Tese (doutorado)- Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Literatura, Florianópolis, 2014. / Made available in DSpace on 2015-04-29T20:59:58Z (GMT). No. of bitstreams: 1
333151.pdf: 878572 bytes, checksum: 862cab46a16730b206a832f8f7ad0d3d (MD5)
Previous issue date: 2014 / Esta tese de doutorado teve como objetivo apresentar um estudo sobre a canção de Martinho da Vila. Optou-se por trabalhar com as canções, mais especificamente com as letras de músicas que foram escolhidas, num primeiro momento, a partir dos eixos de análise: raça e gênero-raça e religiosidade. O que se pode perceber é de que, apesar das contradições, a obra de Martinho da Vila configura-se como um importante elemento de potencialização da resistência e da formação de uma identidade étnica positiva para a população negra. Pode-se perceber, na sua obra, indícios de várias influências que compõem a obra, com destaque para o pan-africanismo e o lusotropicalismo. Em relação ao pan-africanismo, buscou-se intersectar a obra do autor, relacionando-a com os principais representantes do pensamento negro brasileiro, com destaque para para Abdias do Nascimento, Milton Santos, Muniz Sodré, Jurema Werneck e outros. No que diz repeito ao lusotropicalismo, o olhar deu-se a partir de uma relação entre algumas letras de música e o pensamento de Gilberto Freyre, trabalhando não somente com o autor, mas também com os seus críticos. Como fio condutor desse tecido, propõe-se um olhar a partir do que chamei de Epistemologia de Exu, recorrendo ao signo de Exu como uma possibilidade de rompimento com as epistemologias eurocêntricas. Ele é representativo do movimento da resistência negra na diáspora, signo que rompe com a razão e abre para outras possibilidades de leitura do real, do sensível. Exu, assim, torna-se signo de uma epistemologia descolonial, porque recolhe os fragmentos, a contradição e joga tudo num alguidar, alquimizando e produzindo outras formas de existência. Portanto, para pensar a obra de Martinho da Vila, é necessário colocar-se na encruzilhada, nos múltiplos caminhos, há que se pensar nas trocas culturais, mais marcadamente entre Brasil e Angola. O compositor transita entre o pan-africanismo utópico, o lusotropicalismo e o afrocentrismo, de maneira que foi perceptível - em alguns casos, na mesma canção - esta contradição, o que poderia fazer com que houvesse uma desqualificação da potência de sua obra. No entanto, para compreendê-lo e para compreender a cultura negra, torna-se necessário que o paradigma dualista,universal, seja transfigurado em um outro modo, ou melhor, outros modos de olhar e analisar.<br> / Abstract : This doctoral thesis aims to present a study on the Martinho da Vila song. We chose to work with the songs, more specifically with lyrics that were chosen, at first, from the analysis: race and gender-race and religion. What we can see is that, despite the contradictions, Martinho da Vila's work appears as an important enhancement element of resistance and formation of a positive ethnic identity for the black population. Can be seen in his work, evidence of various influences that make up the work, especially the pan-Africanism and the Lusotropicalism. Regarding the pan-Africanism, we sought to intersect the author's work, relating it to the main representatives of the Brazilian black thought, especially for Nascimento, Milton Santos, Muniz Sodré, Jurema Werneck and others. As repeito to Lusotropicalism, the look was given from a relationship between some lyrics and the thought of Gilberto Freyre, working not only with the author, but also with their critics. As a common thread of this tissue, it is proposed a look from what I have called the Epistemology of Eshu, Eshu using the sign as an opportunity to break with the Eurocentric epistemologies. He is representative of the black resistance movement in the Diaspora, sign that breaks the reason and open to other real possibilities of reading, the sensible. Eshu, so it becomes a symbol of a de-colonial epistemology, because collects the fragments, the contradiction and throws everything into a bowl, alquimizando and producing other forms of existence. So to think the work of Martinho da Vila, you must place at the crossroads, in multiple ways, one has to think about the cultural exchanges, most notably between Brazil and Angola. The composer moves between the utopian pan-Africanism, the Lusotropicalism and Afrocentrism, so that was noticeable - in some cases, in the same song - this contradiction, which could cause a disqualification had the power of his work. However, to understand it and to understand the black culture, it is necessary that the dualistic paradigm, universal, is transfigured in another way, or rather, other ways of looking at and analyze.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/132394 |
Date | January 2014 |
Creators | Kawahala, Edelu |
Contributors | Universidade Federal de Santa Catarina, Schmidt, Simone Pereira |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0019 seconds