[pt] A tolerância, às vezes, é considerada uma atitude
antipática de quem não
quer aceitar e muito menos amar o outro, mas apenas
suportar ou permitir, como
um favor de condescendência, que o outro exista. Não é
esta a perspectiva
assumida nesta pesquisa. O conceito de tolerância se
coloca cada vez mais na
pauta de discussão porque a intolerância com a diferença
tem sido uma realidade
recorrente em nossas sociedades. Inegavelmente estamos
caracterizados pela
diferença e, não obstante, parece que não sabemos tratá-
la. A humanidade -
marcada dolorosamente pela escravidão dos negros, pelas
guerras religiosas, pelo
genocídio dos povos ameríndios, pelo holocausto dos
judeus, pela aversão à
homossexualidade e pela submissão das mulheres - busca não
mais permitir as
manifestações de intolerância com o diferente, pois a
intolerância não é apenas
questão de não aceitar as opiniões divergentes; ela é
agressiva e com freqüência
assassina em seu ódio à diversidade alheia. Neste sentido,
a educação tem um
papel fundamental a desempenhar no embate por sociedades
menos intolerantes e
mais abertas às diferenças que dignamente nos constituem
enquanto humanos.
Porém, não se trata de uma educação qualquer. É imperativo
que seja um projeto
educacional capaz de entender e incorporar em sua prática
pedagógica o valor da
tolerância, que precisa ser fundamentado e consolidado.
Minha pesquisa visa
contribuir com esta demanda. Para isso, busquei refazer o
desenvolvimento do
conceito de tolerância, desde a Renascença até os tempos
atuais, destacando o
embate histórico entre intolerância e tolerância. Para
explorar o conceito de
intolerância utilizei o referencial teórico de Hannah
Arendt, em especial o
conceito de banalidade do mal. Para fundamentar o conceito
de tolerância recorri
ao pensamento de Adela Cortina sobre uma ética de mínimos.
Meu trabalho, em última instância, sustenta que tolerar
não é pouco, mas, ao contrário, trata-se de
um valor-atitude basilar, tanto no campo das normas éticas
quanto no campo
educacional. Tolerância é um mínimo moralmente exigível,
aquele pouco que nos
revela o fundamental. E o que é fundamental, na verdade,
não é pouco, é sim o
imprescindível, o valioso, o essencial, aquilo que em
hipótese nenhuma pode
faltar em nossas relações sociais e muito menos na prática
educativa. / [en] Tolerance is sometimes considered the negative attitude of
one who does not
accept, much less love, another human being but is willing
to put up with, or
allow for, the existence of others by being condescending.
The concept of
tolerance has become a key debate topic since intolerance
towards diversity is a
recurring situation in society. Undoubtedly, diversity
reflects our real identities
but at the same time we seem unable to handle it.
Humanity - painfully stained
by black slavery, religious wars, native Indian genocide,
the Jewish holocaust, and
prejudice against homosexuality and against women - is no
longer willing to
allow for intolerance of diversity. Intolerance is not
just a question of not
accepting diverging opinions: hate is an aggressive
perspective that is responsible
for destroying diversity. Thus, education has an important
role to play in the battle
between less tolerant societies and those that are more
open to human diversity.
However, not just any kind of education will suffice. It
is important to select an
education project approach that offers a comprehensive
definition of tolerance
based on facts. My research study aims to fulfill that
role. Therefore, I tried to
offer a background on the concept of tolerance, from the
Renaissance period until
recent times, highlighting the historical battle between
intolerance and tolerance.
To further expand on the concept of intolerance I used as
reference Hannah
Arendt´s research work, specifically selecting the concept
of banality of evil. To
further support this thesis, I referred to Adela Cortina´s
theories on ethics of
minimum requirements. Ultimately, my paper states the
thesis that tolerance
represents a big step. It represents the basic belief-
system both in the field of
ethics and education. Tolerance is a moral minimum
requirement, the basic
building block which reveals what is fundamental. However,
the definition of fundamental is actually not what
constitutes minimum requirement but, instead,
what is considered invaluable, essential, and cannot be
lacking in social
interactions, much less in education.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:9472 |
Date | 16 January 2007 |
Creators | MARCELO GUSTAVO ANDRADE DE SOUZA |
Contributors | LEANDRO KONDER |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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