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Uma análise da elisão e da degeminação com base em restrições

Neste trabalho, observamos os processos que ocorrem para evitar choque entre núcleos silábicos em fronteira de palavras, processos conhecidos como sândi externo. Dos três processos de sândi descritos na literatura, propusemos uma nova divisão em dois grupos, levando em conta resultados de pesquisas anteriores: elisão e degeminação ocorrem para reparar qualquer sequência de duas vogais (hiato ou ditongo), enquanto a ditongação ocorre apenas para reparar hiato. O foco desta tese então é fazer uma análise dos processos que compõem o primeiro grupo. Nesse sentido, retomamos os processos em três eixos: (a) a relação entre processos fonéticos (gradientes) e processos fonológicos (categóricos); (b) a relação entre estrutura prosódica e estrutura morfossintática; e (c) uma análise do sândi em termos de restrições. Quanto ao primeiro eixo, fazemos a distinção entre processos fonéticos e fonológicos de acordo com as ideias de Bermúdez-Otero (2007; 2012). Tomamos a posição de que o sândi seja um processo categórico (não gradiente), embora não excluindo processos co-articulatórios em fronteira de palavra. Quanto ao segundo eixo, argumentamos a favor de que os processos de sândi não têm acesso direto a informações de categoria morfológica ou sintática, assim como prevê a teoria da Fonologia Prosódica. Para explicarmos os casos de bloqueio dos processos na combinação V + palavra, defendemos que essa vogal não sofre modificação pois se encontra em início de palavra prosódica, nesse caso palavra prosódica recursiva - como em [a[esquina]w]w ou [a[américa]w]w -, porção que normalmente se mostra mais resistente. Quanto ao terceiro eixo, propusemos uma análise otimalista dos processos de sândi, considerando as questões relacionadas aos dois primeiros eixos. Em primeiro lugar, a consideração de que o sândi seja um processo fonológico sustenta a abordagem por restrições, e a consideração de que o sândi seja um processo variável pode ser explicada pelo modelo de restrições parcialmente ordenadas. Além disso, em relação à questão da preservação das vogais que portam acento primário, podemos encontrar as seguintes tendências: a elisão é bloqueada em caso de V1 e V2 acentuadas, principalmente se em V2 também recair o acento principal; já a degeminação apenas é bloqueada em casos de V2 receber acento primário e principal. Para os casos de V1 acentuada, consideramos uma restrição que proíbe apagamento de vogal acentuada - MAXVacent. Esta restrição é violada pelos candidatos que aplicam a elisão, mas não pelos candidatos que aplicam a degeminação, já que consideramos que nesse caso não há apagamento, mas fusão das vogais adjacentes. Para os casos de bloqueio da elisão e da degeminação quando V2 receber o acento frasal, relacionamos a questão à proposta da ambiprosodicidade da sílaba formada após a aplicação dos processos. Nesse caso, argumentamos que, sempre que os processos se aplicam, temos a formação de uma sílaba ambiprosódica, mas, no caso de esta sílaba portar o acento frasal, ela não pode manter essa configuração. A restrição relevante aqui é a que proíbe uma sílaba ambiprosódica que porte acento frasal - *σsambiprosódica[+ac.fr.]. A partir da discussão das questões relevantes para os fenômenos de sândi, conseguimos propor um único ranqueamento que desse conta da escolha dos candidatos ótimos em ambos os processos considerados: elisão e degeminação. / In this study, we observed the processes that occur to avoid clash between syllabic nuclei across word boundaries, processes known as external sandhi. Among the three cases of sandhi described in literature, we proposed a new division into two groups, taking into account the results of previous research: elision and degemination occur to repair any sequence of two vowels (hiatus or diphthong), while diphthongization occurs only to repair hiatus. Therefore the focus of this work is to analyze the processes that compose the first group. In this sense, we observed the processes in three areas: (a) the relationship between phonetic processes (gradient) and phonological processes (categorical); (b) the relationship between prosodic structure and morphosyntactic structure; and (c) an analysis of sandhi with constraints. About the first area, the distintion between phonetic and phonological processes is based on ideas from Bermúdez-Otero (2007, 2012). We considered that sandhi is a categorical process (not gradient), but we did not exclude co-articulatory processes across word boundaries. About the second area, we argued that sandhi processes do not have direct access to morphological or syntactic information, as well as Prosodic Phonology Theory predicts. In order to explain why the processes do not occur in combinations like V + word, we argued that this vowel can not be modified because it is in prosodic word initial position, in this case recursive prosodic word - as in [a[esquina]w]w or [a[américa]w]w -, portion that usually is more resistant to modifications. About the third area, we proposed an optimalist analysis of sandhi processes, considering issues related to the previous two areas. In the first place, the ideia of sandhi as a phonological process supports the analysis with constraints, and the consideration that the sandhi is a variable process can be explained by the partially ordered constraints model. Furthermore, regarding the issue of preservation of vowels that carry primary stress, we can find the following: elision is blocked when V1 and V2 are stressed, especially when V2 carries also frasal stress; degemination is blocked only when V2 carries primary and frasal stress. For the cases that V1 is stressed, we considered a constraint that prohibits deletion of a stressed vowel - MAXVacent. This constraint is violated by candidates that apply elision, but not by candidates that apply degemination, since we considered that in this case there is not deletion, but fusion of adjacent vowels. For the cases that V2 carries frasal stress, we related the blocking of processes to the ambiprosodic question. We argued that, when sandhi processes occur, we have the formation of an ambiprosodic syllable. However, in cases that this syllable receives phrasal stress, it can not keep the ambiprosodic setting. The important constraint here is *σsambiprosódica[+ac.fr.], that prohibits an ambiprosodic syllable with phrasal stress. From this discussion, we proposed a single ranking that can explain the choice of optimal candidates in both processes considered: elision and degemination.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/106457
Date January 2014
CreatorsGayer, Juliana Escalier Ludwig
ContributorsCollischonn, Gisela
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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