Câncer de mama e ginecológico tem alta incidência entre as mulheres brasileiras e seu diagnóstico produz diversas reações emocionais, como ansiedade, depressão e redução da qualidade de vida. Coping é definido como o conjunto de estratégias, cognitivas e comportamentais, utilizadas para lidar com situações estressoras. Quando são utilizadas estratégias relacionadas à religião para lidar com o estresse, ocorre o chamado coping religioso-espiritual. O objetivo deste trabalho foi avaliar o coping religioso-espiritual de mulheres com câncer e verificar a relação deste fator com a presença de sintomas psicológicos, com a percepção de suporte social e com a qualidade de vida. Após a aprovação pelo comitê de ética, 120 mulheres diagnosticadas com câncer de mama ou ginecológico, em atendimento em um hospital universitário, foram avaliadas quanto ao uso do coping religioso-espiritual (Escala CRE), à percepção de suporte social (Escala de Suporte Social - MOS), à presença de sintomas de ansiedade e depressão (HAD) e à qualidade de vida (WHOQol-Bref). Uma entrevista semi-estruturada foi aplicada para levantar informações sociodemográficas, aspectos clínicos e prática religiosa. Os resultados foram submetidos a testes estatísticos para verificar a existência de relações entre as variáveis. A média de idade da amostra foi de 52,1 anos; a maioria possuía companheiro, tinha menos de oito anos de estudo e renda per capita menor que um salário mínimo; 63% referiram história familiar de câncer e 55,8% estavam em tratamento para câncer em estádio III e IV; 90% declararam ter uma religião definida e destes 78% eram praticantes. Foram identificados sintomas depressivos e de ansiedade em 30% da amostra. Quanto ao coping religiosoespiritual, 81% utilizavam CRE total em frequência alta e há uma proporção maior de participantes que faziam uso do coping positivo em comparação ao uso do enfrentamento negativo. A amostra obteve índices elevados em todas as dimensões de suporte social e a qualidade de vida mostrou-se mais baixa que em outras populações. A análise comparativa entre as variáveis permitiu identificar que o uso de estratégias positivas de coping religiosoespiritual estava significativamente relacionado à ausência de sintomas ansiosos e depressivos, a maior percepção de suporte social e a melhor qualidade de vida, enquanto que o uso de estratégias negativas de coping está relacionado à piores índices em todos os instrumentos (p<0,05). O coping religioso-espiritual foi uma estratégia de enfrentamento bastante utilizada por esta amostra mulheres com câncer. Este resultado indica a importância das variáveis religiosidade e espiritualidade no processo de resiliência e de proteção à saúde. / Breast and gynecologic cancer has a high incidence among Brazilian women and their diagnosis produces emotional reactions such as anxiety, depression and reduced quality of life. Coping is defined as the behavioural and cognitive strategies used to face stressful situations. Strategies linked to religion, named religious/spiritual coping. This study aimed to evaluate religious coping in women with cancer and the relationship with the psychological symptoms, social support and quality of life. After approval of the Institutional Ethics Committee, 120 women diagnosed with breast or gynecologic cancer, attending in a university hospital were evaluated for the use of religious coping (RCOPE), social support (Social Support Scale - MOS), anxiety and depression (HAD) and quality of life (WHOQOLBREF). A semi structured interview collected data on socio demographic characteristics, clinical, and religious practice. The results were subjected to statistical tests to check for relationships between variables. The mean age of the sample was 52.1 years, the majority had a partner, had less than eight years of schooling and income lower than the minimum wage, 63% reported family history of cancer and 55.8% were under treatment cancer stage III and IV, 90% had a specific religion and 78% of these were practitioners. We identified depressive symptoms and anxiety in 30% of the sample. As for the religious coping, 81% used CRE total high frequency and there is a greater proportion of participants who made use of positive coping in comparison to the use of negative coping. The sample obtained high ratings in all dimensions of social support and quality of life proved to be lower than in other populations. The comparative analysis between the variables identified that the use of positive religious coping was significantly related to the absence of anxious and depressive symptoms, the greater social support and better quality of life, while the use of negative religious coping is related to worst rates on all instruments (p <0.05). Religious coping proved to be a strategy frequently used by patients with a breast or gynaecological cancer. It also seems to be a protection factor to the psychological stress caused by diagnosis and treatment of the disease.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-14102013-143946 |
Date | 17 December 2012 |
Creators | Marucci, Flávia Andressa Farnocchi |
Contributors | Gorayeb, Ricardo |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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