Introdução: GIST perfazem cerca de 70% dos tumores mesenquimais do trato gastrintestinal. Têm uma incidência de 1 a 2/100.000/ano sendo a forma esporádica observada em adultos, a mais comum. Para o diagnóstico definitivo de GIST é necessária à confirmação imunohistoquímica, sendo que 90 a 95% dos casos são positivos para o marcador CD117. Os GIST apresentam um comportamento biológico incerto e a classificação em categorias de risco (tamanho tumoral e índice mitótico - NIH) tem sido validada em inúmeras séries. Marcadores imuno-histoquímicos prognósticos têm sido pesquisados amplamente principalmente o Ki67 e o p16 INK4A. Estudos genéticos mostram um percentual alto de mutações em GIST, sobretudo para as mutações localizadas no exon 11 do gene c-Kit. Objetivo: caracterizar todos os casos de GIST diagnosticados no Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre de 01/01/1993 a 31/07/2009 do ponto de vista anatomopatológico, imuno-histoquímico, clínico e molecular. Material e Métodos: os casos foram selecionados a partir do estudo das lâminas no HE e pelo seguinte painel imuno-histoquímico: CD117, CD34, S100, desmina e actina. Foram testados dois marcadores imuno-histoquímicos prognósticos: o Ki67 e o p16 INK4A. Os casos cirúrgicos foram classificados em categoria de risco segundo os critérios de Fletcher e cols. (NIH). O estudo molecular incluiu: extração do DNA, PCR e análise mutacional. Resultados: a série é composta por 45 homens e 40 mulheres com uma média de idade de 58,4 anos. A localização gástrica foi a mais frequente (45,9%) seguida da intestinal (37,6%). O tipo histológico predominante foi o fusocelular presente em 74,1% dos casos. GIST classificados na categoria de risco muito baixo e baixo risco foram 28,2%, na categoria de risco intermediário, 23,9% e na categoria de alto risco, 47,9%. O marcador CD117 (proteína KIT) foi positivo em 97,6% dos casos de GIST. Entre os 85 casos, o marcador p16 INK4A apresentou positividade em 64,7% e Ki67> 3% foi observado em 32,9%. Houve associação significativa entre as categorias de risco classificadas como alto e não alto risco com o Ki67>3% (p = 0,001) e do Ki67 >3% com o índice mitótico (rs=0,526; p<0,001). Em 60 casos foi possível o sequenciamento do exon 11 do gene c-Kit. Foram encontradas 29 mutações para este exon: 12 mutações de ponto, 10 deleções, 04 duplicações e 03 mutações duplas (deleção associada à mutação de ponto). A maioria das mutações foi observada entre os codons 550 e 560, “hot spot” descrito em estudos prévios. A curva de sobrevida mostrou um tempo de seguimento de 2,5 anos (±2,8) e mediana de 1,5 anos, e foi estatisticamente significativa quando associada às metástases (p=0,025) e ao índice mitótico (p=0,002). Os fatores associados com a probabilidade de óbito através da Regressão de Cox foram o índice mitótico e o Ki67 > 3%. Conclusões: os 85 casos de GIST do HCPA foram caracterizados do ponto de vista anatomopatológico, imuno-histoquímico, clínico e molecular. Negatividade para p16 INK4 e Ki67 > 3% mostrou associação com um tempo de sobrevida mais curto. Houve associação entre o Ki67>3% e GIST classificados na categoria de alto risco. Não houve evidência de associação entre as mutações ou os tipos de mutação com as categorias de risco ou com a curva de sobrevida. Das variáveis que compõem a categoria de risco, o índice mitótico apresentou associação significativa com a sobrevida, sendo que os pacientes com mais de 10 mitoses em 50 campos de grande aumento apresentaram maior risco para óbito na análise multivariada. A contagem mitótica e o Ki67 são importantes marcadores prognósticos em pacientes portadores de GIST. / Introduction: Gastrointestinal stromal tumors (GIST) are the most common mesenchymal tumors of the gastrointestinal tract, representing 70% of these neoplasias, having an annual incidence of 1 to 2 /100.000/year. They are mostly sporadic and occurring mainly in adults. GIST are tumors of relative unknown behavior and a score of risk stratification was developed based on two criteria: maximum tumor size and mitotic index according to the National Institutes of Health (NIH) consensus, validated by several authors. Prognostic immunohistochemical biomarkers are mostly investigated, especially Ki67 and p16 INK4A. GIST have a high incidence of mutations affecting mainly exon 11 of the c-Kit gene. Objective: the aim of this work was to study the anatomopathological, immunohistochemical, clinical, and molecular aspects of all GIST diagnosed by the Pathology Service at the HCPA (Hospital de Clínicas - Porto Alegre), from 01/01/1993 to 31/07/2009. Material e Methods: diagnosis of GIST was confirmed after HE analysis and submission to the following immunohistochemical profile: CD117, CD34, S100, desmin and actin. Two prognostic immunohistochemical biomarkers were also analysed: Ki67 and p16 INK4A. Surgical cases were classified according to their risk stratification (NIH). Molecular study included: DNA extraction, PCR and mutational analysis. Results: from a total of 85 cases, 45 were male and 40, female and the mean average age was 58. 4 years. GIST were predominately located in the stomach (48.9%) followed by the small intestine (37.6%). Spindle cell morphology was present in 74.1% of these tumors. According to the NIH classification, 28.2% GIST were classified as very low or low risk category; 23.9% as intermediate risk and 47.9% belonged to the high risk category. CD117 (KIT protein) was expressed in 97.6% of all GIST in this study. From a total of 85 cases, 64.7% showed positivity for p16 INK4A and 32.9% had a Ki67 >3% index. There was a clear association between high risk category and non high risk category with Ki67>3% (p=0,001) and between Ki67>3% and a high mitotic index (>10 mitoses in 50 HPF), rs=0,526; p<0,001. Eighty-three cases were submitted to molecular genetic analysis and 60 samples were successfully amplified and sequenced for exon 11 of the c-Kit gene. Out of the 29 mutations found for this exon 12 were point mutations, 10 were deletions, 04 were duplications and 03 were double mutations (deletion plus point mutation). Most of these mutations were present between codons 550 and 660, “hot spots” described in previous studies. The mean survival follow up period was 2.5 years (±2,8) having a median time of 1.5 years. Survival rates were statistically significant when associated to metastases p=0.025 and to a high mitotic index (p=0.002. The multivariate Cox Regression analysis showed two independent risk factors indicating a poor prognosis: Ki67>3% and a high mitotic index. Conclusions: anatomopathological, immunohistochemical, clinical and molecular aspects of 85 GIST were studied in this series. Negativity for p16 INK4A and a Ki67 >3% were associated to a shorter survival time. Ki67>3% was associated to GIST belonging to the high risk category group. No significant associations were seen concerning presence of mutation or type of mutation in relation to survival rate or risk categories. A high mitotic index (more than 10 mitoses in 50 HPF), one of the NIH risk criteria, was strongly related to a shorter survival time and was also seen as an independent factor for poor prognosis in GIST on multivariate analysis. Mitotic count and Ki67 are important predictors of outcome in patients with GIST.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/25104 |
Date | January 2010 |
Creators | Cerski, Marcelle Reesink |
Contributors | Meurer, Luíse |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.003 seconds