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[en] ARENDT ON KANT: POSSIBILITIES OF JUDGMENT IN A TIME DEVOID OF WORLD / [pt] ARENDT LEITORA DE KANT: POSSIBILIDADES DO JUÍZO EM UMA ÉPOCA POBRE DE MUNDOCLAUDIA CRISTINA XAVIER SILVEIRA 21 December 2017 (has links)
[pt] Nosso trabalho buscou apresentar a concepção de juízo na obra de Hannah Arendt, cuja compreensão se apoia em uma livre interpretação do juízo reflexionante estético de Kant. As razões pelas quais Arendt teria se voltado para o tema refletem sua preocupação com o obscurecimento do mundo, cuja pluralidade esteve visivelmente ameaçada com o advento do totalitarismo. Para a pensadora, os acontecimentos sem precedentes decorrentes do totalitarismo fazem parte de um contexto em que a ausência de reflexão e uma consequente inabilidade para julgar o que se passava fizeram do século XX um dos mais sombrios períodos da história da humanidade. A faculdade do juízo reflexionante estético, capaz de refletir sobre o particular sem que exista um universal dado, foi pensada por Arendt em um contexto político, e suas características apontam para a necessidade de compreender sem corrimãos os assuntos mundanos que se apresentam na contemporaneidade. Poderíamos considerar uma teoria do juízo arendtiana apenas de um modo fragmentado, uma vez que esse foi um projeto de uma pesquisa teórica que não foi realizado integralmente por ela, e do qual temos um quebra-cabeça a ser montado. Suas peças podem ser resgatadas desde os seus primeiros ensaios, quando a ação política era o seu leit motif intelectual. Posteriormente, a partir do julgamento de Eichmann, quando ao cunhar a expressão banalidade do mal ela própria se tornou exemplar em seu juízo reflexionante. Julgar prospectivamente com uma mentalidade alargada ou retrospectivamente com desinteresse são, pois, lados possíveis da mesma moeda:
o juízo de gosto, cujo resgate Arendt se esforçou em trazer à luz. Tal juízo possui as características da comunicabilidade e intersubjetividade que possibilitam a existência do mundo, entendido como o espaço entre homens e espaço de visibilidade do pensamento reflexivo. Por essa razão, a atividade de julgar assim compreendida é a única faculdade espiritual do homem capaz de estabelecer o horizonte da pluralidade. / [en] Our work intended to present the notion of judgment in the writings of Hannah Arendt, whose comprehension supports itself on a free interpretation of Kantian aesthetic reflective judgment. The reasons why Arendt would have turned herself to the theme reflect her concern about the darkening of the world, whose plurality had been visibly threatened by the advent of totalitarianism. For philosopher, the unprecedented events that came from totalitarianism are part of a context in which the lack of deliberation and a subsequent inability to judge what was happening made the 20th century one of the darkest periods of human history. Arendt studied the faculty of aesthetic reflective judgment, capable of deliberating about the particular without a given universal, in a political context, and its characteristics point to the necessity of comprehending without handrails the mundane topics that present themselves on contemporaneity. We are able to consider only a fragmented Arendtian theory of judgment, since this was a research project not done solely by herself, and of which we have a whole puzzle to assemble. The pieces of this puzzle can be found beginning on her first essays, when the political action was her intellectual leit motif. Later, from Eichmann s judgment on, when she became an example on her own reflective judgment after coining the expression banality of evil. Judging prospectively with an enlarged mentality or retrospectively with disinterest are, then, two possible sides of the same coin: the judgment of taste, something Arendt tried to rescue and bring to light. This judgment holds the same characteristics of communicability and
intersubjectivity that make possible the existence of the world, understood as the space between men and space of visibility of reflective judgment. For this reason, the activity of judging, comprehended this way, is the only spiritual faculty of men capable of establishing the horizon of plurality.
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[pt] A ESCOLA NÃO É UM LUGAR FÁCIL... NÃO MESMO!: BULLYING, NÃO-RECONHECIMENTO DA DIFERENÇA E BANALIDADE DO MAL / [en] THE SCHOOL IS NOT AN EASY PLACE ... NOT EVEN!: BULLYING, NON-RECOGNITION OF DIFFERENCE AND THE BANALITY OF EVILPAMELA SUELLI DA MOTTA ESTEVES 10 March 2016 (has links)
[pt] A presente pesquisa, um estudo de natureza qualitativa acerca da violência escolar, teve como objetivo principal conhecer, interpretar e compreender as relações entre pares permeadas por práticas agressivas que atualmente são conceituadas como bullying. O estudo foi realizado em uma escola pública de ensino médio da rede estadual do Rio de janeiro. Buscamos investigar a percepção dos professores e dos estudantes acerca do bullying enquanto um tipo específico de violência escolar. A principal hipótese da pesquisa é que os altos índices de casos de bullying estão diretamente relacionados à dificuldade dos estudantes em reconhecer e conviver com as diferenças culturais e identitárias que são construídas e reconstruídas no ambiente escolar. Nessa perspectiva, para compreender a motivação que está por trás das práticas de agressão investigamos o bullying como uma intolerância em relação à diferença. Percebemos que a intolerância à diferença é insuficiente para explicar a gravidade das agressões e buscamos, além disso, investigar o bullying como um comportamento maliciosamente banal, que se origina da incapacidade de pensar e refletir sobre o significado e as consequências das ações. Tal incapacidade é resultante, entre outros fatores, de um projeto moderno de sociedade que não valoriza uma proposta educacional voltada para o pensamento e para reflexão. Considerando a intolerância e a banalidade como expressões motivadoras e explicadoras do bullying, utilizamos a Teoria do Reconhecimento de Charles Taylor e Axel Honneth e o conceito de Banalidade do Mal de Hannah Arendt para fundamentar nossa hipótese principal. Como procedimentos metodológicos, além de uma extensa revisão bibliográfica, foram realizadas observações do campo, aplicação de questionários e entrevistas semiestruturadas com 08 professores e 10 estudantes que se voluntariaram para a pesquisa. A pesquisa concluiu que os estudantes conhecem o bullying e são afetados por esse tipo de violência, mas não confiam na escola como instituição capaz de ajudá-los a enfrentar o problema. Os professores sabem identificar os casos de bullying, mas não se preocupam em compreender os motivos que levam a essa prática, quando muito se limitam a pensar em estratégias de enfrentamento. A gestão escolar nega a ocorrência do bullying e interpreta os conflitos e agressões entre pares como brincadeiras rotineiras do cotidiano escolar. A pesquisa apontou também que a problemática do bullying configura-se como um tema marginalizado e banalizado na escola. / [en] This is a qualitative study on school violence. This research aimed at knowing, interpreting and comprehending the aggressive actions also known as bullying that happen among peers. This work took place at a public high school in the state of Rio de Janeiro. We intended to investigate the teachers and students perceptions concerning bullying as a type of school violence. Our hypothesis was that higher rates of bullying actions are related to the students difficulties at recognizing and dealing with cultural and identity difference that is built and rebuilt in the school environment. In order to comprehend the motives that were behind those aggressive actions, we investigated bullying as intolerance towards difference. We perceived that intolerance to difference is not enough to explain the severity of these aggressive acts. Thus, we investigated bulling as a maliciously trivial behavior. The source of this kind of behavior is a result of the inability to think and to reflect upon the meaning and the consequences of those aggressive acts. This inability is also a result of a modern society project that does not give the right value to an educational approach aimed at thinking and reflecting. We considered that intolerance and the banality of evil as expressions that motivate and explain bullying. We use the Theory of recognition by Charles Taylor and Axel Honnet and the concept of banality of evil by Hanna Arendt as a basis to our main hypothesis. As our methodological choices, we have had an extensive literature review, along with field observation, questionnaires and semistructured interviews with eight teachers and ten students who volunteered. As a conclusion to this work, we found that students know what bullying is, they know the practice and they are affected by this kind of violence, however they do not completely trust on their school asan institution that could be able to help them face the problem. Teachers know how to identify the bullying cases, but they do not mind comprehending the reasons that lead to those actions. At most, they think of some strategies in order to face the problem. The school management denies that bullying occurs and interprets these conflicts and aggressions as routineplays that normally take place at school. This research also pointed out that bullying is a sidelined and a trivialized theme at school.
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[en] IS TO TOLERATE A LITTLE? FOR A PHILOSOPHY OF THE EDUCATION STARTING FROM THE CONCEPT OF TOLERANCE / [pt] TOLERAR É POUCO?: POR UMA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO A PARTIR DO CONCEITO DE TOLERÂNCIAMARCELO GUSTAVO ANDRADE DE SOUZA 16 January 2007 (has links)
[pt] A tolerância, às vezes, é considerada uma atitude
antipática de quem não
quer aceitar e muito menos amar o outro, mas apenas
suportar ou permitir, como
um favor de condescendência, que o outro exista. Não é
esta a perspectiva
assumida nesta pesquisa. O conceito de tolerância se
coloca cada vez mais na
pauta de discussão porque a intolerância com a diferença
tem sido uma realidade
recorrente em nossas sociedades. Inegavelmente estamos
caracterizados pela
diferença e, não obstante, parece que não sabemos tratá-
la. A humanidade -
marcada dolorosamente pela escravidão dos negros, pelas
guerras religiosas, pelo
genocídio dos povos ameríndios, pelo holocausto dos
judeus, pela aversão à
homossexualidade e pela submissão das mulheres - busca não
mais permitir as
manifestações de intolerância com o diferente, pois a
intolerância não é apenas
questão de não aceitar as opiniões divergentes; ela é
agressiva e com freqüência
assassina em seu ódio à diversidade alheia. Neste sentido,
a educação tem um
papel fundamental a desempenhar no embate por sociedades
menos intolerantes e
mais abertas às diferenças que dignamente nos constituem
enquanto humanos.
Porém, não se trata de uma educação qualquer. É imperativo
que seja um projeto
educacional capaz de entender e incorporar em sua prática
pedagógica o valor da
tolerância, que precisa ser fundamentado e consolidado.
Minha pesquisa visa
contribuir com esta demanda. Para isso, busquei refazer o
desenvolvimento do
conceito de tolerância, desde a Renascença até os tempos
atuais, destacando o
embate histórico entre intolerância e tolerância. Para
explorar o conceito de
intolerância utilizei o referencial teórico de Hannah
Arendt, em especial o
conceito de banalidade do mal. Para fundamentar o conceito
de tolerância recorri
ao pensamento de Adela Cortina sobre uma ética de mínimos.
Meu trabalho, em última instância, sustenta que tolerar
não é pouco, mas, ao contrário, trata-se de
um valor-atitude basilar, tanto no campo das normas éticas
quanto no campo
educacional. Tolerância é um mínimo moralmente exigível,
aquele pouco que nos
revela o fundamental. E o que é fundamental, na verdade,
não é pouco, é sim o
imprescindível, o valioso, o essencial, aquilo que em
hipótese nenhuma pode
faltar em nossas relações sociais e muito menos na prática
educativa. / [en] Tolerance is sometimes considered the negative attitude of
one who does not
accept, much less love, another human being but is willing
to put up with, or
allow for, the existence of others by being condescending.
The concept of
tolerance has become a key debate topic since intolerance
towards diversity is a
recurring situation in society. Undoubtedly, diversity
reflects our real identities
but at the same time we seem unable to handle it.
Humanity - painfully stained
by black slavery, religious wars, native Indian genocide,
the Jewish holocaust, and
prejudice against homosexuality and against women - is no
longer willing to
allow for intolerance of diversity. Intolerance is not
just a question of not
accepting diverging opinions: hate is an aggressive
perspective that is responsible
for destroying diversity. Thus, education has an important
role to play in the battle
between less tolerant societies and those that are more
open to human diversity.
However, not just any kind of education will suffice. It
is important to select an
education project approach that offers a comprehensive
definition of tolerance
based on facts. My research study aims to fulfill that
role. Therefore, I tried to
offer a background on the concept of tolerance, from the
Renaissance period until
recent times, highlighting the historical battle between
intolerance and tolerance.
To further expand on the concept of intolerance I used as
reference Hannah
Arendt´s research work, specifically selecting the concept
of banality of evil. To
further support this thesis, I referred to Adela Cortina´s
theories on ethics of
minimum requirements. Ultimately, my paper states the
thesis that tolerance
represents a big step. It represents the basic belief-
system both in the field of
ethics and education. Tolerance is a moral minimum
requirement, the basic
building block which reveals what is fundamental. However,
the definition of fundamental is actually not what
constitutes minimum requirement but, instead,
what is considered invaluable, essential, and cannot be
lacking in social
interactions, much less in education.
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[en] HANNAH ARENDT AND THE PROBLEM OF EVIL / [pt] HANNAH ARENDT E O PROBLEMA DO MALMAURO SOUZA MARQUES DA COSTA BRAGA 01 June 2021 (has links)
[pt] Esta dissertação apresenta uma breve introdução à obra de Hannah Arendt a partir do problema do mal. Seu objetivo é determinar, com base em alguns dos principais conceitos enunciados pela autora, uma solução para a controvérsia, presente na literatura filosófica, sobre a compatibilidade entre as noções de
radicalidade do mal, de matriz kantiana, e de banalidade do mal, desenvolvida por Arendt. Para isso, são estudados o evento totalitário e a abordagem realizada por Arendt do problema do mal. Nesse contexto, o ponto de partida é uma análise das visões sobre a questão do mal na tradição filosófica com base em Agostinho de Hipona, Leibniz, Kant e Nietzsche. A seguir, com base no fenômeno totalitário, é analisada a radicalidade do mal, com o objetivo de compreender os horrores praticados pelos regimes nazista e stalinista durante os tempos sombrios do século XX. Posteriormente, estuda-se o julgamento de Adolf Eichmann e seu significado para a obra da autora. Naquele julgamento, apareceram três questões fundamentais: a dificuldade dos juízes de julgar um caso sem precedentes; a consciência de Eichmann; e o fenômeno da banalidade do mal. A seguir, a pesquisa apresenta uma possibilidade de compatibilizar o conceito de mal radical com o de mal banal, presentes no cânone arendtiano, a partir de uma análise da
correspondência de Arendt com Gershom Scholem. Por fim, com base nas noções arendtianas de ação e liberdade, destacaremos a maneira pela qual será possível ao ser humano o retorno a si mesmo, na forma de animal político que é. / [en] This dissertation presents a brief introduction to the work of Hannah Arendt based on the problem of evil. The objective is to determine, based on some of the main concepts presented by the author, a solution to the controversy, present in the philosophical literature, about the compatibility between the notions of the
radicality of evil, with Kantian matrix, and the banality of evil, as developed by Arendt. To this end, the totalitarian event and Arendt s approach to the problem of evil are studied. In this context, the starting point is an analysis of the views on the question of evil in the philosophical tradition based on Augustine of Hippo, Leibniz, Kant and Nietzsche. Then, based on the totalitarian phenomenon, the radicality of evil is analyzed in order to understand the horrors practiced by the Nazi and Stalinist regimes during dark periods of the 20th century. Subsequently, Adolf Eichmann s judgment and its meaning for the author s work are studied. In that trial, three fundamental questions emerged: the judges difficulty in judging a case without precedents; Eichmann s conscience; and the phenomenon of the banality of evil. Next, the research presents a possibility of reconciling the concept of radical evil with that of banal evil, present in the Arendtian canon, based on an analysis of Arendt s correspondence with Gershom Scholem. Finally,
based on the Arendtian notions of action and freedom, we will highlight the way in which it will be possible for the human being to return to himself/herself, in the form of the political animal that he/she is.
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