O estudo da comunicação animal-ser humano mediada por signos arbitrários concentrou-se tradicionalmente em chimpanzés, bonobos, golfinhos e papagaios. O cão doméstico (Canis familiaris), na medida em que adaptado pela domesticação à interação com o ser humano, constitui um modelo interessante para a análise dos processos de comunicação interespecíficos. Sofia, o sujeito do presente estudo, é uma cadela treinada a usar um teclado, pressionando teclas com símbolos arbitrários (lexigramas), para comunicar desejos (Rossi & Ades, 2008). A questão examinada aqui foi a capacidade de Sofia levar em conta, quando usa o teclado, os sinais de atenção do ser humano e o acesso visual deste ao teclado. Para tanto, foram realizadas três séries de experimentos. Na primeira série de experimentos Sofia devia escolher entre dois teclados idênticos, a partir do aspecto dos experimentadores que permaneciam em frente a cada um deles: (1) condição de orientação corporal (OC): um experimentador de frente, outro de costas; (2) condição de visibilidade dos olhos (VO): um experimentador com venda nos olhos, outro sem venda. Numa segunda série de experimentos, Sofia, depois de usar o teclado, devia escolher entre dois experimentadores para receber o pedido, (3) condição OCexp: um experimentador de frente, o outro de costas; (4) condição VOexp: um experimentador com venda nos olhos, o outro sem. Finalmente, na terceira série de experimentos, Sofia devia escolher entre dois teclados, um deles situado atrás de um anteparo opaco, fora do campo de visão do experimentador e o outro visível: (5) condição AA: anteparo opaco alto; (6) condição AB: anteparo opaco baixo; (7) condição AT: anteparo opaco baixo de um lado, anteparo transparente baixo do outro. Sofia não escolheu em proporção significativa o teclado próximo aos experimentadores que poderiam vê-la (OC, VO), entretanto escolheu significativamente o experimentador situado de frente a ela (OCexp) para receber o alimento, sem contudo manifestar preferência no caso VOexp, resultados que indicam que Sofia é capaz de levar em conta um sinal de atenção (posição frentecostas) quando se dirige diretamente para o experimentador. Nos experimentos com anteparos, observou-se escolha quase que total da alternativa sem anteparo ou com anteparo transparente (AA, AB e AT), resultado que demonstra a sensibilidade de Sofia à condição de acesso visual do experimentador ao teclado. / Studies on animal-human being communication through arbitrary signs were traditionally concentrated in chimpanzees, bonobos, dolphins and parrots. The domestic dog (Canis familiaris) constitutes an interesting model for the analysis of interespecific communication processes since it is well adapted by domestication to interact with the human being. Sofia, the subject of the present study, is a mongrel dog trained to press keys on a keyboard with arbitrary signs to communicate her desires (Rossi & Ades, 2008). The question here examined was Sofias capacity of taking into account the human attention signs and his visual access to the keyboard when she uses it. In order to answer these questions three series of experiments were carried out. In the first series, Sofia had to choose between two identical keyboards, based on the experimenter condition that was in front of each keyboard: (1) body orientation condition (OC): one experimenter was facing the keyboard, while the other one was facing backwards; (2) The eye visibility condition (VO): one experimenter had a blindfold covering his eyes, while the other one did not. In the second series of experiments, Sofia, after pressing the keyboard, should choose between two experimenters to receive what she asked for: (3) OCexp condition: one experimenter facing Sofia, and the other one facing backwards; (4) VOexp condition: one experimenter with a blindfold covering his eyes, the other one without it. Finally, in the third series of experiments, Sofia should choose between two keyboards, one of them placed behind an opaque barrier, out-of-view from the experimenter point, and the other one plainly visible for him: (5) AA condition: a high opaque barrier; (6) AB condition: a low opaque barrier and (7) AT condition: a low opaque barrier on one side, and a transparent barrier on the other side. Sofia did not choose significantly more the keyboard in front of experimenters that could see her pressing it, in front of her or without a blindfold (OC, VO). However, she chose significantly more the experimenter facing her to receive what she had just asked for (OCexp), although she did not preferred the experimenter without blindfold (VOexp). These results indicate that Sofia is able to take into account the attention signs (body orientation) when she goes directly to the experimenter. In the barrier experiments, she chose for almost all sessions the no-barrier alternative or the transparent barrier (AA, AB and AT), which demonstrate that Sofia is sensitive to the human visual access to the keyboard.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-16122009-161632 |
Date | 15 January 2009 |
Creators | Carine Savalli Redigolo |
Contributors | Cesar Ades, Didier Sheila Jean Marie Demolin, Mauro Lantzman |
Publisher | Universidade de São Paulo, Psicologia Experimental, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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