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Previous issue date: 2015-10-15 / CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / O presente estudo tem como objetivo investigar o papel da prosódia no processamento
sintático. Nossa hipótese é a de que a prosódia não só impede a ambiguidade, mas também
guia o parser, fornecendo pistas para a construção da estrutura sintática no curso do
processamento realizado por adultos. Elegemos como objetos de análise as estruturas de
Tópico (de argumento interno) e de SVO (não topicalizado) porque, no contraste entre ambas,
as pistas prosódicas são acessíveis desde o início da sentença. Um conjunto de experimentos
foi realizado com os seguintes objetivos: na produção: (a) verificar as propriedades prosódicas
de sentenças com estruturas SVO e de Tópico em tarefas de leitura; (b) investigar se há uma
preferência por uma prosódia default; na compreensão: (c) verificar se há preferência por uma
ou outra estrutura, a partir da comparação do tempo de processamento de estímulos auditivos
com e sem pistas prosódicas; (d) verificar se a modificação dessas pistas poderia "enganar" as
escolhas do parser. Para a construção dos estímulos experimentais, foram selecionadas
palavras que podem pertencer tanto à categoria Verbo, quanto à categoria Adjetivo.
Construímos sentenças com os dois tipos de estruturas sintáticas: Tópico – [A criança
SUJA]IPa madrinha mandou ela para o banho; e SVO – [A criança]ϕ [SUJA a madrinha] com
a comida do almoço. Os resultados dos experimentos de produção revelam que há pistas
acústicas que diferenciam os dois tipos de estrutura. Além disso, sugerem também que há uma
preferência, na leitura em voz alta, pela prosódia SVO quando o participante desconhece o
sentido completo das sentenças. Quanto aos experimentos de compreensão, também parece
haver uma preferência pela estrutura de SVO quando as pistas prosódicas não estão acessíveis
para o ouvinte. Por outro lado, quando a prosódia é informativa, os resultados sugerem que
esta não só guia o parser na escolha da estrutura sintática, mas também poderia “enganá-lo”,
levando ao processamento de uma estrutura diferente nos casos de incongruência entre sintaxe
e prosódia. Em conjunto, os resultados revelam que, por um lado, parece haver uma estrutura
default SVO, mas, por outro, a prosódia de Tópico parece impedir, em certa medida, a
ativação desse default. Com os tipos de estruturas analisadas e com base nos resultados
experimentais, defendemos que a prosódia guia essas projeções, já que as pistas acústicas
estão acessíveis desde o início das sentenças. De acordo com a proposta de Bocci (2008), as
propriedades de Tópico estariam codificadas na sintaxe, guiando a derivação sintática; tais
propriedades, por sua vez, seriam disponibilizadas, previamente, via prosódia. Os resultados
obtidos são discutidos à luz de três abordagens teóricas: a hipótese do Bootstrapping
Prosódico/Fonológico (MORGAN & DEMUTH, 1996; CHRISTOPHE et al., 1997, 2008),
que sustenta que pistas prosódicas promovem a segmentação do fluxo de fala, facilitando o
processamento (no caso dos adultos); o Modelo Integrado da Computação On-line (CORRÊA
& AUGUSTO, 2006; 2007), segundo o qual a árvore sintática vai se formando no curso do
processamento; e o Modelo de Compreensão Auditiva da Linguagem (FRIEDERICI, 2011),
que prevê a interação da prosódia com a sintaxe no nível neurofisiológico. / This study investigates the role of prosody in syntactic processing. Our hypothesis is that
prosody could not only prevent ambiguity, but it also guides the parser, providing cues to the
syntactic tree construction during linguistic processing by adults. We elected Topic (of intern
argument) and SVO (nontopicalized) structures because in contrast with both of them, the
prosodic cues are accessible from the beginning of the sentences in both structures. A set of
experiments was conducted according to the following objectives: in production: (a) to verify
the prosodic properties of SVO and Topic sentences in reading experiments; (b) to investigate
if there is a preference for a default prosody; in comprehension: (c) to verify the preference
for each structure by comparing listening reaction time with or without prosodic cues; (d) to
verify if the modification of these cues could "trick" the parser choices. For the construction
of experimental stimuli, words that may belong to Verb category as well as Adjective
category were selected. We built sentences with both types of syntactic tree: Topic – [A
criança SUJA]IP a madrinha mandou ela para o banho; and SVO – [A criança]ϕ [SUJA a
madrinha] com a comida do almoço. (Topic – The dirty child was sent to have a shower by
their godmother; and SVO – The child soils their godmother with the lunch food.) The results
of the production experiments revealed that there are acoustic cues which differentiate both
types of structure. Furthermore they suggest that there is a preference, when reading it aloud,
for SVO prosody production when participants are not aware of the full meaning of the
sentences. As regards the comprehension experiments it also showed a preference for SVO
structure when prosodic cues are not accessible to the listener. On the other hand, when the
prosody is informative, the results suggest that not only it guides the parser in syntactic
structure choices, but also it could “trick” and mislead it to the processing of a different
structure in the cases of incongruity between syntax and prosody. Altogether the results reveal
that, on the one hand, it seems to have a SVO default structure, but, on the other hand, the
Topic prosody seems to prevent, in a way, the activation of this default. Having the analyzed
structures and based on the experimental results, we indorse that the prosody guides these
projections, since the acoustic cues are accessible from the beginning of sentences. According
to Bocci’s proposal (2008), Topic properties would be coded in syntax, guiding the syntactic
derivation; in turn, these properties would be previously available via prosody. The obtained
results are discussed in the light of three theoretical approaches: the Prosodic/Phonological
Bootstrapping Hypothesis (MORGAN & DEMUTH, 1996; CHRISTOPHE et al., 1997;
2008), which holds that prosodic cues promote speech stream segmentation, facilitating
linguistic processing (in case of adults); the Integrated Model of Online Computation
(CORRÊA & AUGUSTO, 2006; 2007), according to which the syntactic tree is created
during the course of processing; and the Auditory Comprehension Model of Language
(FRIEDERICI, 2011), which foresees the prosody-syntax interaction on the
neurophysiological level.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:hermes.cpd.ufjf.br:ufjf/1289 |
Date | 15 October 2015 |
Creators | Silva, Carolina Garcia de Carvalho |
Contributors | Name, Maria Cristina, Kenedy, Eduardo, Rodrigues, Erica dos Santos, Teixeira, Luciana, Fonseca, Aline Alves |
Publisher | Universidade Federal de Juiz de Fora, Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística, UFJF, Brasil, Faculdade de Letras |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFJF, instname:Universidade Federal de Juiz de Fora, instacron:UFJF |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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