[pt] Pressões para se educar financeiramente a população vêm sendo sentidas em diversas partes do mundo, especialmente considerando um cenário de maior complexidade de decisões financeiras, consumismo, menor provisão de bens e serviços considerados básicos por parte do Estado e de maior desregulamentação do Sistema Financeiro. Para diversos autores, esse cenário ajuda a fazer com que o mundo financeiro, com seus motivos e práticas, adentre na esfera doméstica e com que se potencialize um quadro que se convencionou chamar de financeirização da economia. Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivos principais (1) investigar o processo de financeirização da vida doméstica e caracterizar a emergência dos debates sobre o tema Educação Financeira como desdobramento desse processo e (2) compreender o sentido da Educação Financeira em uma sociedade financeirizada, marcada pelo consumismo, maior endividamento da população e aumento da complexidade das decisões financeiras,
onde o dinheiro ocupa cada vez mais papel preponderante de balizador de relações não apenas econômicas, mas também pessoais e sociais. Foi realizada extensa revisão bibliográfica sobre a financeirização, seguida pela busca e compilação de dados que permitissem afirmar que tal fenômeno se encontra presente também na economia brasileira. O trabalho também apresentou uma discussão sobre três perfis ou posturas surgidos a partir da financeirização: uma postura ativa, daqueles que buscam na interação com o mercado financeiro as oportunidades para se melhorar patrimônio e consumo; uma postura defensiva, típica dos indivíduos que enxergam no sistema financeiro a possibilidade de se preencher a lacuna entre o que se ganha e o que se deveria ganhar para não se perder padrão de vida, especialmente em face da menor provisão de serviços por parte do Estado; e, por fim, a postura dos excluídos pela financeirização, que pouco ou nenhuma interação conseguem com o mundo financeiro, especialmente considerando um cenário de desigualdade e exclusão financeira. Essa discussão se tornou preponderante para avaliar a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), política pública criada para se educar financeiramente a população do Brasil e inquirir a quem ela se presta, dado o contexto de desigualdade, exclusão e financeirização. O trabalho termina com uma proposição de iniciativas para se
pensar um pouco além da Educação Financeira, de modo a se mudar o rumo das discussões apenas focadas no aspecto de fornecimento de informações financeiras às pessoas e se direcionar os debates para um novo significado para o consumo e para o dinheiro na sociedade e sobre uma regulação mais efetiva do Sistema Financeiro. / [en] Pressures to financially educate the population have been felt in many parts of the world, especially considering a scenario of greater complexity of financial decisions, consumerism, less provision of basic goods and services by the State and greater deregulation of the Financial System. For several authors, this
scenario contributes to allow the financial world, with its motives and practices, to enter into the domestic sphere and to maximize a framework that has been called the financialization of economy. In this sense, the main objectives of this study were: (1) to investigate the process of financialization of domestic life and to characterize the emergence of debates on the subject of Financial Education as a result of this process; and (2) to understand the meaning of Financial Education in a financialized society, shaped by consumerism, greater population indebtedness and an increase in the complexity of financial decisions; a society where money occupies an increasingly important role as a driver of not only economic relations
but also personal and social relations. An extensive bibliographical review was carried out on the financialization subject, followed by the search and compilation of data that allowed to affirm that this phenomenon is also present in the Brazilian economy. The thesis also presented a discussion about three profiles or postures arising from financialization: an active posture, of those who seek the opportunities to improve equity and consumption in the interaction with the financial market; a defensive one, typical of individuals who see in the financial system the possibility of filling the gap between what is earned and what should be earned in order not to lose the aimed standard of living, especially in face of lower provision of services by the State; and, finally, the position of those excluded by financialization, entitled of little or no interaction with the financial world, specially considering a scenario of inequalities and financial exclusion. This discussion became important in order to analyse the National Strategy of Financial Education (ENEF, in Portuguese), a public policy designed to financially educate Brazilian population and to ask to whom it is made for, given the context of inequality, exclusion and financialization. The work ends with a proposal for initiatives to think beyond Financial Education, aiming to change the direction of discussions focused only on the aspect of providing financial information to people and to point the debates on a new meaning for consumption and money in society and on a more effective regulation of the Financial System.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:30529 |
Date | 13 July 2017 |
Creators | FABRICIO PEREIRA SOARES |
Contributors | MARCELO TADEU BAUMANN BURGOS |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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