O objetivo geral deste trabalho é contribuir para o desenvolvimento tanto da Epidemiologia, campo de investigação do processo saúde-doença na sociedade, como do conhecimento epidemiológico sobre a desnutrição proteico-energético (DPE) em crianças brasileiras. Procurou-se aplicar a interpretação materialista-histórica na construção de um modelo teórico explicativo da ocorrência endêmica da DPE. Esta análise teórica orientou a elaboração de um diagnóstico conjuntural e também a escolha de características individuais e familiares que melhor expressasse o vínculo das condições biológicas com as sociais. Os dados empíricos referem-se ás crianças menores de dois anos de uma amostra de 12 por cento da população civil não institucionalizada da cidade de Botucatu-SP. Foram colhidos no período compreendido entre abril de 83 a março de 84, por um inquérito antropomêtrico-social executado mediante entrevistas domiciliares. O estado nutricional foi avaliado pelo perfil do crescimento (distribuições centilares do comprimento/idade e do peso/comprimento em relação ao padrão NCHS/USA), e pela prevalência da DPE (deficiência de peso, segundo Gómez, em relação ao padrão Santo André IV). Utilizaram-se as informações sobre a idade da criança, os rendimentos familiares, a escolaridade da mãe e o peso ao nascer para analisar o estado nutricional. O estado nutricional encontrado mostrou-se compatível com as condiçbes de desenvolvimento locais e regionais, expressando um padrão médio de consumo alimentar e de outros bens básicos melhor do que o observado em outras regiões brasileiras. Encontrou-se risco de DPE à partir dos seis meses de idade semelhante ao encontrado para o segundo ano de vida. Explicou-se tal achado pelo maior grau de exposição das crianças daquela faixa etária a conjuntura mais adversa do período em foco. Rendimentos familiares inferiores a 1,28 salários-mínimos \"per-capita\", escolaridade materna inferior ao primário (menos que 4 anos) e peso ao nascer inferior a 2.500g mostraram-se associados a maiores riscos de DPE. Rendimentos familiares de 1,5 ou mais salários mínimos \"per-capita\" e escolaridade superior (12 ou mais anos) mostraram-se isentos de DPE moderada, grau II. Peso e comprimento mostraram-se correlacionados diretamente com o peso ao nascer, mais fortemente para menores de 1 ano e para rendimentos familiares de 1 salário-mínimo \"per capita\" ou mais. Recomendou-se o esclarecimento das relações do tipo de parto com peso ao nascer e aleitamento materno em futuras investigações. Recomendou-se também a aplicação de algumas das conclusões para a melhoria dos serviços de assistência à criança. / The objective of this work is to contribute to the development of Epidemiology, field of study of the health/illness process in society and to the epidemiclogic data on the protein-energy malnutrition (PEM) in Brazil. A materialistic and historical approach was applied in arder to build a theoretical model which could explain the endemic occurrence of PEM. All children under 2 years of age encountered in a 12 per cent stratfied sample of the population of Botucatu were studied from April 1983 te March 1984. A crosssectional anthropometric and social survey of the children at home was carried out. The nutritional status was evaluated by i) the growth profile, considering the age, height and weight, according to NCHS/USA standards, and ii) prevalence of PEM according to Gòmez\'s criteria and Santo Andre IV standards. The nutritional status was correlated with the child\'s age, family income, the mother\'s schooling and birthweight. The overall children\'s nutritional status was compatible with the present local and regional conditions of development and was considered to be satisfactory when compared to other brazilian areas. The prevalence of PEM from the 6th month was higher than that of the first six months and remained unchanged up to the 23rd month. This early rise in prevalence of PEM was attributed to a particular and transitory situation which was related to a socio-economic crisis in the country. The investigation showed some risk factors for PEM such as family income below 1.28 minimum wage, mother with less than 4 years of shooling, birthweight below 2.500 g. It was showed a positive relationship between the present weight and height with the birthweight. This relationship was even stronger for the under one year old children and to those belonging to families with the income of one minimum wage \"per capita\". It is suggested that relationship among the variables \"kind of delivery, birthweight value and breastfeeding duration\" should deserve further studies. PEM was not detected among families with income higher than 1.5 minimum wage \"per capita\" and mother with university degree. The investigation opened new avenues for further studies and sugests some practical issues to be considered in the planning of child health care services.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-19122017-171428 |
Date | 02 June 1989 |
Creators | Luiz Roberto de Oliveira |
Contributors | Carlos Augusto Monteiro, Antonio de Azevedo Barros Filho, Maria Helena D Aquino Benicio, Keiko Ogura Buralli, Nelson de Souza |
Publisher | Universidade de São Paulo, Saúde Pública, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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