O ensino médico não está em consonância com práticas capazes de estimular reflexão sobre o papel dos profissionais dentro dos locais de assistência ou a atuação profissional segundo uma clínica que busque promover cuidado, e não apenas diagnósticos e tratamentos: trata-se de uma educação que não interroga sua educação. Há um imaginário médico onde não estão consideradas experiências desestabilizadoras, a fim de reverberar representações e significados. Foi utilizada uma metodologia qualitativa direcionada ao contato com imaginários, buscando uma produção teórica embasada na autonarrativa, no encontro com o eu, triangulada pelo encontro com o outro (entrevista social com estudantes) e sob um diálogo entre teoria-dados-teoria. Ressalta-se, nos resultados, a incapacidade de se realizar uma pesquisa que resultasse em produto definitivo quanto à melhor forma de trabalhar esses imaginários, exceto a necessidade de fazê-los reverberar como problema de pensamento. Sobre os imaginários dos estudantes, incidem componentes representativos como forma educativa, inclusive a diferenciação de classe, gênero e etnia. De seu componente disruptor, podemos falar de professores atentos e cuidadores, da oportunidade de inusitados estágios, de cursos e conversações problematizadores. Em meio às representações, espocam linhas de fuga que podem ser enlaçadas ou não, mas que podem viabilizar roteiros de aprendizagem aberta e viva. Há um imaginário potente anterior ao ingresso no curso de Medicina quanto ao que é ser médico, o que poderia convocar o cuidado ao trabalho da equipe cuidadora e o cuidado à vida/às vidas que pedem passagem na nossa existência singular. Mesmo com mudanças no currículo médico e com a introdução de metodologias ativas de ensino-aprendizagem, são transmitidos ao médico em formação apenas modos de fazer a clínica sempre a partir de si (isolada ou individualmente) e não em coletivos, em equipes ou em sistemas de saúde. Não se observa compromisso com um sistema de saúde, com "sistemas de práticas" ou com a cidadania; não há discussão sobre posicionamentos políticos e a construção de sociedade não é uma questão. / Medical teaching has not been in accordance with practices capable of inciting reflection about the role of professionals in assistance sites or the professional action according to a clinic that seeks to foster care, and not only provide users with diagnoses and treatments: this kind of education does not question its education. There is a medical imaginary where destabilizing experiences have not been taken into consideration in order to produce representations and meanings. The qualitative methodology employed here has been directed towards the contact with imaginaries. It seeks for a theoretical production grounded on self-narrative, on the meeting with the self, in both a triangulation with the meeting with the other (social interview with students) and a dialogue between theory-data-theory. From the results, one could highlight the impossibility to carry out a research that would yield a definitive product concerning the best way of working with these imaginaries, except for the need to make them reverberate as a thought problem. Representative components strike the students’ imaginaries as an education form, including class, gender and ethnicity differentiation. Regarding its disruptor component, we may talk about attentive, caring professors; about the opportunity of unusual trainings; about problematizing courses and conversations. Amidst representations, escape lines emerge. Whether or not such lines can be caught, they can make viable courses of open, living learning. A powerful imaginary about what being a doctor is precedes the admittance to the Medicine course, and this could call for looking after the work done by the caregiver team and life/lives that ask for a passage in our singular existence. Even with both changes in the Medicine curriculum and the introduction of active teaching-learning methodologies, doctors-to-be are led to work having only themselves as a starting point (in isolation or individually), using their individual action as their reference, rather than collectives, teams or health systems. No commitment to a health system, to “systems of practices” or to citizenship can be detected. There is no discussion about political positions, and the construction of society is not an issue.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/104459 |
Date | January 2011 |
Creators | Lopes, Ricardo Dantas |
Contributors | Ceccim, Ricardo Burg |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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