Cette thèse est dérivée d’une question sur les modes d’affectation de la relation entre individu et société. L’objectif est, d’abord, dans la sociologie de Norbert Elias, de trouver des chemins pour suspendre la dichotomie qui met ces termes en opposition l’un à l’autre. Le processus civilisateur est vu comme une opération qui inscrit sur les corps des individus des traits des exigences sociales, en produisant comme effet des objets pulsionnels qui deviennent restes. On conclut que les processus de refoulement sont transmis culturellement et conduisent à l’autorégulation des individus. La sociologie de Norbert Elias est suivie de la lecture des textes de Sigmund Freud. La théorie du psychanalyste est lue chronologiquement, de la période qui couvre la correspondance avec son ami Wilhelm Fliess à l’écriture du texte Le malaise dans la culture, en 1930. Ce retour à Freud, aidé par les apports théoriques de la psychanalyse de Jacques Lacan, développe la question sur les modes d’affectation de la relation entre individus et société. On conclut que Freud, tout comme Norbert Elias, entreprend de surmonter cette position dichotomique. A travers les écrits de Freud, la relation entre individus et société s’est posée en termes de sujet et Culture. Le corps et la perte de l’objet pulsionnel sont considérés comme des opérateurs qui permettent les liens sociaux. Le texte Totem et tabou donne les principes fondamentaux de l’inscription du sujet dans la Culture et montre que la perte de l’objet pulsionnel y produit des effets de torsion. Cette relation s’est présentée de façon tordue. La torsion, qui est soutenue par la perte de l’objet pulsionnel, est l’opérateur qui empêche l’égalité entre sujet et Culture. Les topologies du cross-cap et de la bande de Moebius montrent ce processus. La question se développe en ce qui concerne les effets produits par les opérateurs de perte et torsion dans la relation entre sujet et Culture. Ce qui a été engendré c’est la transmission de la Culture. Les textes de Sigmund Freud sont articulés aux propositions du temps logique chez Jacques Lacan pour penser la transmission à partir du temps de désubjectivation du moi. A la fin, on trouve dans la philosophie de Hannah Arendt la thèse selon laquelle la crise de l’autorité a produit des effets dans les modes de transmission de la Culture. La perte de référence qui inscrit l’individu dans la tradition avec le passé nous oblige à créer une position subjective. Il faut provoquer une torsion à l’héritage culturel transmis afin de maintenir les liens avec le passé et de créer un nouveau lieu pour le sujet. / Esta tese deriva de uma pergunta sobre os modos de afetação na relação entre indivíduo e sociedade. O objetivo é, primeiramente, na sociologia de Norbert Elias, encontrar caminhos para suspender a dicotomia que coloca esses termos em oposição um ao outro. O processo civilizador é visto como operação que inscreve nos corpos dos indivíduos traços das exigências sociais, produzindo como efeito objetos pulsionais que se tornam restos. Concluise que os processos de recalcamento são transmitidos culturalmente e conduzem à autorregulação dos indivíduos. A sociologia de Norbert Elias é seguida pela leitura dos textos de Sigmund Freud. A teoria do psicanalista é lida cronologicamente, do período que cobre a correspondência com seu amigo Wilhelm Fliess à escrita do texto O mal-estar na cultura, em 1930. Esse retorno à Freud, auxiliado pelos aportes teóricos da psicanálise de Jacques Lacan, desdobra a questão sobre os modos de afetação da relação entre indivíduo e sociedade. Conclui-se que Freud, assim como Norbert Elias, se propõe a ultrapassar esta posição dicotômica. Através dos textos de Freud, a relação entre indivíduo e sociedade é colocada nos termos de sujeito e Cultura. O corpo e a perda do objeto pulsional são considerados como operadores que possibilitam os laços sociais. O texto Totem e tabu dá os princípios fundamentais da inscrição do sujeito na Cultura e mostra que a perda do objeto pulsional produz efeitos de torção nesta relação. Esta relação se apresenta de forma torcida. A torção, sustentada na perda dos objetos pulsionais, é o operador que impossibilita a igualdade entre sujeito e Cultura. A topologia do cross-cap e da fita de Moebius mostra esse processo. A questão se desdobra para os efeitos produzidos pelos operadores de perda e torção na relação entre sujeito e Cultura. O que se produz é a transmissão da Cultura. Os textos de Sigmund Freud são articulados com as proposições do tempo lógico de Jacques Lacan para pensar a transmissão no momento de dessubjetivação do eu. Por fim, encontra-se, na filosofia de Hannah Arendt, a tese que a crise da autoridade produziu efeitos no modo de transmissão da Cultura. A perda de um referente que inscreve o indivíduo na tradição com o passado obriga a criar uma posição subjetiva. É preciso provocar uma torção na herança cultural transmitida a fim de manter os laços com o passado e de construir um novo lugar para o sujeito.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/94699 |
Date | January 2014 |
Creators | Costa, André Oliveira |
Contributors | Moschen, Simone Zanon |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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