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Constituição e representações do feminino em cartas em cartas do editor em revistas femininas

Resumo: Durante muito tempo, a mulher teve sua história contada/criada quase que exclusivamente pelos homens, cabendo a ela apenas aceitar passivamente o papel que lhe era concedido na/pela sociedade. Somente a partir do século XIX as mulheres começam a participar mais efetivamente da escritura de sua própria história, questionando o lugar que lhe era destinado e (deixando)/registrando relatos de sua forma de pensar, agir e sentir. Não é de se estranhar, portanto, que certos estereótipos machistas e preconceituosos insistam em perdurar na sociedade mesmo depois de a mulher ter conquistado o estatuto de igualdade perante o homem. Pensando no espaço polêmico em que se instauram os discursos femininos, esta pesquisa identifica e descreve certos estereótipos e identidades que circulam na mídia impressa brasileira, mais especificamente aquelas “criadas/sustentadas” pela própria mulher, em três revistas direcionadas ao público feminino: Marie Claire, Bárbara e Ana Maria. A escolha do corpus foi orientada pelo conhecimento prévio do público-alvo de cada uma dessas publicações: um público elitizado no primeiro caso; um público menos elitizado, mas ascendente, no segundo e um público mais popular no último. As análises concentraram-se no gênero discursivo “Carta do editor” por se tratar de um gênero cujo enunciador é supostamente uma mulher dirigindo-se a outras mulheres. Partindo dos pressupostos teóricos de Maingueneau (1993; 2006; 2008) sobre ethos, pathos e cenografia, foi possível observar que o pathos possui um peso bastante relevante para a construção da imagem do enunciador (ethos). Além disso, os discursos das revistas femininas projetam a imagem da mulher de forma submissa, fútil e alienada em relação aos problemas sociais. Essa imagem é validada por estereótipos da mulher como ser “frágil” e “submisso” que, por sua vez, estão conectados a uma memória discursiva cujos dizeres remetem a uma situação contrária à emancipação e independência femininas. Assim, o discurso veiculado pelas revistas é perpassado pelo interdiscurso que remonta à memória discursiva do senso comum, criando um simulacro para o universo feminino: não é fácil ser mulher nas sociedades patriarcalistas. A conclusão nos aponta para a contradição entre o que se quer dizer e aquilo que de fato é dito nas revistas femininas, ostrando que os discursos ali veiculados não conseguem ser isentos de preconceitos que eles mesmos tentam evitar.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace.c3sl.ufpr.br:1884/26796
Date09 March 2012
CreatorsPeres, Letícia M. Lacerda
ContributorsNegri, Ligia, Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciencias Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduaçao em Letras
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPR, instname:Universidade Federal do Paraná, instacron:UFPR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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