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Influência da Serra do Mar na distribuição e biologia de Aeglidae (Crustacea, Anomura) na porção leste do Estado do Paraná

Resumo: Um estudo sobre os padrões de distribuição dos eglídeos (Crustacea, Anomura, Aeglidae) com ocorrência no Estado do Paraná e a variação intraespecífica morfológica de Aegla schmitti dentre populações isoladas pelo conjunto de montanhas da Serra do Mar foi realizado. A análise do padrão de distribuição foi realizado principalmente com base em visitas à coleções científicas, porém coletas adicionais foram realizadas, especialmente nas bacias hidrográficas dos rios Iguaçu, Ribeira do Iguape, Tibagi e Litorânea, de fevereiro de 2009 a outubro de 2012. Em cada coleta as seguintes variáveis abióticas foram mensuradas: temperatura da água (ºC), oxigênio dissolvido (mg/L), saturação de oxigênio (%), condutividade elétrica (?S/cm), potencial hidrogeniônico (pH), velocidade de correnteza do riacho (m/s), vazão da água (m³/s) e teor de matéria orgânica volátil do substrato (%), volume (m³) e área (m²) coberta por material vegetal, sedimento e rochas. A influência do isolamento geográfico e padrões locais foram analisados em relação a duas localidades: no Rio Arraial, pertencente à Bacia Hidrográfica Litorânea e Rio Capivari, pertencente à Bacia Hidrográfica do Ribeira do Iguape. Sete espécies foram registradas para o Estado do Paraná. Exceto Aegla lata, que foi restrita à Bacia Hidrográfica do Rio Tibagi, todas as demais estão distribuídas em mais de uma bacia hidrográfica. Aegla schmitti se distribuiu ao longo dos rios das bacias do Iguaçu, Ribeira do Iguape e Litorânea; A. marginata nas bacias Litorânea e Ribeira do Iguape; A. paulensis do nordeste do Estado de São Paulo na Bacia do Rio Paraíba do Sul até o norte do Paraná, na Bacia do Ribeira do Iguape; A. castro, do sul do Estado de São Paulo até a Bacia do Arroio Guarauma no Estado do Paraná; A. parva da porção leste do Estado de Santa Catarina, na Bacia do Rio Cubatão, até o sul do Estado do Paraná, na Bacia do Rio Iguaçu; e A. parana apresenta ocorrência ao longo das bacias dos rios Rio Iguaçu e Paraná. O padrão de distribuição geográfica foi consistente com alguns pardrões e eventos geológicos que moldaram a paisagem na região. Presença de eglídeos ou sua ausência em algumas localidades foi em decorrência de atividades humanas e condições ambientais locais. Técnicas de morfometria geométrica foram utilizadas para verificar o efeito do isolamento geográfico e condições locais diferenciadas sobre o formato da carapaça e própodo dos quelípodos de A. schmitti. Cada população apresentou sua própria composição de forma. Os locais analizados apresentaram somente o teor de oxigênio dissolvido e a área e volume de material vegetal similares entre si, as características limonlógicas diferenciadas dos riachos fizeram com que diferentes parâmetros ambientais influenciassem a distribuição de A. schmitti. No Rio Arraial, as variáveis melhor explicam a distribuição dos machos foi velocidade de correnteza e matéria orgânica do sedimento e percentual de matéria orgânica no sedimento para fêmeas, enquanto no Rio Capivari, esses parâmetros foram área do substrato coberto por rochas para machos e volume de sedimento e pH para as fêmeas. Os dados sugerem uma partição espacial da ocupação do espaço por machos e fêmeas nesses riachos, com os primeiros ocupando regiões com maior velocidade de correnteza e as fêmeas com preferência pelas margens, regiões com maior depósito de material orgânico e sedimentos. A fim de comparar aspectos das populações viventes na porção leste (Rio Arraial) e oeste (Rio Capivari) da Serra do Mar, os seguintes parâmetros populacionais foram avaliados: tamanho médio da maturidade morfológica, composição de tamanho das categorias demográficas, período reprodutivo, tamanho do início da maturidade sexual gonadal e curva de crescimento de von Bertalanffy. Com relação aos parâmetros populacionais machos e fêmeas de A. schmitti apresentaram estimativas diferenciadas de tamanho médio do início da maturidade sexual morfológica. Para os machos essa estimativa ficou em 10,94 e 11,14mm de comprimento da carapaça (CC), para os rios Arraial e Capivari, já para as fêmeas a passagem para a fase adulta ocorreu por volta dos 10,62 e 9,92mm de CC para os mesmos locais. Indivíduos juvenis de ambas as populações e fêmeas adultas do Rio Capivari apresentaram quelípodos de tamanho similar, enquanto os machos adultos apresentaram o quelípodo esquerdo maior tanto em comprimento quanto altura. Para a avaliação da biologia reprodutiva das fêmeas o estado de maturação gonadal foi registrado através da visualização da cor e do tamanho dos ovários na superfície ventral do abdômen e classificados em cinco categorias: imatura (IM), em desenvolvimento (ED), desenvolvido (D), oviposição iminente (OV) e ovígera (OVI), da mesma forma o período reprodutivo da espécie foi determinado através da frequência de fêmeas ovígeras ao longo do período de amostragem. Fêmeas com ovários em estágio 2 ou mais avançado foram amostradas em todos os meses do ano, exceto em Setembro, no Rio Capivari, quando somente indivíduos com gônadas imaturas foram coletados. O período reprodutivo durou dois meses a mais na população do Rio Arraial (de abril a outubro). O tamanho médio da maturidade sexual funcional foi estimado em 13,10mm e 16,25mm CC nos rios Arraial e Capivari, respectivamente. No presente estudo foi observado que o método de amostragem influenciou a proporção das categorias demográficas, principalmente no Rio Capivari, onde a população foi menos numerosa. Juvenis foram amostrados em todas as estações do ano, porém o principal período de recrutamento ocorreu em outubro, novembro e dezembro, período que se seguiu ao da desova. As curvas de crescimento nos machos dos rios Arraial e Capivari foram representadas pelas equações Ct=26,50[1-e-0,004(t+53,36)] e Ct=34,79[1-e-0,0024(t+122,34)], respectivamente. Já para as fêmeas dos mesmos locais as curvas de crescimento são representadas pelas seguintes equações: Ct=23,07[1-e-0.0027(t+23,18)] e Ct=25.52[1-e- 0,0033(t+19,51)]. O CC máximo estimado para machos e fêmeas foi de 26,50 e 23,07mm no Rio Arraial, e no Rio Capivari, 34,79 e 25,52mm de CC para machos e fêmeas respectivamente. A longevidade A. schmitti foi estimada em 2,0 anos para as fêmeas de ambas as populações e de 2,5 anos para os machos do Rio Arraial e 3,0 anos para os machos do Rio Capivari. O isolamento geográfico e as diferentes condições locais parecem atuar conjuntamente na fixação de diferenças em parâmetros populacionais e morfológicas em A. schmitti.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace.c3sl.ufpr.br:1884/30600
Date21 June 2013
CreatorsTrevisan, André
ContributorsUniversidade Federal do Paraná. Setor de Ciencias Biológicas. Programa de Pós-Graduaçao em Zoologia, Masunari, Setuko, 1948-, Santos, Sandro
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPR, instname:Universidade Federal do Paraná, instacron:UFPR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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