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Corporeizar : acompanhar o problema do adoecimento das professoras a partir de uma intervenção ético-afectiva em grupos

Neste trabalho, embasando-nos na Filosofia da Imanência de Deleuze e Guattari, estivemos problematizando o corpo e seu posicionamento estratégico na produção de modos de vida – ética – no campo da Educação. Para tanto, partimos de duas grandes linhas de composição: o problema do constante adoecimento dos professores da rede municipal de ensino e a experiência que tivemos de uma intervenção prática, realizada junto a três grupos de professoras de uma escola municipal de Porto Alegre. Nesta experiência, tomamos contato com os problemas mais cotidianos e concretos vividos pelas professoras em seu trabalho como educadoras. Com o compromisso de, junto com as professoras dos grupos, construirmos novas possibilidades para os impasses do cotidiano, buscamos criar um território produtivo e de ação concreta para uma Psicologia da Imanência na Educação. Foi um trabalho realizado a partir de um projeto enviado à Secretaria Municipal de Educação, reivindicado pelas próprias professoras. Assim, nós nos propusemos a explorar o problema do corpo, conceituando-o como produção intensa de éticas. Analisamos os modos segundo os quais o capitalismo produz corpos e formas de vida no espaço micropolítico da escola, bem como questionamos a abordagem orgânica e médica do problema do adoecimento dos professores. Buscamos produzir, junto com as professoras, uma micropolítica dos encontros entre os corpos, tecemos uma superfície de sensibilidade e ação voltada para os devires e as possibilidades insuspeitas. Entramos constantemente em contato com questões relacionadas à bagunça dos alunos, às dificuldades docentes de despertarem o interesse das crianças para as aulas, à pobreza da comunidade em que está inserida a escola, à violência vivida diariamente pelos alunos em contato com o comércio de drogas, às violências silenciosas sentidas mesmo entre as professoras nas relações institucionais, às dificuldades de aprendizagem e ao excesso de demandas sociais que recaem sobre a escola, especialmente sobre o trabalho do professor. Mas, como nossa questão foi o corpo, o que mais nos interessou nos encontros com os grupos foram os afectos, ou seja, as formas de sentir, perceber, agir e se sensibilizar com o cotidiano vivido na escola. O interesse pelos afectos foi, para nós, o interesse pelos modos segundo os quais os corpos podem ser potentes ou impotentes, potentes ou poderosos. Querer os afectos por perto foi querer estar ao lado das professoras, acompanhando-as naquilo que se expressa em seus corpos, sejam as dores dos adoecimentos, sejam as aflições com a violência, sejam ainda, os abraços dos alunos. Deparamo-nos com uma miríade de sensações que as professoras traziam de seu dia-a-dia e que, muitas vezes, não encontravam espaço de expressão e, principalmente, transformação. É sobre a possibilidade concreta de transformação da realidade a partir da concomitante transformação dos modos de sentir e perceber, que falamos neste trabalho. O corpo foi, por isso, nosso ponto de início e de desdobramento, já que nossa intervenção junto às professoras e nossa análise do adoecimento dos professores tiveram como substrato as matérias de expressão, as éticas e as potências produzidas nos encontros entre os corpos. / This dissertation, based on Deleuze e Guattari’s Philosophy of Immanence, has approached the issue of the body and its strategic position in the production of ways of life – ethics – in the Education arena. In order to do so, we have considered two large focus areas: the public school teachers’ recurring health problems and the experience we have had when we worked with three groups of teachers in a public school in Porto Alegre. In this experience, we have come across ordinary and concrete issues that these teachers usually face in their work as educators. With the commitment to create, with the teachers of the groups, new possibilities of action to deal with daily situations, we have tried to find an area for concrete action in Psychology of Immanence in Education. This work has been based on a Project sent to the City Secretary of Education, requested by the teachers themselves. We have been able to explore matters concerning the body, considering it as intense production of ethical practices. We have analyzed how capitalism has produced bodies and new ways of living in the micropolitical space of the school. We have also questioned the organic and the medical approaches of dealing with teachers’ health issues. Trying to produce, with the teachers, micropolitics of encounters of bodies, we have created a surface of sensitivity and action towards becomings and unexpected possibilities. We have dealt with questions related to discipline, to the difficulties teachers have had to promote academic interest in the classroom, related to community economic needs, to the violence students have lived in when it is drug related, related to the silent violence teachers have felt even when they are institution related, to learning needs, to the social demands that the school systems, more specially the teachers, have had to cope with. However, as our focus has been the body, the affects have interested us the most, or, in other words, the ways people feel, perceive, act and are touched by the daily situations in schools. The interest for affects was, for us, the interest for the ways the body may become potent or impotent, potent or powerful. Showing interest for affects was the same as showing we wanted to be on the teachers’ side, following them as they felt, in their own bodies, the pains of their diseases, the concerns with the violence around them, or even, the affection and the hugs they received from their students. We have been involved with the complex network of sensations the teachers have in their daily work, sensations that do not usually find a way or an opportunity of being expressed and/or changed. This experience is about a concrete possibility of changing the reality from a perspective of transformation of both the ways we feel and perceive things. The body has become the starting point and the unfolding source for us, since our intervention in the teachers’ actions and the analysis of their health problems have taken as substance the matters of expression, ethics and the potencies produced in the encounters of the bodies.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume.ufrgs.br:10183/15524
Date January 2008
CreatorsYonezawa, Fernando Hiromi
ContributorsSouza, Nádia Geisa Silveira de
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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