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A boa morte: ética no fim da vida

Mestrado em Bioética / Master Degree Course in Bioethics / A morte ocorre inexoravelmente e é comum a todos os seres vivos. Os seres humanos
que se crê terem dela uma consciência particular, em geral, não a desejam. Porém, o sofrimento
provocado por certas doenças físicas e psicológicas leva algumas pessoas a desejar e a
procurar a morte. O suicídio é uma das formas que algumas pessoas encontram para acabar
com o seu sofrimento. Quando muito debilitadas para o poderem fazer pelos seus próprios
meios, por vezes, procuram que profissionais de saúde, geralmente médicos, as ajudem a
morrer. É hoje consensual que as pessoas podem, quando na posse das suas faculdades
mentais, recusar quaisquer tratamentos ainda que estes lhe pudessem salvar a vida. Mesmo
quando estão cognitivamente incompetentes, podem ainda manifestar-se se tiverem deixado
instruções sobre a sua vontade. No entanto, quando a vontade do doente não é conhecida,
outros problemas de decisão se colocam, devendo pugnar-se sempre por o que for entendido
como os melhores interesses do doente. Uma resposta positiva ao sofrimento são os cuidados
paliativos, cujo desenvolvimento é imperioso mas que se tem arrastado demais.
O que os médicos portugueses pensam sobre este assunto não é conhecido. Por isso,
foi feito um inquérito por via postal a oncologistas portugueses, incritos na Sociedade Portuguesa
de Oncologia e outros. Observou-se que a maioria dos oncologistas é contra a prática da
eutanásia e do suicídio assistido, mas mais de 30% são a favor da sua legalização. Só um
médico admitiu ter praticado eutanásia num caso, mas nenhum prestou assistência ao suicídio
de um doente. O factor mais importante associado a ser-se a favor ou contra as práticas da
morte assistida foi o ser-se católico praticante ou não praticante, sendo estes últimos favoráveis
a essas práticas numa percentagem maior. A maioria dos oncologistas é a favor da suspensão
de medidas de suporte da vida a pedido do doente, embora só 41% estivesse disposto a
suspender a alimentação e a hidratação. Mais de 95% dos médicos administraria um fármaco
para aliviar o sofrimento de um doente, ainda que com isso pudesse encurtar-lhe a vida. Cerca
de 80% considera que os cuidados paliativos poderiam evitar pelo menos muitos dos pedidos de
morte assistida. Os resultados obtidos devem ser considerados com cautela, visto que só cerca
de 33% dos médicos inquiridos responderam.
A ideia de que os cuidados paliativos poderiam ser a resposta mais apropriada para os
problemas dos doentes, na parte final da sua vida, reflecte um grande consenso e é uma das
mais importantes conclusões do estudo. / Death occurs inexorably and is common to all living beings. Human beings, who are
thought to have a particular consciousness about it, usually do not desire it. However, suffering
due to some physical and psychological diseases makes some people desire and seek death.
Suicide is one of the ways that some people find to terminate their suffering. When very frail to
make it by their own means, sometimes, they try that health professionals, in general doctors,
help them to die. Nowadays, there is a consensus that people can, when owning their mental
capacities, refuse any treatments even when they could save their life. Even when cognitively
incompetent, patients can express their will if they had left instructions about it. However, when
the patient will is unknown, there are other decisional problems, but doctors should strive always
for what they see as the patient s best interest. A positive response to suffering is palliative care,
whose development is pressing but is being too slow.
What most Portuguese doctors think about this topic is not known. Therefore, it was done
a postal survey to Portuguese oncologists, belonging to the Portuguese Society of Oncology and
others. It was observed that most oncologists are against the practice of euthanasia and of
assisted suicide, but more than 30% are for their legalization. Only one doctor admitted having
practiced euthanasia in one case, but no one assisted any patient in suicide. The most important
factor associated with being for or against the practices of assisted death was to be catholic
practising or not, with these being for those practices in a bigger percentage. Most oncologists
are for the withdrawal of life support measures at the patient s request, although only 41% would
accept the withdrawal of feeding and hydration. More than 95% of the doctors would give a drug
in order to relieve the suffering of a patient, even if that could shorten his or her life. About 80%
think that palliative care could avoid at least many of the requests to assisted death. The results
obtained should be cautiously considered, because only 33% of the surveyed doctors replied.
The idea that palliative care could be the most appropriated answer to the problems of
patients at the final part of their lives reflects a large consensus and is one of the most important
conclusions of this study.

Identiferoai:union.ndltd.org:up.pt/oai:repositorio-aberto.up.pt:10216/22105
Date13 June 2007
CreatorsGonçalves, José António Saraiva Ferraz
PublisherFaculdade de Medicina da Universidade do Porto, FMUP
Source SetsUniversidade do Porto
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
TypeDissertação
Formatapplication/pdf, application/pdf, application/pdf
RightsopenAccess

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