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Movimento dos trabalhadores rurais sem terra (MST): as contradições vivenciadas na produção sem a participação das mulheres negras

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Previous issue date: 2009 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / O Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é uma organização
política, constituída pela superpopulação relativa formada por trabalhadores/as
proletários/as, em sua maioria, negros/as. Assim como as organizações
tradicionais de classe – partidos políticos de esquerda e sindicatos —, o MST
abandonou o trabalho enquanto categoria central na luta socialista. O MST luta
pela reforma agrária e pela organização, majoritária, do trabalho com base na
família. Segundo Marx e Engels (2002), é na divisão do trabalho que tem como
base a família, que há a apropriação e exploração do trabalho da mulher e dos
filhos e filhas, que se organiza a divisão do trabalho, a formação das classes
sociais e do Estado. A divisão do trabalho, no Brasil, é marcada pela divisão
“racial” e sexual do trabalho. É decorrente das relações “raciais” e sociais de
sexo. Estas relações sociais são assimétricas e antagônicas, estruturantes e
transversais à totalidade do campo social. Geram hierarquia do homem branco
em relação à mulher negra. A divisão “racial” e sexual do trabalho, separa e
hierarquiza o trabalho, razão porque, predominantemente, os homens brancos
não vão ser encontrados nos trabalhos manuais, na esfera da
reprodução/produção social, em trabalhos considerados inferiores, menos
valorizados e de menor remuneração, mas sim, vão ser encontradas as
mulheres negras. Por isso, as mesmas têm menos acesso à riqueza do que os
homens brancos. Situação que produz e perpetua privilégios e desigualdades.
O MST, ao abandonar o trabalho e não incorporar os debates sobre a divisão
“racial” e sexual do trabalho e sobre as questões de “raça” e gênero faz com
que as mulheres negras não participem da produção. Diante deste fato, nosso
objetivo é analisar as contradições vivenciadas pelo MST na produção sem a
participação das mulheres negras. Sendo assim, nossa tese está inserida na
linha de pesquisa Processos de Mobilização e Organização Popular, que tem
como área temática Serviço Social, Ação Política e Sujeitos Coletivos. Em
nossa pesquisa qualitativa, nos fundamentamos na teoria marxista e utilizamos
a pesquisa bibliográfica e documental. E como técnicas de pesquisa, a
observação direta e a realização de entrevistas semi-estruturadas com as
dirigentes do Coletivo de Mulheres do Setor de Gênero do MST/PE. A partir
dos dados obtidos, concluímos que o MST ao optar pela reforma agrária e
organização do trabalho com base na família, sustenta a divisão “racial” e
sexual do trabalho e faz com que o trabalho das mulheres negras seja
apropriado e explorado e elas estejam disponíveis para serem exploradas. Tal
fato ocorre, porque o MST não incorpora em seu debate as discussões sobre o
trabalho, a divisão “racial” e sexual do trabalho e sobre as questões de “raça” e
gênero, mas apenas sobre a categoria gênero. Isso faz com que os pilares de
sustentação do capitalismo no Brasil sejam mantidos

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpe.br:123456789/9236
Date31 January 2009
CreatorsSouza, Simone Maria de
ContributorsMustafá, Maria Alexandra da Silva Monteiro
PublisherUniversidade Federal de Pernambuco
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPE, instname:Universidade Federal de Pernambuco, instacron:UFPE
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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