Segundo a Teoria da Transição Florestal, países menos desenvolvidos teriam altas taxas de desmatamento, pois a economia destes países é baseada no desenvolvimento e expansão agrícola. Com o avanço do desenvolvimento econômico a industrialização, urbanização e a modernização do uso da terra levariam ao abandono de terras menos adequadas à agricultura que seriam ativamente reflorestadas ou regenerariam. Visto que São Paulo vem apresentando ganhos de cobertura florestal nativa, este estudo teve como objetivo principal identificar os fatores relacionados ao processo de transição florestal no estado de São Paulo entre 1960 e 2006. Para isso, o Capítulo 1 avaliou as discrepâncias entre três estimativas de cobertura florestal nativa disponíveis para o estado de São Paulo (censo agropecuário e dois mapeamentos com resolução de 10m e 30m), em escala municipal, e as possíveis fontes de viés associadas aos métodos de coleta. O Capítulo 2 identificou os fatores socioeconômicos e biofísicos associados ao desmatamento e à recuperação das florestas nativas nos municípios do estado de São Paulo em quatro períodos consecutivos (1960-1970, 1970-1980, 1980-1996, 1996-2006). Os resultados do Capítulo 1mostraram que o censo agropecuário subestima a cobertura florestal quando há áreas protegidas nos municípios. Mapas com resolução de 30m também subestimam a cobertura florestal nativa em relação aos mapas com 10m de resolução, visto que não detectam pequenos fragmentos. As três fontes de dados são congruentes, porém os vieses relacionados aos métodos podem refletir nos resultados. Logo, a escolha dos dados deve ser feita de acordo com os objetivos do estudo a ser desenvolvido e considerando os métodos de coleta e possíveis fontes de viés de cada conjunto de dados. O Capítulo 2 mostrou que as perdas de florestas ocorreram principalmente em municípios com solos mais úmidos e/ou naqueles em que houve expansão de cultivos. Enquanto ganhos de florestas ocorreram principalmente em municípios com maior cobertura florestal, maior declividade média, que empregaram maior número de trabalhadores permanentes e usaram mais fertilizantes. Estes resultados mostram que, entre 1960 e 2006, a expansão do uso da terra levou a perdas de florestas em áreas mais adequadas à agricultura de São Paulo. Com o tempo, porém, fatores que aumentam a produtividade ou reduzem a conversão de áreas naturais levaram ao aumento de florestas, principalmente em terras menos adequadas à agricultura. Tais fatores, no entanto, foram influenciados por políticas governamentais para modernização da agricultura e proteção dos ecossistemas naturais, e pela pressão do mercado externo por certificação ambiental. Estes resultados enfatizam a necessidade de se considerar, em conjunto, desenvolvimento da agricultura e conservação do meio ambiente para o desenvolvimento de políticas de uso da terra mais eficientes / According to Forest Transition Theory, less developed countries or regions present high rates of deforestation because their economy is based on agricultural development and agriculture expansion. As the economy develops industrialization, urbanization and agriculture modernization lead to the abandonment of lands less suitable for agriculture which are reforested or regenerate spontaneously. Since forest cover of São Paulo has increased, this study aimed to identify the socioeconomic and biophysical factors related to forest transition in the state of São Paulo between 1960 and 2006. For this purpose, Chapter 1 evaluate the discrepancies among three free datasets of São Paulo\'s forest cover (agricultural census, maps at 10m and 30m resolution), in municipality-scale, and the possible sources of bias. Chapter 2 identified the factors related to deforestation and forest gains in São Paulo\'s municipalities during four consecutive intervals (1960-1970, 1970-1980, 1980-1996, 1996-2006). Chapter 1 showed that census underestimate forest cover when legally protected areas are present, reflecting the limitation of survey methods in rural properties. Maps at 30m resolution also underestimate forest cover in comparison to maps at 10m resolution, since 30m resolution cannot detect small and narrow patches. The three datasets are congruent, but the results indicate that bias related to methods can affect analysis results. Therefore, users should choose a dataset according to aims of the study and considering the sources of bias in the data. Chapter 2 showed that forest losses were greater in municipalities with moist soils and large tracts of agricultural lands, while forest gains were higher in municipalities with high forest cover and steep slopes, and that employed a large number of permanent workers and relied on high fertilizer input. Between 1960 and 2006, land use expansion led to forest losses in more suitable areas for agriculture in São Paulo. Over time, factors that increase productivity or reduce pressure on land development led to forest gains mainly in less suitable lands. These proximate factors, however, were driven by underlying factors as governmental policies to modernize agriculture and protect natural ecosystems, and by external market demands for environmental certification. These results highlight the need to jointly consider agricultural development and environmental conservation policies for the development of effective land use policies
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-18082017-170805 |
Date | 09 June 2017 |
Creators | Calaboni, Adriane |
Contributors | Tambosi, Leandro Reverberi, Uriarte, Maria |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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