INTRODUÇÃO: Em consequência da modernização tecnológica e industrial, surgiram novos fatores que originaram estudos específicos e direcionados sobre os possíveis efeitos nocivos desta evolução no trabalhador. Dentre estes, está o ruído, agente físico que pode causar danos ao organismo humano com efeitos de curto e médio prazo. O ruído, ao atuar sobre o trabalhador pode alterar processos internos do organismo, com consequências fisiológicas e emocionais. A diminuição gradual da acuidade auditiva decorrente da exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora é denominada perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR), segundo o Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva. A PAIR é caracterizada por perda neurossensorial, irreversível, quase sempre bilateral e simétrica, não ultrapassando 40dB(NA) nas frequências graves e 75dB(NA) nas frequências agudas; manifesta-se, primeiramente, em 6kHz, 4kHz e/ou 3kHz, progredindo lentamente às frequências de 8kHz, 2kHz, 1kHz, 500Hz e 250Hz. (MTE, Portaria 19, 1998). Entre os fatores que influenciam no desencadeamento da PAIR, destacam-se as características físicas do ruído (tipo, espectro e intensidade da pressão sonora), o tempo de exposição e a suscetibilidade individual. A PAIR está entre as doenças do trabalho de maior prevalência, com agravante de tratar-se de uma doença irreversível. Acomete com mais frequência o setor industrial. Este estudo avalia a incidência de perda auditiva por ruído e a existência de uma associação positiva entre estes diagnósticos e a exposição a diferentes níveis de pressão sonora em trabalhadores de duas unidades de uma mineradora e pelotizadora de minério de ferro. MÉTODOS: Estudo de coorte histórica com 1.069 trabalhadores divididos em dois grupos, tendo como referência os níveis de pressão sonora aos quais estavam expostos (menor ou igual a 88 dB e acima de 88 dB). A avaliação da audição foi realizada por análise dos resultados das audiometrias realizadas nos exames admissionais e periódicos constantes dos prontuários médicos. Foram calculadas as incidências de perda auditiva de acordo com os grupos de exposição e o tempo médio de início das alterações auditivas em cada grupo. Foram realizadas análises descritivas das variáveis, comparação de médias (teste U de Mann-Whitney), teste de associação de qui-quadrado e, para estimar fatores de risco, modelos de regressão logística univariada e múltipla. RESULTADOS: Entre os participantes do estudo foram identificados 128 casos (11,97%) de perda auditiva. No grupo composto pelos trabalhadores que ficaram expostos aos níveis mais altos de pressão sonora encontra-se uma incidência de 11,84% em alterações de exames audiométricos, enquanto no grupo menos exposto obteve-se uma incidência de 12,4%. O tempo médio para o desencadeamento de alterações audiométricas foi de 3,07 anos (desvio padrão = 1,21) no grupo mais exposto e de 2,88 anos (desvio padrão = 1,53) no grupo menos exposto. Estar na faixa etária acima de 28 anos e 8 meses (RC = 3,33; IC 95%: 2,01 - 5,49) e trabalhar na Unidade 1 (RC = 1,64; IC 95%: 1,09 - 2,46) se mostraram fatores de risco robustos para perda auditiva induzida por ruído. CONCLUSÃO: A perda auditiva ocorre de maneira precoce, prioritariamente até o terceiro ano de exposição e faixa etária, e unidade de trabalho se mostraram os fatores de risco mais relevantes para a perda auditiva induzida por ruído. O estudo mostra a necessidade de uma integração maior entre as áreas de saúde ocupacional e segurança do trabalho na busca de ações preventivas e corretivas, que possam minimizar o surgimento de novos casos ou o agravamento dos já identificados. Este é um estudo preliminar que servirá de apoio a pesquisas futuras sobre o assunto / INTRODUCTION: As a result of technological and industrial modernization new factors have arisen which led to specific studies have focused on the possible harmful effects of this evolution on the worker. Among these factors is noise, a physical agent which can harm the human body with short and medium term effects. Noise can alter internal body processes, with physiological and emotional consequences. The gradual reduction of hearing acuity resulting from a continued exposure to high levels of noise pressure is called noise-induced hearing loss (NIHL), according to the National Committee of Noise and Hearing Conservation. NIHL is characterized by a permanent sensorioneural impairment, almost always bilateral and symmetrical, not exceeding 40dB (NA) at lower frequencies and 75dB (NA) at higher frequencies. It first manifests at 6kHz, 4kHz and/or 3kHz, slowly progressing to the frequencies of 8kHz, 2kHz, 1kHz, 500Hz and 250Hz. (MTE, Ruling 19, 1998). Among the factors which trigger NIHL are the physical characteristics of the noise (type, spectrum and intensity of sound pressure), duration of exposure, and individual susceptibility. NIHL is among the most common occupational diseases, with the aggravating aspect of being irreversible. It is most often found in the industrial sector. This study will evaluate the incidence of noise-induced hearing loss and the existence of a positive association between these diagnoses and the exposure to different levels of sound pressure in workers at two operational units of a iron ore mining and pelletizing organization. METHODS: historical cohort study with 1069 workers, divided in two groups, using as baseline the sound pressure levels to which they were exposed (less than or equal to 88 dB and above 88 dB). The hearing assessment was carried out by means of an analysis of the results of the audiometry exam upon induction and at regular intervals, as recorded in the medical history of the individual. A calculation was made of the degree of hearing loss according to the groups of exposure, and the average time it took for hearing changes to be observed in each group. RESULTS: Among the participants in the study, 128 (11.97%) cases of hearing loss were identified. In the group formed by workers who had been exposed to the highest levels of sound pressures, we found an incidence of 11.84% of changes in the audiometry exams, while in the group subject to lesser exposure we observed an incidence of 12.4%. The average time for the development of hearing impairment was 3.07 years (standard deviation = 1.21) in the group with greater exposure, and 2.88 years (standard deviation = 1.53) in the group with lesser exposure. Robust risk factors for noise-induced hearing loss included being aged over 28 years and 8 months (RC = 3,33; IC 95%: 2,01 - 5,49) and working at Unit 1 (RC = 1,64 ; IC 95%: 1,09 - 2,46). CONCLUSION: Early hearing impairment occurs mainly before the end of the third year of exposure, and age bracket and work location proved to be the most relevant risk factors for noise-induced hearing loss. The study showed the need for a greater integration among the occupational health and safety areas to seek the design and implementation of preventive and corrective actions to minimize the development of new cases or the aggravation of those already identified. This is a preliminary study which will serve as a basis for a more detailed subsequent data analysis
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-25112014-110432 |
Date | 03 September 2014 |
Creators | Amaral, Bruno Vianna do |
Contributors | Braga, Alfésio Luis Ferreira |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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