As diretivas antecipadas de vontade para o fim da vida são documentos que expressam os desejos da pessoa relacionados aos procedimentos que podem ser aplicados a ela em uma situação de assistência médica no fim da vida. Nesse sentido, as diretivas são úteis para informar as equipes de assistência médica a respeito dos tipos específicos de tratamento que o paciente permite, ou não permite, quando não estiver apto a manifestar suas vontades em uma hipotética situação futura de incapacidade. Este tipo de documento foi elaborado nos Estados Unidos na década de 1970, e foi introduzido no ordenamento ético brasileiro pela Resolução 1995/2012 do Conselho Federal de Medicina. O objetivo desta dissertação é estudar essa norma ética sob o enfoque do direito penal, uma vez que as diretivas antecipadas de vontade para o fim da vida possuem uma íntima relação com a ortotanásia e a eutanásia, que são passíveis de sanção penal no Brasil. Assim, é fundamental analisar as diretivas antecipadas utilizando as ferramentas da doutrina penal, e princípios como os da dignidade humana e razoabilidade. O objetivo é pesquisar as qualidades, imperfeições e limites das diretivas antecipadas sob o ordenamento jurídico nacional, e também compreender as bases legais das diretivas antecipadas, que são os institutos da autonomia e do consentimento. Concluímos que, ainda que as diretivas antecipadas de vontade sejam uma norma ética bem-vinda, demandam algumas melhorias e refinamentos, que poderiam ser representados pelos planejamentos antecipados de tratamentos, um tipo de documento direcionado aos valores de vida das pessoas. Além disso, uma mudança de paradigma relacionada à eutanásia, particularmente a eutanásia passiva e a ortotanásia, no sentido de descriminalizá-las, seria importante para que as diretivas antecipadas tenham eficácia no Brasil. / Advance directives for dying patients are documents which express personal desires related to procedures that may be applied to people in a situation of medical assistance in the end of life. In this sense, they are useful to make health assistance teams know about what kind of specific treatment the patients permit, or do not permit, when they are not able to communicate their wishes in a hypothetical and future situation of disability. This kind of document was created in the United States in the seventies, and entered Brazilian ethical law by Resolution 1995/2012 of the Federal Council of Medicine. The aim of this dissertation is to study this ethical rule by means of the criminal law, because advance directives have a close relation to euthanasia and ortothanasia, which are prone to criminal sanction in Brazil. Therefore, it is paramount to analyze the advance directives using the doctrinal tools of criminal law and principles like human dignity and reasonability. The goal is surveying the qualities, inadequacies and limits of advance directives under Brazilian law, and also to understand the legal basis of the advance directives, which are the institutes of autonomy and consent. We concluded that, although advance directives for dying patients are a welcome ethical law, it demands some improvement and refinement, which could be represented by the advance care planning, a kind of document that is focused on the life values of people. Furthermore, a change of paradigm related to euthanasia, particularly passive euthanasia and ortothanasia, in the direction of making them apart of criminalization, would be vital to promote the adequate efficacy of the advance directives in Brazil.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-30082017-160818 |
Date | 31 October 2014 |
Creators | Valente, Silvio Eduardo |
Contributors | Campos, Roberto Augusto de Carvalho |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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