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Globalização e comida : uma análise microssociológica da relação global/local na alimentação

Este trabalho tem o propósito de compreender uma atividade de consumo pelas lentes da globalização. Em específico, volta-se às práticas de alimentação doméstica e à maneira como esta reage a processos globalizadores. O foco pretendido decorre da crença de que é pertinente se falar a respeito de comida a partir do domínio discursivo do “global”, assumindo-se que muitas das mudanças que ocorrem nas práticas de alimentação estão de alguma forma relacionadas aos movimentos da globalização. Conforme destacam Ger e Belk (1996, p. 295), “a dialética entre globalização e localização não pode ser compreendida a menos que se conheça a forma como o local experimenta essa dialética”, ou seja, a maneira como as forças globais e locais são sentidas no dia-a-dia das pessoas. Para tanto, optou-se por uma perspectiva microssociológica a partir do estudo de oito famílias pelo período de nove meses. O método empregado seguiu a tradição interpretativa da pesquisa do consumidor (i.e. THOMPSON et al., 1989; ARNOULD, 1998) e é inspirado tanto na etnografia quanto na fenomenologia. Diversos procedimentos de coleta e produção de dados foram aplicados, envolvendo observações, entrevistas em profundidade, entrevistas autodirigidas com imagens, diários de alimentação e análise de fotografias. Apesar de haver teses mais alarmistas acerca da homogeneização dos hábitos alimentares, os resultados aqui apresentados indicam que a globalização proporciona recursos simbólicos para que diferentes significados sejam produzidos e negociados no dia a dia do jantar doméstico. Processos globalizadores penetram nesses jantares e são incorporados principalmente via processos de apropriação e creolização, sem necessariamente ameaçar práticas mais arraigadas relacionadas às famílias de origem e à cultura local. / This work aims to understand consumption activities through the lens of globalization. In particular, turns to the eating practices at home and how it reacts to globalizing processes. The focus of this work stems from the belief that it is appropriate to talk about food from the discursive domain of the "global", assuming that many of the changes that occur in eating practices are somehow related to globalization movements. According to Ger and Belk (1996, p. 295), "the dialectic of globalization-localization cannot be understood unless we begin with how the local experience that dialectic", that is, the way global and local forces are felt in daily lives. To this end, I opted for a microsociological perspective through the study of eight families for a nine months period. The method used followed the interpretive consumer research tradition (eg. Thompson et al. 1989; Arnould, 1998) and is inspired both in ethnography and phenomenology. Several procedures for collecting and producing data were applied, involving observations, in-depth interviews, autodriving interviews with pictures, eating diaries and photographs analysis. Although more alarmist arguments about the homogenization of eating habits, results indicate that globalization provides resources for the production and negotiations of different symbolic meanings in everyday domestic dinners. Globalizing processes penetrate these dinners and are incorporated mainly through processes of appropriation and creolization, without necessarily threatening the most solid practices related to parent’s families and local culture.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/49167
Date January 2011
CreatorsFonseca, Marcelo Jacques
ContributorsRossi, Carlos Alberto Vargas
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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