Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutora em Ciências Ambientais. / O povo Guarani Mbya está presente em Santa Catarina há quase um milênio. Com base na historiografia colonial, o povo Guarani histórico era cultivador de milho e, segundo estudos arqueológicos, há uma hipótese da existência de duas rotas migratórias ligadas à tradição Tupi (cultivadores de mandioca) e à tradição Guarani (cultivadores de milho), que se encontraram na costa atlântica, num tempo anterior à chegada dos colonizadores europeus. Diante desses relatos encontrados na literatura, buscou-se aprofundar a investigação e a discussão teórica sobre a relação dos povos indígenas com a natureza e suas contribuições à sustentabilidade ambiental, uma vez que, conforme abordado anteriormente, os povos indígenas estabeleceram contato com o meio natural desde o início dos tempos e com ele evoluíram, em um processo dinâmico da relação social entre homem e natureza. Neste estudo, a utilização da abordagem interdisciplinar, utilizando aportes conceituais e reflexões de diversas áreas do conhecimento, contribuiu para maior compreensão da visão de mundo e das características culturais do povo Guarani Mbya, bem como das singularidades socioambientais. No longo período de tempo em constante convivência com o meio natural do estado de Santa Catarina, esse povo desenvolveu estratégias de uso e de conservação da biodiversidade, as quais poderão ser referências de sociobiodiversidade em novos estudos sobre sustentabilidade ambiental. Por meio da pesquisa bibliográfica e documental e da análise de conteúdo, método utilizado para esta investigação, ficou demonstrado que, apesar das dificuldades atuais de acesso e de manejo nos ambientes que ocupam, esse povo desempenha um papel importante no incremento
da biodiversidade local, caracterizando-se por apresentar acentuada diversidade inter e intraespecífica, a qual pode ser encontrada na composição de seus ambientes de cultivo, bem como na conservação da floresta e de variáveis ambientais, como água e solos, pelas práticas sustentáveis que utilizam. Essas técnicas culturais e esses saberes tradicionais poderão ser alternativas na construção de novas abordagens interdisciplinares que buscam formas de resolução para os impactos socioambientais e alimentares da atualidade. Essas averiguações levaram a confirmar a hipótese da pesquisa de que as referências culturais e os saberes tradicionais de manejo do meio ambiente do povo Guarani Mbya têm assegurado a conservação da biodiversidade e a sustentabilidade ambiental. Como este estudo apontou, para que essa prática continue ocorrendo, é fundamental que esses povos tenham a garantia de permanência em seus territórios.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unesc.net:1/5475 |
Date | January 2017 |
Creators | Batista, Kátia Mara |
Contributors | Milioli, Geraldo, Citadini-Zanette, Vanilde |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UNESC, instname:UNESC, instacron:UNESC |
Coverage | Universidade do Extremo Sul Catarinense |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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