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A vítima como categoria política : um estudo etnográfico sobre os movimentos de familiares de vítimas de violência no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro

A partir de entrevistas e observação participante de eventos, esta dissertação versa sobre a construção social da “vítima” e a articulação do sofrimento e dor como elementos de mobilização e luta política. O trabalho tem como universo empírico os movimentos e familiares de vítimas de violência politicamente organizados no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro. Tais movimentos e familiares, reunidos pela dor, empreendem uma árdua luta na busca por “justiça”, que envolve heterogêneas configurações de elementos contingentes, tais como “violência”, “Estado”, “vida”, “humanidade” e “justiça”. É objetivo principal deste trabalho compreender, de uma maneira antropológica, (i) as formas de construção dessa gramática moral da figura da “vítima” como modo de ação política; (ii) os modos de efetivação das denúncias públicas cujos fundamentos se referem à dor e ao sofrimento causados pela violência e, por fim, (iii) os aspectos subjetivos – menos visíveis – das narrativas sobre violência e dor que conformam os testemunhos de familiares implicados em eventos considerados violentos. Foi possível perceber que vítima e algoz constroem-se em relação e que a denuncia pública da dor é feita através de uma linguagem relacional do sofrimento, explicitando uma tensão entre tal linguagem e a linguagem individualista do trauma. A dor é um elemento que ultrapassa a esfera da denúncia pública, abrangendo o cotidiano dos familiares de vítimas em suas estratégias de inserção política e de administração do sofrimento. / Bearing on interviews and participant observation of meetings, this work focuses on the social construction of the "victim" and the articulation of suffering and pain as components of political mobilization and struggle. This study takes as its corpus groups of politically organized relatives of victims of violence and related movements based in Rio Grande do Sul and Rio de Janeiro. Brought together by their members’ similar experiences of suffering, such movements and groups of relatives undertake an arduous struggle in the course of their pursuit of "justice", which involves heterogeneous configurations of contingent elements, such as "violence", "State", "life", "humanity" and "justice." Our main purpose is to understand, from an anthropological perspective, (i) their ways of constructing this moral grammar of victimhood as a mode of political action; (ii) their ways of bring about public denunciations against the offenders by means of referring to their own pain and suffering caused by violence; and, finally, (iii) the subjective and less visible aspects of their narratives on violence and pain that are built into the testimonies of family members involved in events considered violent. We observed that both victim and perpetrator are relationally constituted as such and that the public denunciation of pain is produced through a relational language of suffering, thus highlighting a tension between that language and the individualistic language of trauma. Pain is an element that goes beyond the sphere of public denunciation, covering the everyday lives of victims’ family members both in their strategies of political membership-avowal and in their coping with suffering.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/76219
Date January 2013
CreatorsArosi, Ana Paula
ContributorsSchuch, Patrice
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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