O Brasil, com o maior rebanho comercial do mundo, só agora está desenvolvendo pesquisas sobre genética da eficiência alimentar. Além disso, é impossível ignorar a pressão nacional e internacional para uma indústria mais sustentável de produção de carne. Países como Austrália e Canadá, já desenvolveram programas para identificar animais mais eficientes, que produzem menos poluentes, em busca de marcadores moleculares para eficiência alimentar e qualidade da carne. Austrália, com um rebanho de 27 milhões de bovinos visa reduzir aproximadamente 30% do custo de produção de carne e 10% das emissões de metano, o Brasil com 205 milhões de animais tem um desafio ainda maior. O objetivo neste projeto foi estudar a eficiência alimentar e suas relações com características de lucro, carcaça e qualidade da carne em bovinos Nelore terminados em confinamento. O estudo avaliou em dois anos, 310 novilhos com medições individuais de consumo alimentar. Parâmetros de carcaça (peso, rendimento, área de olho de lombo, espessura de gordura subcutânea, peso dos rins, coração, fígado e gordura interna) foram determinados. Qualidade da carne de amostras maturadas ou não (pH, força de cisalhamento, cor, perdas por cocção, capacidade de retenção de água, índice de fragmentação miofibrilar e gordura intramuscular) também foram avaliadas. Variáveis de eficiência alimentar calculadas foram: conversão alimentar, eficiência de crescimento parcial, eficiência da manutenção, eficiência de ganho de peso, taxa de crescimento relativo, índice de Kleiber e consumo alimentar residual (CAR). Foram analisados os coeficientes de regressão linear entre as variáveis avaliadas e o CAR. Peso vivo médio metabólico e ganho médio diário não foram relacionados ao CAR (P>0,05). Os animais mais eficientes consumiram, no mínimo 11,2% menos do que os ineficientes (P<0,05). A redução do CAR em uma unidade reduziu 0,021 na eficiência alimentar e 0,796 na conversão. Não houve relação entre CAR e área de olho de lombo (P> 0,05), mas houve redução da espessura de gordura subcutânea e intramuscular depositadas, com a diminuição do CAR (P <0,05). A estimativa de energia retida no ganho reduziu em 0,2 Mcal/dia. Isto significa que mudanças na composição corporal do ganho foram capazes de explicar 16,5% das diferenças no consumo de alimentos entre animais eficientes e ineficientes definidos pelo CAR. Parâmetros de carcaça, fígado, coração e gordura interna assim como pH, força de cisalhamento e índice de fragmentação miofibrilar de amostras do L.dorsi não foram relacionados com CAR (P>0,05). O lucro foi positivamente associado ao CAR (r= -0,124;P<0,05), mas melhor associado à eficiência alimentar (r= -0,85; P<0,001) e ganho de peso (r=0,64; P<0,001). Ganho de peso, consumo de matéria seca, conversão alimentar, espessura de gordura subcutânea e lucro apresentaram efeito de touro. Há uma relação entre CAR e a composição do ganho em animais Nelore, de acordo com mudanças na deposição de gordura subcutânea e intramuscular. Pelo fato de produzir carcaças mais magras, a adoção do CAR como critério de seleção deve ser cuidadosa. Independente da possível redução na qualidade da carne, conclui-se que o CAR é menos adequado que ganho, consumo ou conversão alimentar para prever lucro em confinamento. / Brazil, with the biggest commercial herd in the world, is just now developing research on the genetics of feed efficiency. In addition, it is impossible to ignore national and international pressure for a more sustainable beef production industry. Countries like Australia and Canada have already developed programs to identify more efficient animals, that produce less pollutant, in search of molecular markers for feed efficiency and at the same time meat quality. Australia, with a 27 million bovine herd aims to reduce by approximately 30% the cost of meat production and by 10% methane emissions. Brazil with 205 million animals has an even greater challenge. The objective of this project was to study feed efficiency and its relationships with profitability, carcass characteristics and meat quality in Nellore steers finished in the feedlot. The study evaluated in two years, 310 calves with individual feed intake measurements. Carcass parameters (yield, size, loin eye area, backfat thickness, weight of the kidneys, heart, liver and internal fat) were determined. Meat quality of aged and not aged samples (pH, shear force, color parameters, cooking losses, water holding capacity, myofibrillar fragmentation index and intramuscular fat) was also evaluated. Feed efficiency variables calculated were: feed:gain ratio, partial growth efficiency, maintenance efficiency, efficiency of weight gain, relative growth rate, Kleiber index and residual feed intake (RFI). The linear regression coefficients between the variables evaluated against the calculated RFI were used. The average metabolic live weight and average daily gain were not related to RFI (P> 0.05). The most efficient animals consumed at least 11.2% less than the inefficient ones (P<0.05). The reduction in RFI by one unit resulted in a decrease in feed efficiency by 0.021 in feed efficiency and 0.796 feed:gain ratio. There was no relationship between RFI and loin eye area (P>0.05), but there was a decrease in backfat deposited and intramuscular fat gain due to the decrease in RFI (P<0.05). The retained energy, estimated by the difference in body composition, was reduced by 0.2 Mcal/day in inefficient vs efficient animals. This means that the change in estimated body composition was able to explain 16,5% of the difference in feed intake between RFI efficient and RFI inefficient animals. Parameters of carcass, liver, heart and internal fat, pH, shear force and myofibrillar fragmentation index of L.dorsi samples were not associated with RFI (P>0.05). Profitability was indirectly related to RFI (P<0.05). However, profit had much greater association with feed:gain ratio (r= -0.85; P<0.001) as well as with weight gain (r=0.64; P<0.001). The weight gain, dry matter intake, feed:gain ratio, backfat, RFI and profitability demonstrated sire effects. There was a relationship between RFI and composition of gain in Nellore steers, consistent with the changes in deposition of subcutaneous and intramuscular fat. Because it produces leaner carcasses, the adoption of RFI as a selection criterion should be evaluated carefully. Independent of a possible reduction in meat quality, the data demonstrates that RFI is less efficient than gain, feed intake or feed conversion to predict feedlot profit.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-24012012-094448 |
Date | 23 November 2011 |
Creators | Nascimento, Michele Lopes do |
Contributors | Lanna, Dante Pazzanese Duarte |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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