O tema desta pesquisa se atém ao estudo da evasão de alunos no campo do ensino superior brasileiro, e o seu objetivo consistiu em identificar a experiência universitária que favoreceu a evasão de alunos ingressantes via vestibular nos anos de 2002, 2003 e 2004, nos cursos de graduação da USP, oferecidos na cidade de São Paulo, bem como em delinear os caminhos percorridos pelos jovens universitários diante dessa situação. Essa proposição se justifica pela necessidade da universidade de bem qualificar seus estudantes, garantindo um bom número em termos de diplomados (MEC/ANDIFES/ABRUEM/SESU, 1997). Para tanto, foi levantado o total de vagas de transferências internas e externas oferecidas pela USP no período de 2002 a 2006; foram selecionados sete cursos de alta evasão para averiguar índices finais da evasão e mapear as formas desse comportamento na USP; bem como foram realizadas entrevistas com estudantes, concluintes e não concluintes, para identificar as razões para o desligamento do curso e os caminhos percorridos pelos ex-alunos em suas trajetórias de vida dentro da universidade. Os resultados obtidos revelaram que: a evasão é alta em cursos cuja nota de ingresso e relação candidatos por vaga é mais baixa, entre todas as carreiras da USP; a incidência da evasão é mais forte no início do curso de graduação; a evasão no turno noturno é predominantemente mais alta que a das respectivas carreiras oferecidas no período diurno; as mulheres tendem mais a concluir que os homens; a classificação no vestibular e as características socioeconômicas do alunado não interferem nas chances de conclusão do curso. Por sua vez, a idade e a existência de titulação anterior ao ingresso constituem fatores que afetam as chances de conclusão da graduação na USP. Com relação à experiência universitária e aos caminhos percorridos pelos jovens, verificam-se quatro perfis de trajetórias: aqueles que concluem no prazo regulamentar (no tempo mínimo ou máximo); aqueles que evadem antes dos dois primeiros anos; aqueles que permanecem por mais de dois anos, evadem e, posteriormente, concluem, na USP, com pedidos de reingresso, ou em outra instituição de ensino; e aqueles que permanecem por mais de dois anos e não concluem a formação superior. Constatou-se, com base nessas experiências, que os alunos que concluem são reconhecidos como bons alunos, a partir do ponto de vista institucional, e atendem a essa perspectiva (HIRANO et al., 1988); aqueles que evadem antes dos dois primeiros anos redirecionam a escolha para carreiras de maior prestígio da USP, contando com suportes diversos para essa migração; aqueles que permanecem por mais de dois anos e evadem e, posteriormente, concluem configuram-se como estudantes trabalhadores ou trabalhadores estudantes e realizam seus estudos muito frequentemente no turno noturno (FORACCHI, 1977; SPOSITO, 1989; SAMPAIO; LIMONGI; TORRES, 2000); por último, o evadido prolongado sem conclusão constitui um perfil de estudante que se vê desmotivado e perde o interesse pela graduação cursada, após sistemáticas frustrações de expectativas durante a realização do curso na instituição. Concluiu-se, a partir dessas análises, que os processos de constituição de si e as respectivas trajetórias não necessariamente são definidos por classe, sobretudo, do ponto de vista econômico e social, mas que tais concretizações pessoais, estudantis e profissionais dos ex-alunos são forjadas nas relações estabelecidas em meio acadêmico e nos diferentes espaços em que se inserem no cotidiano (MARTUCCELLI, 2007, 2010). / The theme of the present study deals with student dropout in higher education in Brazil. This study aimed to identify the academic experiences that caused student dropout among those who entered university through exam in 2002, 2003 and 2004 and were enrolled in undergraduate course at the University of São Paulo (USP). Additionally, it sought to outline the pathways of young university students in this situation. This proposal results from the need of universities to qualify their students well, guaranteeing a good number of graduates (MEC/ANDIFES/ABRUEM/SESU, 1997). To achieve this, the total number of vacancies for inner and outer transfers offered by USP between 2002 and 2006 was assessed; seven courses with high dropout rates were selected to identify the reasons for course dropout and to map types of behavior at USP, apart from performing interviews with graduate and dropout students to identify the reasons for dropping out and the pathways followed by former students in their life trajectories in university. The results obtained showed the following: dropout rates are high in courses whose entry grade and candidate/vacancy ratio are very low among all courses at USP; the incidence of dropout is higher in the beginning of undergraduate courses; dropout rates are usually higher for evening courses when compared to the same courses given during the day; women tend to graduate more often than men; and the entry exam ranking and socioeconomic characteristics of students do not interfere with their chances of concluding their course. In their turn, age and the existence of titles prior to entry are factors that affect ones chances of completion of an undergraduate course at USP. Regarding university experiences and the pathways followed by young adults, the following four profiles of trajectories were observed: 1) those who conclude their course within the deadline (minimum or maximum time allowed); 2) those who drop out before the two first years; 3) those who remain for more than two years, drop out and subsequently conclude their course at USP by requesting re-entry or going to another educational institution; and 4) those who remain for more than two years and do not conclude their higher education course. Given these experiences, students who conclude their course are known as good students from the institutions point-of-view and meet this perspective (HIRANO et al., 1988); there are those who drop out before the two first years, redirecting their choice towards careers that have more status at USP and relying on several sources of support for such transfer; those who remain for more than two years, drop out and subsequently conclude their course are described as student-workers or worker-students and they study in the evenings more frequently (FORACCHI, 1977; SPOSITO, 1989; SAMPAIO; LIMONGI; TORRES, 2000); at last, those who drop out for a long period of time and do not conclude their course are students that became unmotivated and uninterested in such course after feeling constantly frustrated and not meeting the expectations during the time spent in the institution. In conclusion and based on these analyses, the processes of selfformation and respective pathways followed are not necessarily defined by class. This is especially true from the socioeconomic point of view, although such personal, student and professional concretizations of former students are shaped in the relationships established in the academic world and different spaces where they are found during their routine (MARTUCCELLI, 2007, 2010).
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-13092017-152310 |
Date | 29 June 2017 |
Creators | Adachi, Ana Amélia Chaves Teixeira |
Contributors | Oliveira, Romualdo Luiz Portela de |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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