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A sociabilidade na cidade moderna : os bondes e a Porto Alegre de 1890 a 1945

Uma das marcas da passagem de uma sociedade tradicional, pessoalista, para uma sociedade moderna é o desenvolvimento da impessoalidade nas relações de sociabilidade. A cidade moderna se caracterizou por ampliar essas relações, que deixam de ser restritas aos espaços privados e passam a ocorrer também nos espaços públicos. Um dos lugares nos quais se desenvolvia a sociabilidade era nos bondes. Por terem existido no Brasil desde final do século XIX até a década de 1970, os bondes marcaram, do ponto de vista do transporte coletivo, um momento significativo do desenvolvimento do país, uma vez que estiveram presentes durante o processo de crescimento de muitas cidades, constituindo-se como um dos principais elementos indutores do crescimento urbano e de integração de diferentes espaços, como, por exemplo, entre os arrabaldes, mais adiante bairros, e o centro das cidades. A tese desenvolvida neste estudo é a de que os bondes, além de terem contribuído para o desenvolvimento urbano, integrando espaços físicos e expandindo a cidade, contribuíram também para a inserção do indivíduo na cidade moderna pelo exercício cotidiano de sociabilidade que as viagens propiciavam. Essa sociabilidade não acontecia apenas no interior dos bondes, na relação indivíduo e espaço, as aberturas laterais, que permitiam subir e descer praticamente em qualquer lugar, depois as janelas grandes e abertas, também possibilitavam que o indivíduo estivesse mais próximo do espaço físico da cidade e das pessoas que caminhavam ou se assomavam nas janelas para ver o bonde passar rente às suas calçadas. A pesquisa teve como objetivo geral investigar as representações sociais e o imaginário coletivo construído sobre as viagens de bonde e sobre a cidade durante as viagens. A partir dessas representações, buscou-se, primeiro, compreender qual o papel dos bondes como elementos estruturadores da cidade para depois analisar as interações sociais que ocorriam em seu interior e discutir a relação indivíduo-espaço. O recorte urbano temporal foi a cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, entre 1890 e 1945, no alcance físico das suas linhas de bonde. A escolha por este recorte temporal deu-se pela importância que teve este período para o desenvolvimento e modernização da cidade, especialmente na área de transporte, como a construção da Av. Borges de Medeiros, Av. Farrapos e a canalização do Arroio Ipiranga, entre outras obras relevantes para a cidade. / One of the marks of the passage from a traditional society, personalistic, to a modern society is the development of impersonality in sociability relationships. The modern city is characterized by expanding these relations, which are no longer restricted to private spaces but also begin to occur in public ones. One of the places in which sociability where developed was the cable cars. According to the commom point of view, the cable cars marked a significant moment in the development of the country for having existed in Brazil since the late 19th century until the 1970s, once they were present in the growth process of many cities, establishing itself as one of the driving elements of urban growth and integration of different areas, such as, between the suburbs, further neighborhoods, and the city centers. The thesis developed in this study is that the cable cars, not only having contributed to the urban development, by integrating physical spaces and expanding the city, but also contributed to the insertion of the individual in the modern city by the daily sociability exercise which the trips provided. This sociability did not just happened inside the cable cars, the individual and space relationship, the side openings, which allowed passengers to get on and off almost anywhere, and the big and open windows also made it possible for the individual to be close to the physical space of the city and the people who walked or loomed by the window to see the cable car pass close to its sidewalks. The research aimed to investigate the social representations and the collective imaginary built on the cable car rides and the city during these trips. From these representations, it was sought to first understand which role the cable cars had, as structural elements of the city, and then analyse the social interactions that took place inside it and the relationship between individual and space. The temporal urban range was Porto Alegre, the capital of Rio Grande do Sul, between 1890 e 1945, in its cable car extension lines. The choice for this time range was given by the importance this period had for the city development and modernization, especially in the transport area, such as the construction of Borges de Medeiros Ave., Farrapos Ave. and the canalization of Arroio Ipiranga, among other relevant works for the city.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/143005
Date January 2016
CreatorsWalter, Clara Natalia Steigleder
ContributorsSouza, Célia Ferraz de
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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