Mestrado em Bioética / Master Degree Course in Bioethics / Com este trabalho procuramos analisar a problemática das novas tecnologias no acesso ao
conteúdo do cérebro, nomeadamente o uso dos potenciais evocados cognitivos (sobretudo
o P300) sob a forma de Brain Fingerprinting, pondo à prova a fiabilidade do método e
eventuais consequências éticas da sua aplicação. Abordaram-se conceitos como mente e
seu conteúdo, no que se refere à comunicação e linguagem como forma de interacção
social, sobretudo na capacidade de fazer uso da verdade ou da mentira, como escolha
consciente e individual. Inerente à mentira abordou-se o conceito de emoção para
compreender como funciona o tradicional polígrafo e de que forma o Brain Fingerprinting
poderá trazer vantagens.
A nível experimental avaliamos a utilização do P300 como "detector de culpa" em 20
indivíduos, tendo-se excluído 5, divididos num grupo controlo (n=8) e experimental (n=7
participantes num furto simulado), em duas experiências com estímulos visuais:
experiência 1 com palavras e experiência 2 com imagens. Na análise visual individual
verificou-se maior eficácia das imagens para a detecção correcta dos indivíduos (50% vs.
37,5% para os inocentes e 28,6% vs. 0% para os culpados). Nos culpados as palavras
deram origem a uma percentagem elevada de falsos negativos (57,1% vs. 28,6% com
imagens), salientando-se uma baixa taxa de falsos positivos em ambas as experiências. Na
análise visual dos grupos as imagens parecem ser também mais eficazes na detecção
correcta de ambos os perfis (culpados e inocentes), enquanto as palavras só identificam
correctamente os inocentes. Da análise estatística intra e intergrupos obteve-se um "perfil
inocente" em ambos os grupos, nas duas experiências. Neste estudo os nossos melhores
resultados só identificaram correctamente 50% dos inocentes e 28,6% dos culpados (com
imagens) o que se encontra muito longe dos 100% obtidos por Farwell e Smith (2001).
Por fim, levamos a cabo uma discussão bioética debruçando-nos sobre a licitude deste tipo
de metodologia, que promete aceder aos pensamentos, criando uma nova noção de
dignidade, privacidade e autonomia. A discussão termina com a noção de
responsabilização individual, abrangendo o direito inalienável à liberdade de acção e
pensamento, inerente à espécie humana. / With the present work we intend to approach the problem of the use of new technologies as
a mean to gain access to mental events, such as the use of Brain Fingerprinting. We will
test the reliability of such method and discuss its ethical implications. We will approach
concepts such as the mind and its content, concerning communication and language as a
social interaction tool, and the ability to tell the truth or lie as a conscious and individual
choice. Concerning deception, we approach the concept of emotion in order to understand
the functioning of the traditional Polygraph and the way in which the use of Brain
Fingerprinting may be advantageous.
We experimentally assessed the use of the P300 event related potential as a "guilt
detector", relying on a sample of 20 subjects (15+5 excluded from the analysis), divided
into control (n = 8) and experimental (n = 7 subjects who simulated a theft in a mock-crime
scenario) groups. There were two experiments with visual stimuli: experiment 1 with
words and experiment 2 with pictures. Visual analysis of individual records revealed
greater accuracy on the use of images to correctly detect subjects (50% vs. 37,5% for
innocents and 28,6% vs. 0% of correctly detected subjects for the guilty condition). For
guilty subjects, words led to a high percentage of false negatives (57,1% vs. 28,6 for
pictures). A low percentage of false alarms were observed for both experiences. From the
visual analysis of groups we are led to conclude that pictures seem to be once again more
effective on the detection of both profiles (guilty and innocent), while words are only
effective for the detection of innocent subjects. Statistical analysis did not discriminate
between profiles, as we obtained constant "innocent" results for both experiments and
groups. On the present study the best results we achieved were a 50% rate of identification
for innocents and 28,6% for guilty subjects (with pictures). This contrasts with the rate of
100% obtained by Farwell and Smith (2001).
Finally, we entail on a bioethical discussion concerning the acceptability of this kind of
methodology, which promises access to thoughts, thus creating a new notion of dignity,
privacy and autonomy. The discussion ends with the notion of individual responsibility,
embracing the inalienable right to freedom of action and thought, inherent to the human
species.
Identifer | oai:union.ndltd.org:up.pt/oai:repositorio-aberto.up.pt:10216/22221 |
Date | 18 February 2008 |
Creators | Gomes, Maria Inês Ferreira |
Publisher | Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, FMUP |
Source Sets | Universidade do Porto |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação |
Format | application/pdf, application/pdf, application/pdf |
Rights | openAccess |
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