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Experiência de adoecimento de pessoas com insuficiência renal crônica

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Previous issue date: 2014-11-25 / CAPES / Estudo socioantropológico de abordagem qualitativa que analisou a experiência de homens e mulheres adultos com insuficiência renal crônica – IRC – e em terapia renal substitutiva. Esta doença é clinicamente definida como a deterioração progressiva e irreversível das funções renais, doença com nível de ascensão alarmante, requerendo o tratamento contínuo com hemodiálise e diálise peritoneal, ou definitivo, pelo transplante renal. A abordagem da experiência de adoecimento centra-se na pessoa, no processo subjetivo de vivência da enfermidade. Os dados foram coletados baseando-se nos itens do Modelo Explicativo da Enfermidade e a partir de entrevistas gravadas, norteadas pelo relato oral e com o uso de roteiro semiestruturado, junto a quatro mulheres e cinco homens em hemodiálise e um homem em diálise peritoneal. A técnica da representação por desenhos realizados pelos participantes foi usada de forma a complementar às entrevistas para conhecer as noções da fisiopatologia e impactos corporais da IRC. Além das observações durante os momentos das entrevistas, registradas em diário de campo, soma-se a caracterização dos sujeitos. O conjunto dos dados foi tratado conforme a análise temática. Baseando-se na estrutura do Modelo Explicativo, os resultados e discussões foram organizados a partir dos temas: processo de descoberta, conceito e gênese da IRC; noções corporais da IRC; impactos materiais e imateriais, enfrentamentos cotidianos e expectativas futuras. Quanto ao conceito foi comum o uso de metáforas para expressá-la, como “cruz que tenho que carregar”. O início do adoecimento é relatado com o aparecimento de sinais objetivos e subjetivos incomuns. O diagnóstico tardio da IRC se mostrou recorrente entre os casos, somado aos tratamentos equivocados que potencializaram o sofrimento dessas pessoas, constituindo-se em uma ruptura biográfica. Na gênese do adoecimento foram comuns às múltiplas explicações causais que se entrelaçam numa história como a hereditariedade, outras morbidades crônicas, consumo alimentar e hídrico inadequado, em meio às condições de vida precárias e trabalho braçal no passado. Os impactos revelaram aspectos emocionais e físicos, como dor e fraqueza constantes, além do estigma pela presença da fístula-arteriovenosa. A dependência da diálise gera uma situação ambígua com sentimentos de raiva, ocasionada pela dependência, e também gratidão, pelo tratamento que mantém e salva suas vidas. Os desenhos mostraram dores generalizadas, marcas ocasionadas pela fístula e cateter, bem como a ausência e/ou alterações de órgãos. A impossibilidade de viajar e de trabalhar formalmente foram mais ressaltados pelos homens, sendo que as mulheres percebem maiores transformações no âmbito doméstico. As estratégias cotidianas de enfrentamento do adoecimento englobam o apoio social informal advindo dos familiares, dos demais adoecidos e formalmente do serviço de saúde. Expectativas futuras refletem a possibilidade do transplante renal bem sucedido, a fé e esperança em Deus, na possibilidade da cura ou apenas os projetos mais imediatistas do viver o dia a dia. A experiência de adoecimento renal, ainda que a IRC acometa qualquer pessoa, é moldada e influenciada pelas desigualdades sociais. Diante da abordagem de homens e mulheres adoecidos foi possível verificar experiências singulares, idiossincrasias e variações de gênero, mas também convergências nas experiências. Enfim, é pertinente a atenção à saúde socioculturalmente mais sensível, mais confluente e equânime as reais necessidades das pessoas. / This is a socioanthropological study of qualitative approach that examined the experience of adult men and women with chronic renal failure (CRF), and on renal replacement therapy. Such disease is clinically defined as the progressive and irreversible deterioration of the kidney function. It is a disease of alarming rise level, and requires continuous treatment with hemodialysis and peritoneal dialysis, or permanent treatment by renal transplantation. The approach of the illness experience focuses on the person, in the subjective process of experiencing the illness. Data were collected based on the items of the Explanatory Model of Illness and on recorded interviews guided by the oral report and a semi-structured script, with four women and five men on hemodialysis, and a man in peritoneal dialysis. The technique of representation by drawings made by participants was used to complement the interviews, in order to understand the concepts of pathophysiology and the physical impacts of the CRF. As well as observations during the interviews, recorded in a field diary, in addition, there was the characterization of the subjects. The group of data was treated as thematic analysis. Based on the structure of the Explanatory Model, the results and discussions were organized from the themes, namely: process of discovery, concept and genesis of the CRF; body notions of the CRF; material and immaterial impacts, daily confrontations and future expectations. Regarding the concept, the use of metaphors for expression was common, such as „the cross I have to bear‟. The onset of illness is reported with the emergence of subjective and objective uncommon signs. The late diagnosis of CRF was recurrent among the cases, added to the wrong treatments, which have worsened the suffering of these people, becoming a biographical disruption. In the genesis of the disease, it was common to find multiple causal explanations intertwining in a story such as heredity, other chronic morbidities, inadequate dietary and water intake, amid poor living conditions and physical work in the past. The impacts revealed emotional and physical aspects, such as constant pain and weakness, as well as the stigma by the presence of arteriovenous fistula. The dependence on dialysis creates an ambiguous situation, with feelings of anger caused by the dependence, and gratitude for the treatment that keeps and saves their lives. The drawings showed generalized pain, marks caused by fistula and catheter, as well as the absence and/or changes in organs. The impossibility of travelling and working formally were the most emphasized by men, and women perceive the greatest transformations in the domestic sphere. Everyday strategies to confront the illness include the informal social support from family members, from other sick people and the formal support from health services. Future expectations reflect the possibility of a successful kidney transplant, the faith and hope in God, in the possibility of healing, or just immediatist projects of living day to day. The experience of renal illness, although the CRF can affect any person, is shaped and influenced by social inequalities. In face of sick men and women, it was possible to find singular experiences, idiosyncrasies and variations of gender, but also the convergence of experiences. Finally, it is pertinent that the health care is socioculturally more sensitive, more confluent and equitable to the real needs of people.

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Date25 November 2014
CreatorsLemos, Patrícia de Lima
ContributorsBarsaglini, Reni Aparecida, Barsaglini, Reni Aparecida, Corrêa, Áurea Christina de Paula, Separavich, Marco Antonio Alves
PublisherUniversidade Federal de Mato Grosso, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, UFMT CUC - Cuiabá, Brasil, Instituto de Saúde Coletiva (ISC)
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFMT, instname:Universidade Federal de Mato Grosso, instacron:UFMT
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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