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Vai um café? análise do personagem Lula no programa Café com o Presidente.

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Previous issue date: 2018-02 / Apresentamos uma análise do personagem Lula no programa radiofônico Café com o presidente e a sua relação com o tipo de liderança que povoou o imaginário social brasileiro no primeiro mandato do governo petista. Para o atingimento dos objetivos, utilizam-se as noções de imagem pública e de mitologia política. Do ponto de vista metodológico, a arena política foi tomada como espaço dramatizado, propício a atuações cênicas. Acreditou-se que como acontece nas narrativas míticas e nas encenações teatrais, os participantes do jogo político se comportam em público como estivessem interpretando papéis. Na metodologia também são utilizados os conceitos da Nova Retórica, através dos quais foram analisados os acordos e estratégias discursivas que permitiram apreender o caráter da personalidade pública de Lula no programa radiofônico Café com o presidente. Aqui, o discurso se configurou como lugar onde as formas simbólicas e as disputas por elas realizadas tomam corpo e se concretizam. A partir de uma abordagem microscópica, o estudo pautou-se apenas nas edições produzidas no primeiro mandato dos governos Lula. O argumento básico da Tese é que apesar de sua materialidade como sujeito empírico, como um ser de carne e osso que existe no mundo real, no Café com o presidente Lula se comportou arquetipicamente como um homem comum, uma figura dramática concernente ao campo do imaginário social e das mitologias políticas. Partindo do contexto daquele programa de rádio, afirma-se que a liderança que ali se apresentou não foi o “Lula real”, mas uma imagem, um fenômeno simbólico produzido no imaginário e que se manifestou através da enunciação de uma forte argumentação política, objetivando a manutenção, o controle e o exercício eficaz do poder político. Apesar da estrutura e aparência, defende-se que Café com o presidente não foi um “autêntico” programa de radiojornalismo, mas o lugar estratégica e racionalmente escolhido para que Lula pudesse fortalecer e legitimar a imagem de homem simples e de líder preocupado com as demandas de “seu povo”. Argumenta-se que Lula é um comunicador inigualável, que vê o mundo a partir de sua experiência sensível, e de uma história de vida que subjetivamente o aproxima do eleitorado brasileiro, que o autoriza a se comunicar com os segmentos mais pobres utilizando a linguagem do homem comum. Percebe-se que naquele programa de rádio, o enunciatário do discurso presidencial não era uma instância abstrata e universal, mas uma imagem concreta a quem se destinava uma narrativa específica. No Café com o presidente, o discurso político lulista, apesar de emotivo, era minuciosamente calculado e consciente, ou seja, racionalizado. No rádio, o enunciador do discurso presidencial não encontrou dificuldades para mobilizar o imaginário dos segmentos pobres da população brasileira. Isso aconteceu não somente pelo fato de “o Lula real” ter vivenciado a pobreza, nem de ter atuado como sindicalista ou de ter conhecido de perto as mazelas brasileiras, mas por o personagem Lula ser um exímio conhecedor daquilo que move e comove os seus interlocutores, o que o autorizou a assumir o papel temático de homem comum e se colocar como o legítimo representante dos setores mais pobres da sociedade brasileira. Nesta Tese, compreende-se que em seu programa de rádio, Lula não apenas se pôs no lugar do pobre, ele se igualou ao seu interlocutor e velou os seus dramas. Ao procedermos a uma análise argumentativa dos discursos ali pronunciados, percebe-se que ao relatar as suas experiências, o ex-presidente estabeleceu uma identidade discursiva com os batalhadores e com a ralé que, tomados como protagonistas da ação governamental aderiram à máscara ritual que se lhes apresentava. No Café com o presidente, a identidade e reciprocidade entre Lula e seu público ocorreu através do reconhecimento e compartilhamento de subjetividades relativas às formas de ser, pensar e agir dos batalhadores e da ralé. Identidade e reciprocidade advindas da carência material e cultural e que passam pelo reconhecimento do drama e dor da fome, se estabelecem pelo sofrimento e estigma do trabalho diário e pesado e, no caso da ralé, também passam pela ausência de condições que permita aos indivíduos se apropriarem de elementos que possam dar às suas vidas algum sentido. / It presents an analysis of the character Lula in the Brazilian radio program Café com o presidente and its relationship with the type of leadership that populated the Brazilian social imaginary in the first term of the president’s party government. To achieve the objectives, the notions of public image and political mythology are used. From the methodological point of view, the political arena was taken as dramatized space, conducive to scenic performances. It was believed that as in mythical narratives and theatrical plays, participants in the political game behave in public as they were playing roles. In the methodology also the concepts of the New Rhetoric are used, which made possible to analyze discursive strategies that allowed apprehending the character of the public personality of Lula in the radio program Café com o presidente. Here, the discourse has been configured as a place where the symbolic forms and the disputes that they held take shape and materialize. From a microscopic approach, the study was based only on issues produced in the first term of Lula’s governments. The basic argument of the Dissertation is that despite its materiality as an empirical subject, as a flesh-and-blood being that exists in the real world, in the radio program Café com presidente, Lula behaved archetypically as an ordinary man, a dramatic figure concerning the field of social imaginary and political mythologies. From the context of that radio program, it is affirmed that the leadership presented there was not the "real Lula", but an image, a symbolic phenomenon produced in the imaginary and that was manifested by means of the enunciation of a strong political argumentation, aiming the maintenance, control and effective exercise of political power. Despite the structure and appearance, it is defended that Café com o presidente was not an "authentic" radio journalism program, but the place strategically and rationally chosen so that Lula could strengthen and legitimize the image of a simple man and a concerned leader of the demands of "his people". It is argued that Lula is an unequalled communicator, who sees the world from his sensitive experience, and a life story that subjectively brings him closer to the Brazilian electorate, which authorizes him to communicate with the poorer segments using the language of the ordinary man. It is noticed that in that radio program, the enunciator of the presidential speech was not an abstract and universal instance, but a concrete image to who a specific narrative was destined. In the Café com o presidente, Lula’s political discourse, although emotional, was meticulously calculated and conscious, that is, rationalized. In radio, the enunciator of the presidential discourse did not find difficulties to mobilize the imaginary of the poor segments of the Brazilian population. This happened not only because "the real Lula" had experienced poverty, or had acted as a syndicalist or has known the Brazilian maladies closely, but because the character Lula is a knowledgeable exponent of what moves and moves deeply his interlocutors, which allowed him to assume the thematic role of an common man and to place himself as the legitimate representative of the poorer sectors of the Brazilian society. In this dissertation, it is understood that in his radio program, Lula not only put himself in the place of the poor, he matched to his interlocutors and veiled sincerely their dramas. When we proceed to an argumentative analysis of the speeches pronounced there, it is noticed that in reporting his experiences, the former president established a discursive identity with the battlers and the rabble that, taken as protagonists of the governmental action, adhered to the ritual mask that presented them. In the Café com o presidente, the identity and reciprocity between Lula and his audience occurred through the recognition and sharing of subjectivities related to the ways of being, thinking and acting of the strugglers and the rabble. Identity and reciprocity arising from material and cultural deprivation which recognize the tragedy and pain of hunger, establishing by the suffering and stigma of daily and heavy work and, in the case of the rabble, also go through the absence of conditions that allow individuals to elements that can make their lives meaningful.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:localhost:riufcg/1370
Date07 August 2018
CreatorsSANTOS, Leandro José.
ContributorsLIMA, Elizabeth Christina de Andrade., OLIVEIRA , Roberto Verás de., SILVA , Vanderlan Francisco da., PANKE , Luciana., José, ADILSON FILHO.
PublisherUniversidade Federal de Campina Grande, PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS, UFCG, Brasil, Centro de Humanidades - CH
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Biblioteca de Teses e Dissertações da UFCG, instname:Universidade Federal de Campina Grande, instacron:UFCG
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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