Les Mebengôkré-Xikrin de la Terre Indigène Trincheira Bacajá (Pará, Brésil) traversent depuis peu des transformations politiques, économiques et écologiques sans précédents. Celles-ci sont liées, entre autres, à la mise en place de l’usine hydroélectrique de Belo Monte et aux projets de compensation qui l’accompagnent. Parmi les impacts une réduction du régime hydrique de leur rivière Bacajá, ayant pour conséquence une érosion de la biodiversité et une atteinte à leurs mobilité et autonomie dans leur rapport aux Autres. Dans ce contexte, ma thèse se donne pour objectif d’analyser la manière dont les Xikrin conçoivent et pratiquent actuellement leur territorialité en même temps qu’ils s’affirment et se reproduisent Mebengôkré, et ce, dans une profondeur historique permise par la littérature et les discours des Anciens. À la croisée entre l’anthropologie sociale et l’anthropologie de l’environnement, cette recherche s’inscrit dans la continuité des travaux récents sur la socio-spatialité qui ont entamé une révision de l’idée de fermeture imputée aux sociétés Jê et aux Mebengôkré en particulier. L’hypothèse est que les conceptions et pratiques de l’espace vécu par les Xikrin sont guidées par le rapport à l’Autre : les Kuben (les Blancs), les Mẽkarõ (les morts) et les animaux et végétaux peuplant les espaces extra et intravillageois. La thèse est structurée en suivant une analyse à trois échelles, de la plus large à la plus étroite : de la région comprise entre le Brésil Central et la Volta Grande do Xingu jusqu’au village, en passant par les lieux explorés de la Terre Indigène Trincheira Bacajá. L’analyse proposée permet de comprendre comment les Xikrin se sont constitués comme un collectif à part des autres Mebengôkré, en s’appropriant l’espace que constitue aujourd’hui la Terre Indigène Trincheira Bacajá, dans leur migration et dispersion à travers les scissions successives depuis leur sédentarisation. Cette thèse met finalement en évidence que les Xikrin, originaires d’un écosystème de savane, ont non seulement développé un rapport singulier avec la ville mais également avec les mondes de la forêt et de la rivière d’une région tropicale. Ainsi, les conclusions remettent en question la représentation dualiste concentrique de la socio-spatialité Xikrin, en permettant d’envisager les espaces extravillageois et leurs habitants non comme simplement asociaux et potentiellement socialisables mais au contraire comme ayant également un rôle dans la (re)production des personnes Mebengôkré et de la socialité Xikrin, notamment par l’apprentissage et l’appropriation d’éléments de ces espaces. / The Mebengôkré-Xikrin of the Trincheira Bacajá Indigenous Land (Pará, Brazil) have recently undergone unprecedented political, economic and ecological transformations. These are caused, among other things, by the establishment of the Belo Monte hydroelectric dam and by the compensation projects that accompany it. Among the impacts, the reduction of the hydric regime of their Bacajá river, resulting in an erosion of thebiodiversity and an infringement of their mobility and autonomy in their relationship to the Others. In this context, this thesis aims to analyse how the Xikrin conceive and practice their territoriality as they assert themselves and reproduce as Mebengôkré, and this, in a historical depth allowed by the literature and the speeches of the Ancients. At the crossroads between social anthropology and anthropology of the environment, this research is a continuation of recent work on socio-spatiality that has begun a revision of the idea of closure attributed to the Jê societies and to the Mebengôkré in particular. The hypothesis is that the conceptions and practices of the space lived by the Xikrin are guided by the relation to the Other: the Kuben (the Whites), the Mẽkarõ (the dead) and the animals and plants populating the extra and intra villagers.The thesis is structured according to a three-scale analysis, from the widest to the narrowest: from the region between Central Brazil and the Volta Grande do Xingu to the village, passing through the explored places of the Trincheira Bacajá Indigenous Land. The proposed analysis permits to understand how the Xikrin emerged as a collective apart from the other Mebengôkré, by appropriating the space that today constitutes their territory, in their migration and dispersion through the successive splits since their settlement. This thesis finally shows that the Xikrin, originated from a savanna ecosystem, have not only developed a singular relationship with the city but also with the forest and the rivers of a tropical region. Thus, the conclusions put into question the concentric dual representation of the Xikrin socio-spatiality, allowing to consider the extra villagers spaces and their inhabitants not as simply asocial and potentially socializable but, on the contrary, as being socializing, that is to say also having a role in the (re)production of Mebengôkré people and Xikrin sociality, in particular by learning and appropriating elements of these spaces. / Os Mebengôkré-Xikrin da Terra Indígena Trincheira Bacajá (Pará, Brasil) atravessam recentemente mudanças políticas, económicas e ecológicas sem precedentes, devido, entre outras razões, ao estabelecimento da usina hidrelétrica de Belo Monte e aos projetos de "compensação" que a acompanham. Entre os impactos, estão a redução do regime hídrico do rio Bacajá, que resultou em uma perda de biodiversidade e que mina a sua mobilidade e autonomia em sua relação com o Outro. Neste contexto, esta tese tem o objetivo de analisar como os Xikrin concebem e praticam atualmente sua territorialidade ao mesmo tempo que se afirmam e se reproduzem enquanto Mebengôkré, e isso a partir de uma profundidade histórica permitida pela literatura e pelos discursos dos Antigos. No cruzamento entre a antropologia social e antropologia do ambiente, esta pesquisa se coloca em continuidade aos recentes trabalhos sobre a sócio-espacialidade que iniciaram uma revisão da ideia de fechamento imputada às sociedades Jê e aos Mebengôkré em particular. O pressuposto é que as concepções e práticas singulares do espaço vivido pelos Xikrin são guiados principalmente pela relação com o Outro: os Kuben (os brancos), os Mẽkarõ (os mortos) e os animais e plantas que habitam os espaços extra e intra aldeões.A tese está estruturada seguindo uma análise em três escalas, da mais ampla à mais restrita : da região entre o Brasil Central e a Volta Grande do Xingu até a aldeia, passando pelos espaços extra aldeões explorados na Terra Indígena Trincheira Bacajá. A análise proposta permite entender como os Xikrin se constituíram em um coletivo distinto, apropriando-se finalmente do espaço que constitui hoje a Terra Indígena Trincheira Bacajá, na sua migração e dispersão através das cisões sucessivas desde a sua sedentarizarão. Esta tese destaca que os Xikrin, originários de um ecossistema de savana, não só desenvolveram uma relação singular com a cidade, mas também com os mundos da floresta e dos rios de uma região tropical. Assim, as conclusões colocam em questão a representação dualista concêntrica da sócio-espacialidade dos Xikrin e permitem considerar os espaços extra aldeões e seus habitantes não simplesmente como associais e potencialmente socializáveis, mas também como elementos socializantes, com um papel a desempenhar na (re)produção das pessoas Mebengôkré e na socialidade Xikrin, em particular pela aprendizagem e pela apropriação de componentes desses espaços.
Identifer | oai:union.ndltd.org:theses.fr/2018PSLEH032 |
Date | 28 March 2018 |
Creators | Tselouiko, Stéphanie |
Contributors | Paris Sciences et Lettres, Universidade federal de São Carlos, Surrallés, Alexandre, Cohn, Clarice |
Source Sets | Dépôt national des thèses électroniques françaises |
Language | French |
Detected Language | French |
Type | Electronic Thesis or Dissertation, Text |
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