparada à arquitetura de motéis de algumas cidades brasileiras, cujo visual – deslocado na geografia e no tempo – não é apenas anacrônico, mas também artificial, assim como a epopeia no século XXI. O episódio da “Ilha dos Amores” é analisado em uma leitura mais próxima ao texto, feita com embasamento na obra O Erotismo (2013), de Bataille, e permeada por diferentes intertextos. Por fim, após todo esse cruzamento de intertextos, o conceito de pós-humanismo de Sloterdijk (2010) se mostra como chave para uma possível compreensão do porquê a obra de Tavares não tenta “reescrever” o passado como a metaficção historiográfica: em um mundo pós-humanista, onde já se sabe que o próprio homem também é culpado das atrocidades que lhe acometem, resgatar vozes silenciadas por meio de obras metaficcionais talvez não faça mais sentido. / This study addresses intertextuality in the work Uma Viagem à Índia [A Trip to India] (2010), by Gonçalo M. Tavares, with epic narratives and characters of Universal Literature, from Homer to contemporary times. The objective is to find out how epic, a literary genre that fell into disuse, works in the 21st century. I also investigate the protagonist of the narrative poem, who is not able to break free from his past and the past of his homeland, despite his extensive search for "wisdom and oblivion". Unlike historiographic metafiction, term coined by Linda Hutcheon to point to a trend of postmodern literature, Tavares' epic is not able to redeem itself from its past. Through a theoretical research of epic, the paper analyzes this genre from authors such as Hansen (2008) and Staiger (1997). The theoretical definitions are contrasted with works from different periods, such as the Iliad (2011), the Odyssey (2014), The Lusiads (2002), and Ulysses (2000), among others, always considering the dialogue with the work Uma Viagem à Índia. The parallel with architecture is also constant, since theorists such as Hutcheon (1988) and Jameson (1997) used it to theorize about postmodernism. Considering that it is a postmodern work, here Uma Viagem à Índia is compared to traits of epic in texts of the 21st century and to the architecture of love hotels of some Brazilian cities, whose aspect, geographically and chronologically displaced, is not only anachronistic but also artificial. The episode named "Ilha dos Amores" [Island of Loves] is analyzed with a reading that is closer to the text, based in the work Eroticism (2013), by Bataille, and permeated by different intertexts. Finally, after all this intersection of intertexts, Sloterdijk's (2010) concept of posthumanism is featured as key to a possible understanding of why Tavares' work does not try to "rewrite" the past as historiographic metafiction: in a posthumanist world, where humans themselves are known to also be guilty of the atrocities that affect them, rescuing voices that are silenced through metafictional works may not make much sense anymore.
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Rumos épicos : a arquitetura intertextual de Uma viagem à Índia, de Gonçalo M. TavaresGatteli, Vanessa Hack January 2016 (has links)
Essa dissertação trata da intertextualidade na obra Uma Viagem à Índia (2010), de Gonçalo M. Tavares, com narrativas e personagens épicos da Literatura Universal, desde Homero até a contemporaneidade. O objetivo é descobrir como a epopeia, um gênero literário em desuso, funciona no século XXI. Também investigo o protagonista do poema narrativo não consegue se libertar de seu passado e o de sua pátria, mesmo buscando tanto por “sabedoria e esquecimento”. Diferente da metaficção historiográfica, termo cunhado por Linda Hutcheon para apontar uma tendência da literatura pós-modernista, a epopeia de Tavares não consegue se redimir do seu passado. Por meio de uma pesquisa teórica da epopeia, a dissertação analisa o gênero épico a partir de autores como Hansen (2008) e Staiger (1997). As definições teóricas são cruzadas com obras de diferentes épocas, como a Ilíada (2011), a Odisseia (2014), Os Lusíadas (2002), Ulysses (2000), dentre outros, sempre tendo em vista o diálogo com a obra Uma Viagem à Índia. O paralelo com a arquitetura também é uma constante, já que teóricos como Hutcheon (1988) e Jameson (1997) usaram-na para teorizar sobre o pós-modernismo. Uma Viagem à Índia, sendo uma obra pós-modernista, aqui é comparada à arquitetura de motéis de algumas cidades brasileiras, cujo visual – deslocado na geografia e no tempo – não é apenas anacrônico, mas também artificial, assim como a epopeia no século XXI. O episódio da “Ilha dos Amores” é analisado em uma leitura mais próxima ao texto, feita com embasamento na obra O Erotismo (2013), de Bataille, e permeada por diferentes intertextos. Por fim, após todo esse cruzamento de intertextos, o conceito de pós-humanismo de Sloterdijk (2010) se mostra como chave para uma possível compreensão do porquê a obra de Tavares não tenta “reescrever” o passado como a metaficção historiográfica: em um mundo pós-humanista, onde já se sabe que o próprio homem também é culpado das atrocidades que lhe acometem, resgatar vozes silenciadas por meio de obras metaficcionais talvez não faça mais sentido. / This study addresses intertextuality in the work Uma Viagem à Índia [A Trip to India] (2010), by Gonçalo M. Tavares, with epic narratives and characters of Universal Literature, from Homer to contemporary times. The objective is to find out how epic, a literary genre that fell into disuse, works in the 21st century. I also investigate the protagonist of the narrative poem, who is not able to break free from his past and the past of his homeland, despite his extensive search for "wisdom and oblivion". Unlike historiographic metafiction, term coined by Linda Hutcheon to point to a trend of postmodern literature, Tavares' epic is not able to redeem itself from its past. Through a theoretical research of epic, the paper analyzes this genre from authors such as Hansen (2008) and Staiger (1997). The theoretical definitions are contrasted with works from different periods, such as the Iliad (2011), the Odyssey (2014), The Lusiads (2002), and Ulysses (2000), among others, always considering the dialogue with the work Uma Viagem à Índia. The parallel with architecture is also constant, since theorists such as Hutcheon (1988) and Jameson (1997) used it to theorize about postmodernism. Considering that it is a postmodern work, here Uma Viagem à Índia is compared to traits of epic in texts of the 21st century and to the architecture of love hotels of some Brazilian cities, whose aspect, geographically and chronologically displaced, is not only anachronistic but also artificial. The episode named "Ilha dos Amores" [Island of Loves] is analyzed with a reading that is closer to the text, based in the work Eroticism (2013), by Bataille, and permeated by different intertexts. Finally, after all this intersection of intertexts, Sloterdijk's (2010) concept of posthumanism is featured as key to a possible understanding of why Tavares' work does not try to "rewrite" the past as historiographic metafiction: in a posthumanist world, where humans themselves are known to also be guilty of the atrocities that affect them, rescuing voices that are silenced through metafictional works may not make much sense anymore.
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