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Formas de conhecer em educação especial : Discurso médico e vida ordinária na escola

A dissertação, a partir de oito pequenos ensaios, busca questionar a pertinência e a preeminência do discurso médico em relação ao saber do professor e ao trabalho em sala de aula, propondo a discussão dos seus efeitos e aventando uma alternativa epistêmica e discursiva fundamentada na experiência do ordinário. O escritor francês Georges Perec – no pequeno ensaio Aproximações do quê? e na obra A vida, modo de usar – alerta sobre o potencial das descrições da vida ordinária e exibe tal atitude de interrogar o habitual e vê-lo como portador de informações sobre nós mesmos. No âmbito do pensamento filosófico, o trabalho tardio de Wittgenstein refere-se ao desejo por generalidades e desprezo pelo caso particular como estando na base de obscuridades filosóficas. Além disso, os argumentos contrários à tese de que sentenças a respeito de eventos mentais são redutíveis a sentenças sobre estados neurofisiológicos também nos conduziram ao que é ordinário, comum, habitual. Para perfazer esse argumento, servimo-nos do acervo gerado por um curso de extensão universitária para professores de atendimento educacional especializado e de sala de aula regular envolvidos com alunos considerados público-alvo da educação especial. O principal dispositivo dessa formação era construir narrativas sobre a vida escolar, escritas e recebidas como se fossem cartas. Uma vez acionado o artefato ordinário da carta – e evocada, por meio dela, uma potência do cotidiano, do senso comum como forma de saber –, algo distinto das maneiras tradicionais de conceber o que é conhecimento na educação especial e nos processos inclusivos parece deixar-se perceber, refundando, talvez, os termos do compromisso com a prática pedagógica. Escapar ao reducionismo do pensamento naturalista, do qual participa o ideal médico, passa por outra forma de construir conhecimento em educação e pelo fortalecimento da figura do professor. Estão em jogo diferentes perspectivas epistemológicas cujos desdobramentos são também éticos e políticos. / This master thesis, assembled from eight little essays, seeks to question the relevance and the supremacy of the medical discourse in relation to educator’s knowledge and practice at the classroom, proposing a discussion about its effects and an analysis of an epistemic and discursive alternative founded in the experience of commonness. The French writer Georges Perec – in his little essay Approches de quoi? and in his major work La vie, mode d’emploi (Life: A User’s Manual) – warn us about the potential of everyday life descriptions and show us the gesture of interrogating the habitual, the ordinary, seeing it as the vehicle of information about ourselves. Amidst philosophical thought, the late work of Ludwig Wittgenstein refers to our desire for generalities and our disregard to particular cases as aspects that can overshadow our own philosophical investigations. Besides that, the contrary arguments usually employed to disqualify the thesis that sentences and propositions about mental events are reducible to sentences about neurophysiological states would also led us to a recognition of commonness and the everyday life. To conclude this argument, we resort to the collection that resulted from an academic extension course given to special education teachers that, in their jobs, were involved with students considered the aim of special education. The main device of this academic extension course was to construct narratives about the school life, written and received, as they were letters. Once the common artifact of the letter was put into motion – evoking with it the potential of the everyday life and the commonsense as a form of knowledge – something very distinct from the traditional ways of understanding the status of knowledge in special education and on the inclusive processes seemed to let itself be noted, refunding perhaps the own terms and foundations through pedagogic practices is compromised. To escape from the naturalistic and reductionist thinking – in which is subscribed the medical ideal – involves the recognition of another form of achieving knowledge in education and the fortification of the role of the educator. Are at stake different epistemological perspectives whose unfolding’s are also ethical and political.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/178283
Date January 2018
CreatorsLima, André Luís de Souza
ContributorsVasques, Carla Karnoppi
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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