Esta tese volta-se para o exame de como a guerra civil angolana (1975-2002), já implicada durante a guerra de libertação contra o colonialismo português, imprimiu os termos a partir dos quais a construção de um estado nacional unívoco pôde ser concebido. Em diálogo com trabalhos que abordam a questão das formações nacionais como agenciamento entre diferenças, colocam-se como foco de análise as diversas narrativas sobre o conflito. A oposição entre MPLA e UNITA em Angola produziu duas formas opostas de universalização e de agenciamento de diferenças, formas estas, no entanto, igualmente direcionadas à representação de uma identidade nacional coesa. Diferentes categorias de diferenciação como etnia, oposição campo-cidade, raça e reivindicações ideológicas foram mobilizadas por cada lado de formas distintas em diferentes momentos do conflito, tanto na forma de autorrepresentações quanto na forma de contraposições via acusações. Categorias de diferenciação foram sendo produzidas no transcurso do conflito à medida que as estratégias dos atores iam informando suas agendas políticas. Nesse processo, os oponentes moldaram suas irreconciliações um em relação ao outro. Essa rede de narrativas conflitantes é mapeada de modo a compreender, ao mesmo tempo, sua transformação no que diz respeito ao modo de configurar as diferenças e sua contribuição para a formação da imaginação nacional angolana. A análise atenta para as inflexões operadas nos regimes discursivos em torno das principais questões que compuseram os diferentes momentos do conflito. / This dissertation analyzes how the Angolan civil war (1975-2002), already implied during the liberation war against Portuguese colonialism, set the terms based on which the construction of a univocal nation state could be conceived. In dialogue with the literature that approaches the issue of national formation as the handling of differences, this work assesses the different narratives on the conflict. The opposition between the MPLA and UNITA in Angola produced two different, opposed forms of universalizing and handling differences, which were nonetheless equally directed towards the representation of a cohesive national identity. At different moments during the conflict, each side resorted to different categories of differentiation such as ethnicity, the rural-urban divide, race, and ideological claims, in the form of both self-representation and contraposition through accusation. Categories of differentiation were produced throughout the conflict as the actors strategies informed their political agendas. In this process, the rivals molded their irreconciliations in relation to one another. This network of conflicting narratives is mapped out in order to understand both its transformation regarding how differences were configured and its contribution to the formation of an Angolan national imagination. The analysis focuses on the turning points of the discursive regimes concerning the main issues that made up the different moments of the conflict.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-23062017-112703 |
Date | 06 March 2017 |
Creators | Oliveira, Ariel Rolim |
Contributors | Montero, Paula |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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