Introdução. Rupturas agudas do tendão de Aquiles afetam as propriedades mecânicas tendíneas. Estudos vêm preconizando o uso de mobilização precoce (tratamento acelerado) para evitar grandes prejuízos tendíneos. Entretanto, estudos que avaliem as propriedades mecânicas do tendão de Aquiles de humanos após ruptura total, submetidos à mobilização precoce, não foram encontrados na literatura específica da área. Objetivo: comparar as propriedades mecânicas e morfológicas do tendão de Aquiles entre pacientes submetidos a tratamento conservador e pacientes submetidos a tratamento acelerado (mobilização precoce) após a sutura do tendão de Aquiles. Materiais e Métodos: A amostra foi dividida intencionalmente em três grupos: controle (CTR; n=9), grupo conservador (CON; n=9; Pós-Cirúrgico: 28,3±3,6 meses) e grupo acelerado (ACE; n=9; Pós-Cirúrgico: 29,8±4,8 meses). Um dinamômetro isocinético foi utilizado para avaliação do torque dos grupos musculares flexores plantares e flexores dorsais do tornozelo. Foram obtidos os valores de área de secção transversa (AST) e comprimento do tendão (CT) de Aquiles. Para a avaliação da relação stress-strain os sujeitos realizaram duas contrações voluntárias máximas em rampa para flexão plantar no ângulo de 0º com duração de 10 segundos cada. Durante as duas contrações voluntárias máximas o deslocamento da JMT do músculo gastrocnêmio medial com o tendão de Aquiles foi verificado por meio de ultrassonografia utilizando uma sonda com arranjo linear. Simultaneamente a este procedimento, foi adquirido o sinal eletromiográfico do músculo tibial anterior, utilizado para a correção da força do tendão de Aquiles. As imagens necessárias para o cálculo do strain, bem como os sinais EMG e de torque foram sincronizados. Os valores máximos de stress, strain, força, deformação, módulo de Young, CT e AST foram comparados. Resultados: Não foram encontradas diferenças significativas nas propriedades mecânicas e morfológicas entre membros do grupo CTR. Não houve diferença significativa entre os membros saudáveis dos grupos CON e ACE e os do grupo CTR. Dessa forma, os membros saudáveis dos grupos CON e ACE foram utilizados como controle do membro lesão em ambos os grupos. Tanto no grupo CON, quanto no grupo ACE, o stress, a força e o módulo de Young apresentaram menores valores no membro lesionado, enquanto que o strain obtido em 10MPa e a AST foram maiores neste membro comparado ao contralateral saudável. Não houve diferença significativa no CT entre os membros, independente do grupo. Não foram encontradas diferenças significativas nas propriedades mecânicas, bem como na morfologia do tendão de Aquiles na comparação entre os membros lesionados dos grupos CON e ACE. Discussão: Esta maior complacência tendínea encontrada nos tendões lesados, independente do grupo, pode estar associada tanto as adaptações decorrentes da lesão que não recuperaram a níveis de normalidade, bem como a mudança nos hábitos de vida após a lesão. Além disso, o protocolo acelerado de reabilitação não foi capaz de reduzir as perdas advindas da ruptura tendínea. Tal resultado pode estar associado à especificidade do protocolo utilizado, que foi desenhado para ganho de flexibilidade no tornozelo e não para força muscular. Conclusão: Em um período mínimo de 21 meses de pós-operatório o tendão de Aquiles ainda apresenta efeitos deletérios da ruptura total nas propriedades estruturais e mecânicas do tendão. O protocolo de reabilitação utilizado não foi eficaz para a redução de tais efeitos. / Introduction. Acute Achilles tendon rupture affects the mechanical properties of the tendon. Despite the tendinous adaptations generated by decreased use, few studies have used early weight bearing (accelerated treatment) to avoid the large losses in the musculoskeletal tissues. In addition, studies that evaluated the mechanical properties of human Achilles tendon after acute rupture, subjected to early weight bearing were not found. Purpose: to compare the mechanical and morphological properties of the Achilles tendon between patients undergoing conservative and accelerated treatment, after Achilles tendon suture. Materials and Methods: subjects were intentionally allocated into three groups: control (CTR; n=9), conservative treatment (CON; n=9; Postsurgical time: 28.3±3.6 months) and accelerated treatment (ACC; n=9; Postsurgical time: 29.8±4.8 months). An isokinetic dynamometer was used to evaluate the torque production of ankle dorsi- and plantar-flexor muscles. The values of Achilles tendon cross sectional area (CSA) and length were obtained. To evaluate the stress-strain relation, patients were asked to produce two isometric maximal voluntary contractions during a ramp protocol (angle: neutral position; duration: 10 seconds) of the plantar flexor muscles. During the maximal contractions the displacement of the myotendinous junction of the gastrocnemius medialis muscle was evaluated by ultrasound with a linear array probe. Simultaneously, the electromyography (EMG) signal of the tibialis anterior was recorded, and used to correct the Achilles tendon force. The ultrasound images, EMG signals and torque were synchronized. The maximal values of stress, strain, force, displacement, Young’s modulus, tendon length and CSA were compared. Results: there were no significant differences in the morphological and mechanical properties between limbs in the CTR group. Moreover, there were no significant differences in the morphological and mechanical properties between healthy limbs amongst groups. Thus, the healthy limbs of the CON and ACC groups were used as control of the injured limb. In CON and ACC groups the stress, force and Young’s modulus had lower values in the injured limb compared to the contralateral healthy limb, while the strain obtained at 10MPa and the CSA were higher in the injured limb. There were no significant differences in the tendon length between groups and limbs. Moreover, there were no significant differences in the morphological and mechanical properties between injured limbs (CON and ACC). Discussion: The highest tendinous compliance found on the injured tendons, independent of the group might be associated to both the adaptations due to injury that did not return to normal healthy levels and to possible changes in the daily life activities after injury. In addition, the accelerated treatment was unable to reduce the losses due to tendon rupture. These results might be associated to the specificity of the rehabilitation protocol used that was designed for the gain of flexibility and not for strength gains. Conclusion: Twenty-one months post-surgery were unable to recover the deleterious effects of acute Achilles tendon rupture on the structural and mechanical tendon properties. The accelerated rehabilitation protocol was ineffective to reduce these deleterious effects.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/40435 |
Date | January 2011 |
Creators | Geremia, Jeam Marcel |
Contributors | Vaz, Marco Aurelio |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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