O Microcrédito ganhou notoriedade a partir da experiência do Banco Grameen, em Bangladesh, nos anos 70. A expansão e o crescimento das microfinanças, nas últimas décadas, atraiu a atenção de pesquisadores e governos, tornando-se um instrumento de políticas públicas para o combate à pobreza, e trouxe com elas a necessidade de maior transparência e de padronização das informações sobre o desempenho financeiro para alcançar dois objetivos: a atração de recursos financeiros de organismos internacionais de auxílio e fomento, bancos de desenvolvimento e investidores, para funding das operações; permitir a comparação dos resultados Instituições Microfinanceiras. No Brasil, o Microcrédito surgiu nos anos 70, e ganhou maior impulso no final da década de 90, quando se criou a regulamentação específica para o setor. Este trabalho teve por objetivo definir um modelo de medição de performance para as instituições financeiras não bancárias autorizadas a trabalhar neste segmento, as Sociedades de Crédito ao Microempreendedor, avaliar seu desempenho quanto à qualidade dos ativos, eficiência operacional, gestão financeira e lucratividade, no período de dezembro de 2000 a dezembro de 2004, e compará-lo ao de Instituições Microfinanceiras atuando na América Latina. Partindo de uma extensa pesquisa bibliográfica, identificou indicadores de performance usados internacionalmente, cujos conceitos foram amplamente discutidos e consensados. Eles foram adaptados ao Plano Contábil das Instituições Financeiras e aplicados aos dados de balanço e demonstrativo de resultados fornecidos pelo Banco Central do Brasil, permitindo traçar um painel da evolução do segmento de microcrédito atendido pelas Sociedades de Credito ao Microempreendedor. A avaliação do comportamento dos indicadores indicou um segmento em desenvolvimento; um processo de crescimento baseado em capital próprio, com baixa utilização de recursos de terceiros; resultados financeiros elevados que, quando combinados com despesas altas, geram resultados modestos. A comparação com as operações em outros países latino-americanos mostrou que as Sociedades de Crédito ao Microempreendedor possuem ativos de maior risco, menor eficiência operacional, nível de endividamento muito mais baixo e índices de lucratividade menos significativos que os de suas pares internacionais. Mostrou, também, que as instituições locais são muito menores e mais jovens. Para o desenvolvimento do microcrédito no Brasil, é fundamental que o governo aumente a atratividade do setor, e atue para resolver uma falha de mercado, onde as instituições privadas não estão totalmente à vontade para atuar, criando condições para a expansão das entidades privadas e para a entrada de instituições internacionais, trazendo o conhecimento e a experiência de outros mercados. / The Grameen Bank experience of lending small money to poor people, in Bangladesh, during the seventies, made microcredit famous all over the world. Microfinance growing and expansion in the last two decades attracted attention of researchers and governments, becoming a new public policy tool in order to combat poverty, and demanded more transparent and standardized performance information not only to support investment decisions for donors, development banks and investors, but also to make international benchmarking possible. In Brazil, microcredit appeared in the 1970s, but started to grow rapidly in the 1990s, when a specific legal framework was established. The present study aimed to: define a performance model for brazilian non banking finance institutions handling microcredit, Sociedades de Crédito ao Microempreendedor; create performance indicators to evaluate asset quality, operational efficiency, financial management, and profitability, over a period of 5 yeras, 2000-2004; make a benchmark with latin american microfinance institutions. A bibliographic research identified internationally adopted performance indicators, whose concepts and definitions were fully discussed and consensed. They were adapted according to the Accounting Chart for Institutions of the National Financial System, COSIF, and applied to institutions balance sheet data furnished by brazilian Central Bank, providing an overview of the microcredit segment operated by Sociedades de Crédito ao Microempreendedor. Indicators evaluation showed that brazilian microfinance instituitions operate in a development market, have low debt-equity ratios, and achieve good financial results that are offset by high expenses. The benchmark with other latin american microfinance institutions showed that brazilian ones have poorer asset quality, lower operational efficiency and debt-equity ratio, and worse financial results. They are also smaller and younger than their latin american peers. In order to incentive microcredit expansion and development, brazilian government policies must fix a market failure, that private institutions and commercial banks are not fully supportive of microcredit. This could make brazilian market more attractive for national and international institutions, bringing more investments and estimulating consulting services, which would aggregate knowledge and experience from other markets.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-25122006-191926 |
Date | 09 February 2006 |
Creators | Monteiro, Marcelo Nogueira de Castro |
Contributors | Savoia, Jose Roberto Ferreira |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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