Esta tese de doutorado sobre o diário de Virginia Woolf divide-se em duas partes. A primeira, uma análise do diário como um todo, busca trazer à tona sua literariedade e aproximações modernistas, que, como procuro mostrar, viram-se obliteradas durante os processos de sua edição. O diário de Woolf tem sido tradicionalmente usado como suporte para interpretar suas obras principais os livros de ficção e não-ficção cuja publicação ela supervisionou pessoalmente em vida , porém, como observa seu biógrafo Quentin Bell, ele é, em si, uma grande obra. A primeira parte destaca ainda pontos de uma possível teoria literária woolfiana (as aspas se devem ao fato de Woolf ter sido avessas a consolidações e se propor a quebrar o molde a cada novo livro), tais como as possibilidades de representação do mundo e do indivíduo as subjetividades e os movimentos da história, da guerra e da violência, principalmente aqueles relacionados à mulher. Buscou-se realizar tal análise em confronto com o restante da obra de Woolf e seu contexto, dando atenção às particularidades do seu diário e, em especial, ao que chamo de sua forma-cruzamento. Sustento que o diário é uma obra especialmente marcada pelas intercessões entre gêneros; ficção e realidade; e interior e exterior (público e privado); bem como entre as demais obras woolfianas, num movimento de constante autotextualidade. A segunda parte da presente tese oferece a tradução integral e comentada do período em que Virginia Woolf morou no número 52 da Tavistock Square, em Londres (de março de 1924 a início de agosto de 1939), que denomino Diário de Tavistock. Tal tradução alinha-se com um entendimento que enxerga no próprio ato tradutório uma aproximação com o ato crítico, no sentido de que também proporciona um embate privilegiado com o texto e suas múltiplas relações interpretativas. / This doctoral thesis on Virginia Woolf\'s diary is divided into two sections. The aim of the first one, an analysis of Woolfs diary as a whole, is to highlight its literary and modernist traits, which as I try to demonstrate have been almost obliterated during its editing process. Woolfs diary has been conventionally used by scholars as a secondary source to interpret her major works the fiction and non-fiction books whose edition she personally oversaw , but as Quentin Bell, Woolfs biographer, declares, it is a major work of its own. The first part also highlights points of a Woolfian literary theory (I liberally use quotes here, for Woolf objected to being fixed on definitions and wished instead to break the mold with each new book). Among these are the possibilities of artistic representation of both the world and the individual e.g., the subjectivities and the movements of history, war and violence, especially those related to women. Such analysis takes into consideration the rest of Woolf\'s work, privileging the particularities of her diary and, especially, what I call its crossing form. Her diary is a work deeply marked by intercessions between genres; fiction and reality; interiority and exteriority (public and private), as well as between her other writings, in a movement of constant autotextuality. The second part of the thesis offers an annotated translation into Portuguese of the period in which Woolf lived at 52 Tavistock Square, London (March 1924 early August 1939), which I call the Tavistock Diary. Such a translation is aligned with an understanding that the translation act is also a critic one, in the sense that it provides a privileged confrontation with a text and its multiple interpretative relations.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-30042019-120825 |
Date | 19 February 2019 |
Creators | Mesquita, Ana Carolina de Carvalho |
Contributors | Parreira, Marcelo Pen |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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