O Transtorno de Ansiedade Social (TAS) tem sido considerado um grave problema de saúde mental pela sua alta prevalência em pessoas jovens e pelas incapacidades decorrentes no desempenho e interações sociais. É fundamental que se disponha de instrumentos validados e abrangentes que avaliem tanto os recursos e déficits comportamentais quanto os prejuízos sociais e funcionais destas pessoas. Objetivou-se, neste trabalho, verificar as associações entre as manifestações comportamentais e clínicas do TAS por meio de dois estudos, um psicométrico e outro empírico, visando: (a) aferir as propriedades psicométricas do Inventário de Habilidades Sociais (IHS-Del-Prette), enquanto medida do repertório comportamental de habilidades sociais, em relação à avaliação das manifestações clínicas próprias do TAS, medidas pelo Inventário da Fobia Social (SPIN); e (b) comparar e caracterizar o repertório de habilidades sociais apresentado por universitários brasileiros portadores de TAS e não portadores frente a uma situação experimental estruturada, o Teste de Simulação de Falar em Público (TSFP). Do estudo psicométrico, participaram 1006 universitários, na faixa etária entre 17 e 35 anos, de ambos os gêneros, provindos de duas instituições de ensino superior. Posteriormente, 86 participantes foram randomicamente selecionados desta amostra inicial e agrupados como casos e não-casos de TAS a partir de avaliação clínica sistemática por meio da Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV. Do delineamento empírico, participaram 26 universitários, sendo 13 com diagnóstico de TAS e 13 não portadores de transtornos psiquiátricos. Quanto aos resultados, o IHS apresentou boa consistência interna para o escore total, reforçando a sua validade de construto. Observou-se boa validade concorrente entre o IHS e o SPIN, com um coeficiente altamente significativo de correlação negativa entre eles, indicando que quanto mais elaborado for o repertório de habilidades sociais de um indivíduo, menor é a sua probabilidade de satisfazer os critérios de rastreamento de indicadores para o TAS. O IHS demonstrou distinguir significativamente indivíduos com e sem TAS, atestando sua validade discriminativa e preditiva para esse diagnóstico, evidenciando-se assim a sua validade clínica e a possibilidade do seu uso em estudos empíricos que testem a eficácia terapêutica de programas de intervenção. No TSFP, os grupos caso e não-caso de TAS não demonstraram diferenças significativas, em termos de freqüência, para a maioria dos marcadores comportamentais de ansiedade avaliados. Um número maior de sujeitos do grupo não-caso foi avaliado como apresentando um nível de habilidades sociais apropriadas para falar em público, que variou de moderado a alto, em comparação ao grupo caso. Ao longo do TSFP, a freqüência de emissão dos marcadores comportamentais de ansiedade pelos sujeitos de ambos os grupos manteve-se estável. Os grupos diferiram significativamente na maioria dos itens indicativos da habilidade de falar em público do IHS e quanto ao escore geral desta habilidade. A análise dos resultados do estudo empírico aponta para a necessidade de novos estudos com amostras clínicas de indivíduos com TAS dos subtipos generalizado e circunscrito, e não-clínica, com maior número de sujeitos, previamente avaliados quanto ao medo de falar em público, e também para a possibilidade de uso do TSFP em programas de Treinamento em Habilidades Sociais. / Social Anxiety Disorder (SAD) has been considered a serious mental health problem for its high prevalence in young people and for the resulting disabilities in the performance and social interactions. It stands out, thus, as being fundamental to have comprehensive and validated instruments which evaluate both the resources and the social and functional impairments of these people. In this work, we aimed at verifying the associations between the behavioral and clinical manifestations of SAD by means of two studies, a psychometric study and an empirical one, in order to: (a) check the psychometric properties of the Social Skills Inventory (HIS-Del-Prette), as a measure of the social skills behavioral repertoire in relation to the evaluation of the typical clinical manifestations of SAD, measured by the Social Phobia Inventory (SPIN); (b) compare and characterize the social skills repertoire shown by Brazilian undergraduates with and without SAD in a structured experimental situation, the Simulated Public Speaking Test (SPST). A total of 1006 undergraduates of both genders participated in the psychometric study, with ages between 17 and 35, from two universities. Subsequently, 86 participants were randomly selected from this initial sample and grouped as SAD case and non-case from the systematic clinical evaluation. In the empirical outline, 26 undergraduates participated, 13 with a SAD diagnosis and 13 without the disorder. According to the results, IHS showed good internal consistency for the total score, reinforcing its construct validity. Good concurrent validity was demonstrated between IHS and SPIN, with a highly significant negative correlation coefficient between them, indicating that the more elaborate the social skills repertoire of an individual is, the smaller the probability that he or she will meet the screening criteria for the indicators of SAD. IHS proved to significantly distinguish individuals with and without SAD, attesting thus, discriminative and predictive validity for this diagnosis, showing its clinical validity for the diagnosis of this disorder and yet the possibility of using it in empirical studies testing the therapeutical efficacy in programs of intervention. In the SPST, the case and non-case groups of SAD did not show significant differences in terms of frequency for most of the social anxiety markers, except in relation to facial movements of discomfort, and the class of non-verbal markers, in which the non-case group presented higher values. A higher number of individuals from this group were evaluated as showing a level of appropriate social skills for speaking in public which varied from moderate to high, in comparison with the other group. Throughout SPST, the frequency of emission of anxiety behavioral markers by the participants of both groups was stable. The groups differed significantly in most items of IHS indicative of abilities to speak in public, as well as in the general score of this ability. The analysis of the results of the empirical study points to the necessity of new studies with clinical samples of individuals with SAD of the generalized and circumscribed subtypes and non-clinical, with a larger number of participants, previously evaluated as to the fear of speaking in public, and also to the possibility of using SPST in Social Skills Training.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-02112009-151551 |
Date | 22 May 2009 |
Creators | Antonio Paulo Angelico |
Contributors | Sonia Regina Loureiro, José Alexandre de Souza Crippa, Eliane Mary de Oliveira Falcone, Frederico Guilherme Graeff, Zilda Aparecida Pereira Del Prette |
Publisher | Universidade de São Paulo, Medicina (Saúde Mental), USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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