Este estudo foi realizado junto a um grupo de nove famílias de um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Rondônia. Estas famílias organizam o trabalho e a vida de forma coletiva há mais de dez anos, em torno do Grupo Coletivo 14 de Agosto. Teve como objetivo compreender as vicissitudes do processo organizativo cotidiano desta experiência e os sentidos de trabalho e de vida que vem sendo construídos a partir dela. De inspiração etnográfica, essa pesquisa tomou o cotidiano como horizonte de visibilidade que permitiu entender o processo de coletivização. O cotidiano é entendido enquanto o espaço onde se dá a vida e a ação social (SATO & SOUZA, 2001; SPINK, 2008). Composto basicamente por militantes do MST e do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), já nos primeiros anos de acampamento estas famílias começaram a desenvolver práticas de cooperação agrícola e reciprocidade. Depois de significativos experimentos, o grupo resolveu coletivizar definitivamente a terra e trabalhar em sistema de autogestão em todos os setores de produção agrícola. Para dar concretude a essa proposta, sentiram necessidade de coletivizar também parte do trabalho doméstico, passando a ter uma cozinha coletiva. Orientados por uma matriz camponesa e agroecológica, terras, trabalho e cozinha (enquanto espaço de sociabilidade e de trabalho) compõem o tripé que sustenta diariamente a existência do Grupo Coletivo 14 de Agosto. Terras para trabalhar, trabalho livre e associado e a reorganização da vida em torno de uma sociabilidade construída a partir de uma vivência coletiva anticapitalista. Trata-se, nesse sentido, de uma experiência contra-hegemônica que disputa os sentidos da vida e do trabalho na sociedade capitalista por meio de um projeto político profundamente enraizado no cotidiano / This study was carried out among a group of nine families of a settlement of the Movement of Landless Rural Workers (MST ), in Rondônia. These families organize work and life collectively for over ten years around the \"Group Collective August 14\". Aimed at understanding the vicissitudes of everyday organizational process this experience and ways of work and life has been built from it. Inspired in ethnography, this research took everyday life as a horizon of visibility that allowed to understand the process of collectivization. Everyday life is understood as the space where life and social action happens ( SATO & SOUZA , 2001; SPINK , 2008) . Composed primarily by MST militants and the Small Farmers Movement (MPA), since early in camp these families have begun to develop practical agricultural cooperation and reciprocity. After significant experimentations, the group decided definitely collectivize the land and work on self-management in all sectors of work. To give concreteness to this proposal, also felt the need to collectivize domestic work, going to have a collective kitchen. Guided by a matrix and agroecological peasant, land, work and kitchen (as a space of sociability and work) make up the tripod that supports the daily existence of the \"Group Collective August 14\". Lands to work, free and associated labor and the reorganization of life around a sociability constructed from an anti-capitalist collective experience. It is, accordingly, an experience counter-hegemonic that fights the way of life and work in capitalist society through a political project deeply rooted in the everyday life
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-31032014-122418 |
Date | 05 December 2013 |
Creators | Juliana da Silva Nobrega |
Contributors | Leny Sato, Egeu Gomez Esteves, Alexandre Bonetti Lima, Maria Luisa Sandoval Schmidt, Peter Kevin Spink |
Publisher | Universidade de São Paulo, Psicologia Social, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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