Introdução: Existem poucos dados a respeito do diagnóstico e prognóstico de crianças com acidente vascular encefálico isquêmico (AVE-i) devido a arteriopatia/vasculopatia pós-varicela e nenhuma revisão sistemática em crianças com arteriopatia/vasculopatia transitória. Objetivos: Relatar série de casos de sete crianças com AVE-i pós-varicela focando nos aspectos clínico/laboratoriais e no desempenho neuro-cognitivo 4 anos após e realizar revisão sistemática da literatura sobre a associação entre VZV e arteriopatia/vasculopatia transitória. Métodos: Revisão sistemática-Estudos relevantes foram buscados utilizando os seguintes bancos de dados: EMBASES; Pubmed; Bireme; LILACS e Web of Science. As buscas utilizaram as seguintes palavras-chave: arteriopatia transitória / vasculopatia ou pós-varicela ou arteriopatia focal e VZV. Os descritores usados para revisão sistemática foram: Arteriopatia transitória or vasculopatia transitória or arteriopatia pós-varicela or arteriopatia focal e VZV or varicela e aplicada a estratégia de PICO; População: crianças de 1 mês a 17 anos e 11 meses, com vasculopatia/arteriopatia em sistema nervoso central; Fenômeno de Interesse: VZV até 12 meses anterior; Comparação: Vasculopatia/Arteriopatia transitória sem associação com VZV; Outcome: VZV associado a vasculopatia. Os artigos selecionados foram analisados por 2 examinadores que validaram os artigos de acordo com a escala New Castle Otawa. Um terceiro examinador resolveu discrepâncias. Série de relato de casos: envolveu 7 crianças (5 meninos e 2 meninas) de 5 serviços de emergências pediátricas na cidade de São Paulo, Brasil, que apresentaram acidente vascular encefálico isquêmico pós-varicela confirmada com ressonância magnética de encéfalo e angioressonância magnética cerebral. Foi realizado coleta de líquido cefalorraquidiano para detecção do envolvimento do VZ: dosagem de anticorpos IgG e IgM anti-VZV; reação em cadeia de polimerase para DNA viral e detecção do envolvimento do vírus herpes simples tipo 1 e tipo 2 (anticorpos IgG e IgM anti-VHS 1 e 2). Foi aplicado o PSOM-Score na admissão e 4 anos após o AVE-i. Resultados: Na revisão sistemática foram selecionados 1003 artigos sendo que no final das avaliações apenas 11 artigos com moderado nível de evidência para associação entre arteriopatia transitória e VZV foram incluídos na nossa revisão. Em relação à série de casos, os 7 pacientes, com idades variando de 1,3 anos a 4 anos, apresentaram hemiparesia ao exame físico inicial e imagem de isquemia em região submetida à irrigação da artéria cerebral média ou interna após um tempo médio de 5,1 (± 3,5) meses do quadro clínico de varicela. Em 4 pacientes (57%) foram encontradas lesões vasculares e a detecção de IgG anti VZV no liquor ocorreu em 3 pacientes (42%). Nenhum paciente apresentou exantema, febre ou presença de anticorpos anti-herpes vírus tipo 1 e 2. Somente 1 paciente apresentou alteração nos exames de trombofilia (mutação em heterozigose da protombina). Todos apresentaram melhora nos índices de escore para sequelas. Nenhum apresentou novo episódio de AVE-i. Limitacão do nosso estudo: Limitado número de casos e pequeno número de estudos caso-controle ou estudos randomizados para realização de revisão sistemática. Conclusão: Encontramos moderado nível de evidência para associação entre arteriopatia transitória e VZV na revisão sistemática. Nessa série de casos foi observado o caráter não progressivo do AVE-i pós-varicela após 4 anos de seguimento através da avaliação de sequelas motoras, de linguagem e cognitivas. Observamos que a identificação do DNA viral e/ou presença intratecal de IgG anti-VZV não foram determinantes para o diagnóstico. Dessa forma existe necessidade de se buscar melhores marcadores diagnósticos de acidente vascular isquêmico pós-varicela em crianças / Introduction: Few data exist about the diagnosis and prognosis of children who were victims of an arterial ischemic stroke (AIS) caused by post-varicella vasculopathy/artheriopathy and there is no systematic review about children with transitory artheriopathy/vasculopathy. Objetives: To report seven cases of children who suffered post-varicella AIS, with special focus to the clinical/laboratory aspects, in addition to their neuro-cognitive performance after four years. We also perform a systematic review about the association between VZV and transitory artheriopathy/vasculopathy. Methods: Systematic review. Relevant studies were sought using the following data-bases: EMBASES; Pubmed; Bireme; LILACS and Web of Science. Searches used the following keywords: transitory artheriopathy/ vasculopathy or post varicella artheriopathy or focal artheriopathy and VZV. The PICO method was used for the selection of studies. Population: 1 month to 17 years-old, with vasculopathy/ artheriopaty in central nervous system; end-point: VZV up to 12 months before; Comparation: Transitory Vasculopathy/Artheriopaty without VZV; Outcome: VZV associated with vasculopaty/artheriopaty. One examiner performed study selection. The selected articles were analyzed by two examiners who validated the articles according to Newcastle Otawa scale. A third examiner resolved discrepancies. Series of cases: seven children were evaluated (5 boys and 2 girls) from five different pediatric emergency services within the city of Sao Paulo, Brazil, all presenting with arterial ischemic stroke (AIS) caused by post-varicella vasculopathy. Diagnosis was confirmed by Magnetic Resonance Imaging and Nuclear Magnetic Resonance Angiography. Virological diagnosis was determined using cerebrospinal fluid to detect: a) the presence of VZV DNA by polymerase chain reaction and VZV IgG and IgM antibodies and b) the involvement of the Herpes Simplex Virus type 1 and 2 (HSV 1 and 2 IgG and IgM Antibodies). The PSOM-score was applied at admission and four years after the AIS. Results: A total of 1003 publications was selected and at final evaluation only 11 articles were included with a moderate evidence level. Regarding the series of cases, seven patients, ages varying from 1.3 and 4 years, presented with hemiparesis at first physical examination and ischemic zones on imaging tests in areas irrigated by the middle cerebral artery or the internal carotid artery about 5.1 (± 3,5) months after varicella infection. Four patients (57%) had vascular lesions and three patients (42%) tested positive for VZV IgG antibodies in their CSF. No patient showed signs of exanthema, fever or IgG and IgM antibodies for Herpes Simplex Virus type 1 and 2. Thrombophilia testing came back altered for only one patient (heterozygous prothrombin gene mutation). All patients showed improvement on their sequelae scores. None recurred. Limits of this study: limited number of cases and small number of case- control studies or randomized studies for systematic review. Conclusions: We found moderate evidence level of association between transitory artheriopathy and VZV. In the series of cases, we observed the non-progressive aspect of the post-varicella AIS after four years, determined by the evaluation of motor, language and cognitive sequelae. We also observed that anti-viral DNA and/or the presence of intrathecal anti- VZV IgG antibodies were not determinants for the diagnosis. Therefore, we believe better diagnostic markers for post-varicella arterial ischemic stroke are necessary
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-07102019-091627 |
Date | 02 July 2019 |
Creators | Rodrigues, Regina Maria |
Contributors | Schvartsman, Claudio |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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