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O dispositivo do aconselhamento na resposta à aids

O presente trabalho, apresentado sob a forma de quatro artigos, teve por objetivo problematizar a prática do aconselhamento em HIV/aids, realizada em Centros de Testagem e Aconselhamento em DST/Aids (CTA). Fundamentou a investigação, referenciais teóricos e metodológicos alinhados com esforços na construção de conhecimento-emancipação. A realidade é concebida como complexa, dinâmica e aberta, marcada por jogo de forças em disputa cujos vetores que o constituem informam sobre tensões, conflitos e arranjos específicos entre eles. Abordaram-se, na pesquisa, dois aspectos do trabalho de aconselhamento, dentre tantos, processos subjetivos em torno da aids e a intervenção, isto é, os modos de aconselhar. Compôs a pesquisa, análise de Manuais do Ministério da Saúde (MS) para a prática do aconselhamento e análise de Entrevistas com aconselhadores/as atuando em unidades de CTA de Pernambuco. Conclui-se que o aconselhamento merece ser tratado como um dispositivo e não meramente como uma técnica de trabalho, pois envolve diversos aspectos na sua configuração, dentre eles, discursos, enunciados científicos, regulamentações, preceitos morais, estruturas arquitetônicas. De acordo com a pesquisa, o aconselhamento tem se apresentado como dispositivo de controle dos corpos, já que apoiado em concepção de subjetividade-identidade, definida pelas práticas sexuais do sujeito e em recomendações diretivas e prescritivas para o aconselhador, que caracterizam o modo-instrução de aconselhar. Outra perspectiva, que aparece sutilmente nas análises, como potência que pode ser investida, é que o aconselhamento seja um dispositivo de emancipação de sujeitos e coletividades. Caracteriza-se pela concepção de subjetividade-cidadã na qual o sujeito é ativo e participante das questões em torno da saúde como direito e pelo modo-relação de aconselhar, marcado pela horizontalidade e referências democráticas na relação profissional-usuário. As duas etapas de investigação subsidiaram o debate sobre a formação de aconselhadores/as. A partir de uma analítica do aconselhamento como modalidade de trabalho em saúde, que na sociedade capitalista convive com fortes contradições, como a possibilidade da saúde ser tratada como uma mercadoria, são apresentadas proposições para a formação de aconselhadores em HIV/aids, na direção de uma perspectiva emancipatória de sujeitos e coletividades. À Psicologia cabe assumir a tarefa de participante no jogo de forças em questão, parecendo estratégico aproximar suas formulações dos produtivos debates em torno de direitos humanos e direitos sexuais, no campo da aids.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:unicap.br:657
Date30 January 2013
CreatorsWedna Cristina Marinho Galindo
ContributorsAna Lúcia Francisco, Luis Felipe Rios do Nascimento, Maria de Fátima Vilar de Melo, Maria Consuêlo Passos, Jaileila de Araújo Menezes-Santos, Vera Silvia Facciolla Paiva
PublisherUniversidade Católica de Pernambuco, Doutorado em Psicologia Clínica, UNICAP, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNICAP, instname:Universidade Católica de Pernambuco, instacron:UNICAP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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