Objetivos: Investigar os fatores associados à hospitalização por pneumonia, em crianças menores de cinco anos de idade, no município de Ribeirão Preto - SP. Métodos: Estudo epidemiológico com delineamento do tipo caso-controle de base hospitalar, com alocação de 345 casos e 345 controles. Fatores socioeconômicos, reprodutivos, ambientais, perinatais, nutricionais, relativos ao cuidado à criança e à morbidade prévia foram considerados variáveis explanatórias. Os dados foram coletados por meio da aplicação de um questionário pré-codificado que contemplou o elenco de variáveis do estudo, incluindo-se o Instrumento de Avaliação da APS - PCATool. Odds ratios (OR) brutos e ajustados, com respectivos intervalos de confiança (95%) foram calculados, aplicando-se a regressão logística multivariada e seguindo-se os pressupostos da abordagem hierarquizada, buscando-se um modelo explicativo que contemplasse as relações hierárquicas existentes entre as exposições e o desfecho, sendo as análises desenvolvidas no software STATA, versão 12.0. Resultados: Renda familiar superior a R$700,00 foi responsável por uma redução de 32% na chance de hospitalização das crianças por pneumonia (OR=0,68; IC95%=0,47-0,98). Paridade >=2 representou um expressivo aumento na chance de hospitalização (categoria 2 partos: OR=4,60, IC95%=2,18-9,72; categoria >=3 partos: OR=3,25, IC95%=1,55-6,81), enquanto o intervalo interpartal >=48 meses e o ganho de peso na gestação de 10 Kg ou mais apresentaram efeito protetor para o desfecho (OR=0,28, IC95%=0,14-0,56 e OR=0,68, IC95%=0,47-0,97, respectivamente). Frequência à creche foi responsável por um aumento de 67% na chance de hospitalização por pneumonia (OR=1,67, IC95%=1,16-2,41). As crianças desnutridas apresentam uma chance duas vezes maior de serem hospitalizadas pela doença (OR=2,53; IC=1,06-6,05) enquanto aquelas com excesso de peso apresentam uma redução de 63% nessa chance (OR=0,37; IC=0,14-0,99); no entanto, questiona-se a plausibilidade biológica desse efeito protetor. A situação vacinal não atualizada foi responsável por um aumento de quase 3 vezes na chance de hospitalização por pneumonia (OR=2,81; IC=1,76-4,49). As crianças que fizeram uso pregresso de medicamentos apresentaram uma chance 67% maior de serem hospitalizadas por pneumonia (OR=1,67; IC=1,00-2,78; p=0,049). Crianças com sibilância prévia apresentaram o dobro de chance de serem hospitalizadas pela doença (OR categoria 1 episódio = 2,13; IC95%=1,31-3,47; OR categoria >=3 episódios = 2,37; IC95%=1,35-4,15). A exclusão de pneumonias aspirativas dentre os casos pode ter contribuído para uma maior proporção de crianças com refluxo referido entre os controles, levando a uma associação inversa à esperada (efeito de proteção) entre refluxo gastroesofágico e hospitalização por pneumonia (OR=0,55; IC=0,31-0,99). Escores Essenciais da APS acima de 3,17 foram responsáveis por um efeito protetor em relação à hospitalização por pneumonia, reduzindo as chances de hospitalização em 43% (OR para a categoria >3,41 = 0,57; IC=0,32-0,99) a 50% (OR para a categoria >3,17 e <=3,41 = 0,50; IC=0,28-0,88). Conclusões: O modelo explicativo obtido pelo presente estudo é composto, em grande parte, por variáveis relacionadas ao cuidado à criança ou às características da mãe e da família. Considerando-se os procedimentos referentes ao planejamento do estudo, à execução da coleta de dados e às análises estatísticas empregadas, reitera-se a consecução de validade interna para o estudo, sendo possível afirmar que o modelo obtido é explicativo do fenômeno da hospitalização por pneumonia, na população estudada. / Objectives: To investigate the factors associated with hospitalization due to pneumonia in children under five years of age in the city of Ribeirão Preto - SP, Brazil. Methods: Epidemiological study with a hospital-based case-control design, including 345 cases and 345 controls. Socioeconomic, reproductive, environmental, perinatal, nutritional, childcare and previous morbidity factors were considered as explanatory variables. The data were collected through the application of a pre-coded questionnaire that addressed the study variables and included the Primary Care Assessment Tool - PCATool. Gross and adjusted odds ratios (OR) were calculated with their respective confidence intervals (95%), applying multivariate logistic regression in accordance with the premises of the hierarchized approach, looking for an explanatory model that considered the existing hierarchical relations between the exposures and the outcome. The analyses were developed in STATA software, version 12.0. Results: A family income superior to R$700 was responsible for a 32% reduction in children\'s chance of hospitalization due to pneumonia (OR=0.68; 95%CI=0.47-0.98). Parity>=2 represented a considerable increase in the chance of hospitalization (category 2 births: OR=4.60, 95%CI=2.18-9.72; category >=3 births: OR=3.25, 95%CI=1.55-6.81), while the inter-birth interval >=48 months and the weight gain of 10 Kg or more during pregnancy represented a protective effect against the outcome (OR=0.28, 95%CI=0.14-0.56 and OR=0.68, 95%CI=0.47-0.97, respectively). Attending kindergarten was responsible for a 67% increase in the chance of hospitalization due to pneumonia (OR=1.67, 95%CI=1.16-2.41). Malnourished children present twice as many chances of being hospitalized due to the disease (OR=2.53; CI=1.06-6.05), while children with overweight present a 63% reduction in that chance (OR=0.37; CI=0.14-0.99); the biological plausibility of this protective effect is questioned though. An outdated vaccine situation was responsible for almost three times as many chances of hospitalization due to pneumonia (OR=2.81; CI=1.76-4.49). Children with earlier medication use revealed a 67% higher chance of being hospitalized due to pneumonia (OR=1.67; CI=1.00-2.78; p=0.049). Children with earlier wheezing presented twice as many chances of being hospitalized due to the disease (OR category 1 episode = 2.13; 95%CI=1.31-3.47; OR category >=3 episodes = 2.37; 95%CI=1.35-4.15). The exclusion of aspiration pneumonias from the cases may have contributed to a greater proportion of children with reflux among the control, leading to an inverse association (protective effect) between gastroesophageal reflux and hospitalization due to pneumonia (OR=0.55; CI=0.31-0.99). Essencial Scores of PHC superior to 3.17 were responsible for a protective effect with regard to hospitalization due to pneumonia, reducing the chances of hospitalization by 43% (OR for the category >3.41 = 0.57; CI=0.32-0.99) to 50% (OR for the category >3.17 and <=3.41 = 0.50; CI=0.28-0.88). Conclusions: The explanatory model obtained in this study largely includes variables related to childcare or the mother\'s and family\'s characteristics. In view of the study planning and data collection procedures and the statistical analyses applied, the internal validity of the study is highlighted, based on which it can be affirmed that the obtained model explains the phenomenon of hospitalization due to pneumonia in the study population.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-21052014-191538 |
Date | 11 February 2014 |
Creators | Pina, Juliana Coelho |
Contributors | Mello, Débora Falleiros de, Moraes, Suzana Alves de |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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