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Avaliação microbiológica e de fatores climáticos na produção de alfaces destinadas à alimentação escolar em propriedades da agricultura familiar no sul do Brasil.

A alface é uma das hortaliças mais consumidas no Brasil. Várias escolas públicas do Estado do Rio Grande do Sul, sul do Brasil, ofertam esse vegetal no cardápio da alimentação escolar, no intuito de oferecer uma alimentação mais equilibrada, rica em nutrientes e fibras. A partir de junho de 2009, quando foi promulgada a Lei nº 11.947, foi determinado que pelo menos 30% dos recursos financeiros da alimentação escolar deveriam ser investidos na aquisição de alimentos produzidos pela agricultura familiar. No entanto, as condições higiênico-sanitárias dessas propriedades, assim como, a qualidade microbiológica de alfaces nelas produzidas, ainda são pouco conhecidas. Com base nisso, o objetivo desse trabalho foi investigar a qualidade microbiológica e os fatores climáticos na produção de alfaces destinadas à alimentação escolar em propriedades da agricultura familiar, no Sul do Brasil. Participaram deste estudo quatro propriedades rurais produtoras de alfaces convencionais destinadas a 159 escolas municipais do Rio Grande do Sul. Durante o período de julho/2013 a abril/2014, cada propriedade foi visitada de 3 a 5 vezes, quando foram coletadas e analisadas amostras de alface, solo, adubo químico e orgânico, água de irrigação e água de lavagem, além da temperatura das águas. Também foram coletados parâmetros climáticos como precipitação, temperatura, radiação solar e umidade relativa. Os resultados demonstraram altas contagens de Escherichia coli variando de 3,51 a 5,57 log10 UFC/g (83.3%) em adubos orgânicos, além da presença de Salmonella Cerro em uma das amostras, sugerindo falhas no controle do tempo de compostagem. As amostras de solo demonstraram altas contagens de E. coli, variando de Não Detectado (ND) a 3,83 log10 UFC/g (7.4%), nos produtores que utilizaram adubos orgânicos. Uma amostra de solo coletada em uma propriedade que utilizava adubo químico demonstrou baixas contagens de E. coli e a presença de S. Cerro. As amostras de água de irrigação demonstraram contagens de coliformes termotolerantes, variando de ND até 23 NMP/100mL. As maiores contagens foram provenientes de água de açude, enquanto que as menores vieram de água de rio e fonte natural, localizada no alto de uma colina. As amostras de água de lavagem também demonstraram quantidades variadas de coliformes termotolerantes, sendo que as menores contagens foram obtidas em águas oriundas de poço artesiano e as maiores do mesmo açude das águas de irrigação citadas acima. Nenhuma amostra de água demonstrou Salmonella spp ou E. coli O157:H7. Dentre as 54 amostras de alface, apenas 08 demonstraram E. coli, com contagens de ND a 3,43 log10 UFC/g (14.8%). Apenas uma amostra de alface apresentou S. Cerro, a qual foi coletada em propriedade que também apresentou esse sorovar de Salmonella em adubo orgânico. De forma geral, a precipitação foi baixa (0,43 a 0,86 mm), a umidade relativa foi alta (82 a 90,2%), a temperatura foi variável (13,3ºC a 22,9ºC), assim como a radiação solar (10,64 a 670kjm2). As análises estatísticas demonstraram que quando a radiação solar foi alta houve influência significativa nas contagens de coliformes totais nas amostras de alface e solo, as quais apresentaram contagens mais altas. Já as contagens de coliformes termotolerantes nas amostras de água de irrigação apresentaram contagens mais baixas, quando a radiação solar foi alta. Os resultados demonstram a existência de fontes de contaminação microbiológicas ao longo da cadeia produtiva de alface destinada à alimentação escolar do Sul do Brasil. Embora a contaminação das alfaces tenha sido baixa, destaca-se a necessidade de controle do tempo de compostagem de adubos orgânicos, a utilização de água de irrigação de boa qualidade e uso de água de lavagem potável. Além disso, destaca-se a necessidade de higienização adequada desses folhosos, antes de seu consumo, principalmente devido ao público-alvo ser composto por um grande número de crianças. / Lettuce is one of the most consumed vegetables in Brazil. Several state schools in the State of Rio Grande do Sul, Southern Brazil, add this kind of vegetable to the menu of school meals in order to offer a balanced diet rich in nutrients and fiber. Since June 2009, when Law No. 11.947 was enacted, it was determined that at least 30% of school meals funding should be invested in the purchase of food produced by family farmers. However, the hygienic-sanitary conditions of these properties, as well as the microbiological quality of lettuce produced by them are still poorly known. Based on this, the objective of this study was to investigate the microbiological quality and climatic factors on the family-farm-production of lettuce intended for school meals of Southern Brazil. The study included four rural properties which produce conventional lettuces intended for 159 municipal schools of Rio Grande do Sul. During the period from July/2013 to April/2014, each property was visited 3 to 5 times, when samples of lettuce, soil, fertilizers, irrigation water and washing water were collected and analyzed. The temperature of water samples also were measured. Climatic parameters such as rainfall, outside temperature, solar radiation and relative humidity were also collected. The results demonstrated high counts of Escherichia coli ranging from 3.51 to 5.57 log10 CFU/g (83.3%) in organic fertilizers, and the presence of Salmonella Cerro in a sample, suggesting problems in controlling the composting time. Soil samples demonstrated high counts of E. coli, ranging from Not Detected (ND) to 3.83 log10 CFU/ (7.4%) in farms that used organic fertilizer. A soil sample collected in a property that used chemical fertilizer showed lower counts of E. coli, but the presence of S. Cerro. The irrigation water samples showed thermotolerant coliform counts, ranging from ND to 23 MPN/ 100ml. The highest counts were obtained in dam water samples, while the lowest counts were demonstrated in river samples and in natural water source samples, located in the top of a hill. Samples of the washing water also demonstrated varied amount of thermotolerant coliforms, being that the lowest counts were observed in waters coming from the well and the highest ones from the same irrigation water well mentioned above. No water sample showed Salmonella or E. coli O157:H7. Only 8 out of the 54 lettuce samples showed E. coli with counts of ND to 3.43 log10 CFU/g (14.8%). Just one sample of lettuce presented S. Cerro, which was collected in the property that also showed the same serovar of Salmonella in organic fertilizer. In general, the precipitation was low (0.43 to 0.86mm), the relative humidity was high (82 to 90.2%), the outside temperature was variable (13.3ºC to 22.9ºC), as well as the solar radiation (from 10.64 to 670 MJm2). Statistical analysis showed a significant influence of solar radiation on the total coliform counts on lettuces and soil, because when the former was high, the latters were high too. However, when the solar radiation was high, irrigation water samples demonstrated lower thermotolerant coliforms counts. The results demonstrated the existence of sources of microbiological contamination along the production chain of lettuce destined for school feeding in Southern Brazil. Although contamination of lettuces was low, results demonstrated the need of controlling the composting time of organic fertilizers, the use of irrigation water with good quality and the use of potable washing water. In addition, there is the need of adequate sanitization of leafy greens before its consumption, mainly because the students in schools of Southern Brazil are mostly children.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/110762
Date January 2014
CreatorsAlfama, Elis Regina Gomes
ContributorsTondo, Eduardo Cesar
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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