Objetivo: Avaliar os níveis de hemoglobina de gestantes brasileiras antes e após a fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro e investigar as variáveis associadas. Método: Estudo transversal que integra um projeto matricial desenvolvido com dados retrospectivos obtidos de prontuários de 12.119 gestantes atendidas em serviços públicos de pré-natal localizados em 13 municípios das cinco regiões geográficas do Brasil, divididas em dois grupos: Antes-fortificação das farinhas com ferro (gestantes com parto realizado antes de junho de 2004); e Após-fortificação (gestantes com data da última menstruação posterior a junho de 2005). A coleta de dados ocorreu em 2006-2008 e incluiu apenas gestantes de baixo risco, cujos prontuários continham pelo menos a data da primeira consulta de pré-natal e da última menstruação e a dosagem de hemoglobina (Hb). A variável dependente foi o nível de Hb (g/dL) e as independentes foram: grupo de fortificação, região geográfica, características sociais e demográficas, antecedentes obstétricos e características do pré-natal. Realizou-se análise descritiva, univariada e múltipla do nível de Hb para o total das gestantes, por região geográfica e por trimestre de gestação, por meio de modelos de regressão linear. Contruíram-se modelos de regressão polinomial para o ajuste das curvas de Hb por mês de gestação, que foram comparadas com referências nacional e internacional. Curvas de níveis médios e críticos (-2 desvios-padrão) de Hb de gestantes não anêmicas do grupo Após-fortificação também foram comparados às referências. O nível de significância de todos os testes foi de 5%. O estudo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: Não houve aumento significativo do nível de Hb para o total da amostra (p=0,325) após a fortificação, exceto em gestantes da região nordeste (p<0,001; =0,214) e em gestantes no segundo trimestre de gestação (p=0,025; =0,093). O nível de Hb foi menor entre aquelas que tinham menor idade, viviam sem companheiro, tinham menor Índice de Massa Corporal-IMC, maior idade gestacional e/ou duas ou mais gestações anteriores. Apesar da curva Após-fortificação apresentar níveis superiores em todos os meses de gestação, a regressão polinomial não mostrou efeito significativo da fortificação de farinhas (p=0,316). As curvas de Hb de ambos os grupos de fortificação mostraram-se acima dos níveis críticos das referências nacional e internacional no primeiro trimestre, com queda a seguir e estabilização no final da gestação. A curva de níveis críticos, construída com dados de gestantes não anêmicas do grupo Após-fortificação, ficou abaixo da curva de níveis críticos da referência nacional e do ponto de corte da OMS, mas semelhante à referência internacional, exceto no final da gestação. Conclusões: A fortificação de farinhas com ferro aumentou significativamente o nível de Hb apenas em gestantes da região nordeste do Brasil e no segundo trimestre de gestação. Idade, situação conjugal, IMC, idade gestacional e número de gestações anteriores mantêm-se como características importantes que devem ser consideradas na avaliação da anemia na gestação. As curvas construídas seguem os padrões das referências nacional e internacional. Propõe-se uma curva de Hb de gestantes não anêmicas para ser utilizada na avaliação da anemia em gestantes brasileiras. / Objective: To evaluate the hemoglobin levels of Brazilian pregnant women before and after fortification of wheat and corn flours with iron and to investigate the associated variables. Methods: This collaborative cross-sectional study was developed with retrospective data obtained from medical records of 12,119 pregnant women who attended public prenatal care services in 13 municipalities of five Brazilians geographical regions. They were divided into two groups: Before-fortification (women who delivered before June/2004), and After-fortification (women with date of last period after June/2005). Data collection occurred between 2006-2008 and included only low risk pregnant women, whose medical records contained at least the date of the first prenatal visit, date of the last menstrual period and measurement of Hemoglobin (Hb). The dependent variable was the Hb level (g/dL) and the independent variables were: group of fortification, geography region, social and demographic characteristics, obstetric history and characteristics of prenatal care. We conducted descriptive analysis, univariate and multiple (linear regression) of the Hb level for the total of pregnant women, by geographic region and trimester of pregnancy. Polynomial regression models were used to fit the curves of Hb by month of pregnancy, which were compared with national and international references. Curve of Hb mean and critical levels (-2 standard deviations) constructed with data of non-anemic pregnant of After-fortification group were also compared to references. The significance level for all tests was 5%. This study was approved by the Research Ethics Committee. Results: There was no significant increase in Hb level for the total sample after the fortification (p=0.325), except pregnant women in the northeast region (p <0.001, =0.214) and pregnant women in the second trimester of pregnancy (p=0.025; =0.093). The Hb levels were lower on those who were younger, lived without partner, had lower body mass index-BMI, had higher gestational age and/or had two or more previous pregnancies. Although the curve of After-fortification group had presented higher levels in all months of pregnancy, the polynomial regression showed no significant effect of fortification of flour (p=0.316). The curves of Hb in both groups of fortification were higher than the national and international references critical levels in the first trimester, followed by a drop and stabilization in late pregnancy. The curve of critical levels constructed with data of non-anemic pregnant women of After-fortification group were below the curve of critical levels of national reference and the WHO cut-off point, but similar to the international reference, except in late pregnancy. Conclusions: Fortification of flour with iron significantly increased the Hb levels of pregnant women only in northeast region of Brazil and in the second trimester of pregnancy. Age, marital status, BMI, gestational age and number of previous pregnancies remain as important characteristics that should be considered in the evaluation of anemia in pregnancy. The constructed curves follow the national and international references. We propose a curve of Hb non-anemic pregnant women to be used in the evaluation of anemia in pregnant Brazilian women.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-03062013-101146 |
Date | 15 March 2013 |
Creators | Sato, Ana Paula Sayuri |
Contributors | Fujimori, Elizabeth |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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