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Pessoas com autismo em ambientes digitais de aprendizagem : estudo dos processos de interação social e mediação

Todo ser humano, como ser social, vive em constante interação com o meio. É nessa interação que os seres humanos se constituem como pessoas, construindo as relações que estruturam suas vidas (relações sociais, afetivas, cognitivas, entre outras). Este princípio de desenvolvimento estudado por vários autores é principalmente abordado pela Teoria Sócio- Histórica como um processo dialético e complexo de inter-relações que se tecem entre o meio social e as bases biológicas e que promovem o desenvolvimento cognitivo e social dos sujeitos em interação. No Autismo, por outro lado, parece que vemos a “imagem negativa” da interação social, como o negativo de um filme (HOBSON, 1993, p. 21). É certamente uma das síndromes mais desconcertantes e desafiadoras da atualidade. Considerada de origem múltipla, os pesquisadores, na sua maioria, concordam que os déficits apresentados na interação social e na comunicação são suas principais características. Partindo de uma concepção sócio-histórica da interação social, na qual participam não somente os sujeitos envolvidos, mas todo o contexto sócio-cultural ao qual pertencem, e que evidencia-se principalmente pela linguagem, uso de ferramentas, ações e significações atribuídas pelos sujeitos em interação e considerando as Tecnologias de Comunicação e Informação (TICs) disponíveis atualmente, procuramos com este estudo preencher um espaço de pesquisa no qual inexistem dados relacionados com a compreensão do fenômeno de interação social mediado pela tecnologia com pessoas com autismo. Assim, a presente pesquisa propõe uma outra visão sobre os processos de interação que se estabelecem em ambientes digitais considerando o espectro do Autismo. A pesquisa foi estruturada como um estudo multicasos, composta por dois grupos de sujeitos com autismo cuidadosamente escolhidos para melhor representar o espectro da síndrome. Observados e 6 acompanhados em atividades de interação mediadas em diferentes ambientes digitais. Posteriormente, com os dados coletados na fase de observação o processo de interação social foi analisado através de um arcabouço teórico construído sob a teoria Sócio-Histórica que permitiu identificar os elementos relevantes que emergem na mediação em tais ambientes digitais. Este arcabouço, definido para o estudo da interação social, estabeleceu várias categorias que possibilitaram uma análise multidimensional da interação, focada principalmente na intencionalidade da comunicação a mais importante. Com relação ao processo de mediação, os sujeitos apropriaram-se de signos e ferramentas de mediação em níveis próximos do autocontrole e auto-regulação. As ações mediadoras estruturadas na forma de projetos com objetivos claros e explícitos e subdivididas em atividades e procedimentos menores assim como o uso de instrumentos mediadores visuais tornou-se eficiente no trabalho com sujeitos com autismo, evidenciando um forte relacionamento entre o processo de apropriação e a interação social. Assim, o uso de ambientes digitais de aprendizagem acompanhado de estratégias de mediação adequadas e adaptadas aos sujeitos mostrou-se relevante no desenvolvimento da interação social de sujeitos com autismo porque permitiram modelar níveis de complexidade controláveis de forma s ajustar seu uso à ZDP de cada sujeito. Como conseqüência o presente estudo trouxe contribuições importantes para a área de Autismo, e da Educação ao estender e integrar os estudos sobre interação social e ações mediadoras no contexto do autismo. Este trabalho, também ofereceu contribuições diretas para a Ciência da Computação na construção de um ambiente digital de aprendizagem, (EDUKITO). projetado para levar em conta os resultados obtidos na análise da interação social e da mediação de pessoas com autismo. / All human beings, as social beings, live in constant interaction with their environment. It in this interactions that we humans constitute ourselves as people, building the relations that give structure to our lives (social, emotional, cognitive and other relations). This is a principle of development that was studied by several authors and it is approached by Socio-Historical Theory essentialy as a complex dialetical process composed of a "fabric" of inter-relations built upon the social environment and the biological basis and promote social and cognitive development of the subjects in interaction. However, in autism, it seems that we se the "inverted image" of social interaction, like the photographic film negative. Surely today, autism it is one of most disconcerting and challenging mental disorder that exists. Researchers generally agree that autism, albeit derived from multiple causes, has as main characteristics the deficit in social interaction and communication presented by autistic subjects. Our study starts from the socio-historical conception of social interaction, were the socio-cultural environment of the subjects participating in a interaction must be taken into account when analysing this interaction. We also consider that the social character of any interaction is put in evidence by the use of language, tools, actions and meanings attributed by subjects in the interaction, including tools built using Information and Communication Tecnologies (ICT) currently available. Based on these assumptions we try to fullfil a research space, on there not exist data about ICT mediated interactions between autistic subjects. The present research proposes a new vision about interaction processes that are established in digital environments, considering the spectrum of autistic disorders. The research was structured as a multi-case study, composed by two groups of subjects with 8 autism, carefully chosen to represent the spectrum of the disorder. They were observed and monitored in interaction activities mediated by several digital environments. Posteriously, with the data collected in the observation phase, the social interaction process was analysed in a categorical framework built upon the Socio-Historical Theory, that shows what kind of elements emerge in the mediation in digital environments. The categorical framework, defined for the social interaction study, established several categories that allowed a multi-dimensional analysis of the interaction, foccused mainly on the intentionallity of the communication. In the mediation process was observed that the participant subjects internalized the signs and mediation tools at levels near of self-control and self-regulation. The mediation actions were structured as study projects with clear and explicit goals and subdivided in small activities and procedures Visual mediation tools were efficiently used in the work with autistic subjects, showing a strong relationship between internalization processes and social interaction. Thus, the use of digital learning environments, together with appropriate mediation strategies adapted to each subject, was shown to be relevant to the development of social interaction in subjects with autism, because it allows to model controllable complexity levels of interactions and allows to adjust their use to the ZPD of each subject. As a consequence the present study brings significant contributions to the Autism research area and also to the Education research area, because it extends and integrates the studies about social interaction and mediations actions in the autistic context. This work also offers a direct contribution to the Computer Science studies, presenting a digital learning environment (the EDUKITO system) designed taking into account the results obtained in the analysis of social interaction and mediation actions of autistic subjects.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/13081
Date January 2005
CreatorsPasserino, Liliana Maria
ContributorsSantarosa, Lucila Maria Costi, Tarouco, Liane Margarida Rockenbach
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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