[pt] O Novo Testamento, e particularmente os sinóticos,
desenvolvendo uma cristologia narrativa, nos apresenta uma
imagem de Jesus Cristo solidário aos pobres e excluídos,
quer enquanto alguém identificado com eles (come e bebe com
eles, não tem moradia fixa, sofre morte de um outsider),
quer privilegiando-os como primeiros destinatários do reino
de Deus que ele veio anunciar e inaugurar. Por diversas
razões, este dado tem sido mantido na penumbra ao longo dos
séculos. Mas o Espírito de Deus que conduz a história, fez
emergir, a partir do século XVIII, e de modo cada vez mais
forte, o apelo da solidariedade que deveria configurar o
modo humano de ser. Nos últimos 50 anos, a temática da
solidariedade, já popularizada, passou também a integrar
as reflexões da cristologia sistemática, de maneira sempre
crescente e diversificada. (I Parte) Francisco de Assis, no
século XIII, parece se antecipar a este fenômeno,
apresentando, em forma embrionária, também uma imagem de
Jesus Cristo profundamente solidário aos pobres e humildes.
Faz acenos claros a isso nos três momentos chaves da vida
de Jesus Cristo: a) na encarnação, ressaltando, ao nascer à
beiro do caminho, sua opção pelos frágeis e excluídos da
sociedade; b) na paixão, mistério nuclear de sua
espiritualidade, mostrando, sobretudo no Ofício da Paixão,
que sofre morte injusta por contradizer os interesses dos
poderosos, por seu anúncio e sua prática em favor dos
marginalizados; c) e no contínuo revestir-se da carne de
nossa fragilidade, celebrado no Sacramento do seu Corpo e
Sangue. Francisco, além disso, acrescenta traços do rosto
solidário de Jesus Cristo mediante alguns títulos ou imagens
que lhe atribui: o de servo, de pobre e peregrino e de
pastor. (II Parte) A vida é viver o evangelho, não apenas
refleti-lo. Por isso, se passa a fazer uma averiguação de
sua implementação, também em três momentos: a) na intuição
original, que aponta para o seguimento de Cristo desde os
marginalizados, mais do que para ser missionário de uma
instituição religiosa; b) depois, analisa-se sua
implementação no principal texto normativo, a Regra não
Bulada, onde a opção pelos excluídos, a exemplo de Jesus
Cristo que não se envergonhou de se tornar pobre e
peregrino por nós, é um dos seus pontos basilares; c) e,
por fim, no Testamento, o último escrito normativo, no
qual Francisco retoma e readapta o modo de vida que
entendia ter-lhe sido revelado. A conclusão resulta clara:
a solidariedade é uma das notas configuradoras do carisma
franciscano originário e condição sine qua non para resgatá-
lo e vivê-lo, fiel e criativamente, no presente e no futuro
da história. (III Parte) / [fr] Le Nouveau Testament, particulièrement les évangiles
synoptiques, en développant une christologie narrative,
nous présente une image de Jésus Christ solidaire
avec les pauvres et les exclus, soit comme quelqu un
identifié à eux (il mange et il boit avec eux, il n a pas
une demeure stable, il souffre la mort d un outsider), soit
en les privilégiant comme les premiers destinataires du
règne qu il est venu inaugurer pour eux. Pour des raisons
variées cette référence fut maintenue dans la pénombre au
long des siècles. Mais l Esprit de Dieu qui conduit
l histoire, a fait émerger, à partir du 13ème siècle, et de
manière toujours plus forte, l appel de la solidarité qui
devrait configurer la manière humaine d être. Pendant les
50 dernières années, la thématique de la solidarité,
déjà popularisée, est passée à intégrer les réflexions de
la christologie systématique, de manière toujours plus
croissante et diversifiée. (I Partie) François d Assise, au
13ème siècle, semble anticiper ce phénomène, en présentant,
de forme embryonnaire, une image de Jésus Christ
profondément solidaire avec les pauvres et les humbles. Il
fait des signes clairs à cela en trois moments clef de la
vie de Jésus Christ : a) dans l incarnation, il met en
évidence la naissance à coté du chemin - son option pour
les fragiles et les exclus de la société ; b) dans la
passion, mystère nucléaire de sa spiritualité, il montre,
surtout dans l Office de la Passion, qu il souffre une mort
injuste pour contredire les intérêts des puissants, par son
annonce et par sa pratique en faveur des marginalisés ; c)
et dans le continu revêtissement de la chaire de notre
fragilité célébré dans le Sacrement de son Corps et Sang.
François, en plus, ajoute des traces de la face solidaire
de Jésus Christ par quelques titres ou images qu il lui
attribue : celle du serf, celle du pauvre et pèlerin, et
celle du berger. (II Partie) La vie c est de vivre
l évangile, ce n`est pas seulement une question de
réflexion. Pour cela, on se met a faire une vérification de
sa implémentation, aussi en trois moments : a) dans
l intuition originale, qui mène à suivre le Christ a partir
des marginalisés, plutôt que pour devenir missionnaire
d une intuition religieuse ; b) après on analyse sa marque
dans le principal texte normatif, la Règle non Bullée, où
l option pour les exclus, à exemple de Jésus Christ qui
n a pas eu honte de se faire pauvre et pèlerin
pour nous est un de ses points basilaires ; c) et, en fin,
dans le Testament, le dernier écrit normatif, dans lequel
François reprend et réadapte la manière de vie qu il
entendait avoir eu révélée. La conclusion résulte claire :
la solidarité c est une des notes configuratives du
charisme franciscain originaire et condition sine qua non
pour le reprendre et le vivre, fidèle et créativement, dans
le présent e dans le futur de l histoire (III Partie)
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:4693 |
Date | 23 March 2004 |
Creators | ALDIR CROCOLI |
Contributors | ALFONSO GARCIA RUBIO |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | French |
Type | TEXTO |
Page generated in 0.0048 seconds