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Espaços divididos e silenciados: um estudo sobre as relações sociais entre nativos e os "de fora" de uma cidade do interior paulista.

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Previous issue date: 2006-03-30 / Universidade Federal de Sao Carlos / This study aims at understanding, through the methodological perspective of Oral
history and making use of quantitative data, the construction and reproduction of multiple
identities and sociabilities present among the rural workers natural from the Minas Gerais
state and the Brazilian northeast region, and who have migrated to Guariba, a bedroom
community in the interior of the São Paulo state whose economy is based on the sugarcane
industry. In order to make this understanding possible, it has been necessary to determine
in which contexts these identities and sociabilities are built, that is, how the surrounding
community, with its ideas, thoughts and values, interferes in these social relations. It has
been made clear to us that, between the two groups, there is a dichotomic and dialectic
relation based on prejudice and symbolic violence, as well as a stereotyped connection
between immigrants-criminality, which is clearer in Guariba due to a rural workers strike
in 1984. This dichotomic relation is made possible by an ideology which permeates all the
social groups in Guariba, and which divides the city between those we have called the
natives (European descendants, downtown dwellers, middle class and white) and the
outsiders (migrants from Minas Gerais and the northeastern states of Brazil, living in the
suburbs, low class and black). When facing the stigma of the native group, the outsiders ,
being a heterogeneous group, have different and multi-faceted reactions, which can be
subdivided in three groups: the seasonal migrant outsiders , the Guariba long-time living
outsiders and the outsiders who belong to the second and third generations of migrants.
Men and women who migrate yearly, during the sugarcane harvest, play different social
roles in the cities where they are migrate to and their hometowns. When coming back to
their home land, if they have been successful in the sugarcane plantations of the São Paulo
interior, they are entitled to social and cultural differentiation according to their new
identities and wealth. On the other hand, in the modern world where they have migrated
to the relation is the opposite. The means of sociability are scarce and tense, with
discriminatory basis, since for the native community the migrants are representatives of a
traditional and undesirable world. The migrants that have lived in the city for more time are
able to widen their sociability bonds, which spread in the suburban neighborhoods where
they live. Nevertheless, they know there are places in the city where they are not welcome,
and at the same time they recollect and revive their home land, where they feel really at
home : the more often they migrate, the longer they stay in the same place. The
representatives of the second and third generations of migrants, on the other hand, consider
themselves (and in fact are) Guariba citizens, fruits of the modern relations in the São
Paulo state, and for this reason they believe that all the places in the city belong to them by
rights. However, because they are also considered outsiders , they easily notice the
stigmas they are submitted to, and end up being more susceptible to violence relations,
which makes us think that the natives symbolic violence is turned into real violence among
this group. Finally, the migrants not only experiment the reunion of the different, but they
live, above all, the inequalities and social differences of the cities and towns of the São
Paulo state. The relation the migrants have with the surrounding community disguises
color/race as well as social class prejudice against this group, which will never be us ; they will always be outsiders . / Este estudo pretende compreender, sob a perspectiva metodológica da
História Oral e com dados quantitativos, a construção e reprodução das múltiplas
identidades e sociabilidades existentes entre os trabalhadores rurais, de origem mineira e
nordestina, que migram para Guariba, cidade-dormitório de economia sucroalcooleira do
interior de São Paulo. Para tornar possível esta compreensão, foi necessário determinar em
quais contextos estas identidades e sociabilidades são construídas, ou seja, de que forma a
comunidade circundante, com seus pensamentos, memórias e valores, interfere nestas
relações sociais. Percebemos que, entre os dois grupos, existe uma dicotômica e dialética
relação baseada em preconceitos e violência simbólica, como também em uma
estereotipada conexão migrantes criminalidade, que em Guariba é ainda mais perceptível
devido à Greve dos trabalhadores rurais de 1984. Esta dicotômica relação é viabilizada a
partir de uma ideologia que perpassa todos os grupos sociais de Guariba, e que divide a
cidade entre os que denominamos nativos (de descendência européia, moradores do
centro da cidade, representantes da classe média e brancos) e de fora (migrantes mineiros
e nordestinos, moradores de bairros periféricos, representantes da classe baixa e negros).
Frente aos estigmas do grupo nativo a que estão submetidos, os de fora , por serem um
grupo heterogêneo, têm reações diversas e multifacetadas, que podem ser divididas entre
três subgrupos: os de fora migrantes sazonais, os de fora migrantes estabelecidos em
Guariba há décadas e os de fora pertencentes à segunda e terceira geração de migrantes.
Homens e mulheres que migram anualmente, durante a safra e a entressafra da cana-deaçúcar,
exercem papéis sociais diferentes nas cidades que os recebem e em sua terra natal.
Ao voltarem para as terras de origem, quando bem sucedidos nas lavouras de cana do
interior paulista, recebem uma diferenciação social e cultural a partir de suas novas
identidades e bens materiais. Ainda no mundo moderno em que migraram, a relação é
inversa. Os meios de sociabilidade são escassos e tensos, com bases discriminatórias, uma
vez que, para a comunidade nativa, os migrantes são representantes de um mundo
tradicional e indesejado. Os migrantes que vivem na cidade há mais tempo já conseguem
ampliar seus vínculos de sociabilidade, que ganham os espaços dos bairros periféricos em
que moram. No entanto, sabem que existem locais da cidade em que não são bem vindos,
ao mesmo tempo em que rememoram e revivem os locais de suas terras de origem, onde se
sentem verdadeiramente no lugar da gente : quanto mais migram, mais ficam no mesmo
lugar. O representante da segunda e terceira geração de migrantes, por sua vez, se
considera (e de fato é) cidadão guaribense, fruto das relações modernas paulistas, e por isto
entende que todos os espaços da cidade são seus por direito. No entanto, por também ser
considerado de fora , percebe com facilidade os estigmas a que está submetido, e acaba
mais suscetível às relações de violência, o que nos leva a crer que a violência simbólica do
nativo viabiliza entre este grupo uma violência real. O migrante, enfim, não experimenta
apenas o encontro entre os diferentes, mas vivencia, acima de tudo, as desigualdades e
disparidades sociais das cidades paulistas. A relação que os migrantes têm com a
comunidade circundante mascara um preconceito de cor/raça, como também de classe,
contra este grupo que nunca será nós ; será sempre o de fora .

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufscar.br:ufscar/1428
Date30 March 2006
CreatorsVettorassi, Andréa
ContributorsSilva, Maria Aparecida de Moraes
PublisherUniversidade Federal de São Carlos, Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais, UFSCar, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSCAR, instname:Universidade Federal de São Carlos, instacron:UFSCAR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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