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Ciranda de homens pobres: uma leitura de Os ratos, de Dyonelio Machado / Poor men\'s ciranda: a reading of Os Ratos, by Dyonelio Machado

O romance Os ratos traz no seu entrecho analogias da circularidade que se espalham por todo o romance através de figuras de objetos redondos, circulares, curvos dos quais extrai significados metafóricos. Uma recensão breve aponta a profusão de elementos circulares (ou esféricos) disseminados por todo o romance: a translação de 24 horas do tempo cronológico, o relógio, as moedas e níqueis, o trabalho repetitivo de Naziazeno, o betting (corrida de cavalos), o relógio, os rostos e caras, os olhos, o sol, a ronda pelos cafés e agiotas, a roda da roleta e as suas fichas associadas a bolachas, a volta dos jogadores em torno da mesa da roleta, o movimento de giro com que o garçom limpa a mesa do café, o cilindro do açucareiro, o pires, a bandeja, o anel, o crânio, o rolinho de dinheiro, o círculo de luz amarela do lampião. Essas formas circulares por sua vez, estão numa moldura estrutural narrativa maior, que é a concentração da ação no tempo contraído de 24 horas, se iniciando o relato por volta das sete da manhã de um dia, e se fechando mais ou menos Do ponto de vista da ação do protagonista elas resultam ineficazes que a presente leitura entende, portando, um giro em falso, portanto, a própria ação é compreendida aqui como circular, pois o objeto da dívida se alterna entre coisas compradas e serviços tomados mas é certo que antes desse dia e depois dele: a sucessão de dias do personagem remetem sempre ao mesmo ponto, no caso, a dificuldade de subsistência. Assim a presente leitura evidencia que a situação de carência se repete em vários âmbitos na vida do protagonista e demais personagens, havendo recorrência do movimento circular. O protagonista vê repetir a sua condição de vulnerabilidade, sempre às voltas com sua carência material, dependendo de expediente alheios, de amigos detentores da astúcia, para amealhar dinheiro. O dinheiro, por sua vez está sempre representado por títulos e documentos, contraprestações, cartelas de empenho, letras de câmbio, visitas frustradas a agiotas. Esse traçado de reposição de carências e da expectativa de se amealhar dinheiro, por sua vez, tem como pano de fundo o horizonte histórico embaciado que entremeia Revolução de 1930 e Estado Novo. No âmbito das individualidades e no âmbito da História, nossa leitura procura evidenciar que essa volta das condições (em termos de analogia) apresenta um drama trivial com feições trágicas. / O romance Os ratos traz no seu entrecho analogias da circularidade que se espalham por todo o romance através de figuras de objetos redondos, circulares, curvos dos quais extrai significados metafóricos. Uma recensão breve aponta a profusão de elementos circulares (ou esféricos) disseminados por todo o romance: a translação de 24 horas do tempo cronológico, o relógio, as moedas e níqueis, o trabalho repetitivo de Naziazeno, o betting (corrida de cavalos), o relógio, os rostos e caras, os olhos, o sol, a ronda pelos cafés e agiotas, a roda da roleta e as suas fichas associadas a bolachas, a volta dos jogadores em torno da mesa da roleta, o movimento de giro com que o garçom limpa a mesa do café, o cilindro do açucareiro, o pires, a bandeja, o anel, o crânio, o rolinho de dinheiro, o círculo de luz amarela do lampião. Essas formas circulares por sua vez, estão numa moldura estrutural narrativa maior, que é a concentração da ação no tempo contraído de 24 horas, se iniciando o relato por volta das sete da manhã de um dia, e se fechando mais ou menos Do ponto de vista da ação do protagonista elas resultam ineficazes que a presente leitura entende, portando, um giro em falso, portanto, a própria ação é compreendida aqui como circular, pois o objeto da dívida se alterna entre coisas compradas e serviços tomados mas é certo que antes desse dia e depois dele: a sucessão de dias do personagem remetem sempre ao mesmo ponto, no caso, a dificuldade de subsistência. Assim a presente leitura evidencia que a situação de carência se repete em vários âmbitos na vida do protagonista e demais personagens, havendo recorrência do movimento circular. O protagonista vê repetir a sua condição de vulnerabilidade, sempre às voltas com sua carência material, dependendo de expediente alheios, de amigos detentores da astúcia, para amealhar dinheiro. O dinheiro, por sua vez está sempre representado por títulos e documentos, contraprestações, cartelas de empenho, letras de câmbio, visitas frustradas a agiotas. Esse traçado de reposição de carências e da expectativa de se amealhar dinheiro, por sua vez, tem como pano de fundo o horizonte histórico embaciado que entremeia Revolução de 1930 e Estado Novo. No âmbito das individualidades e no âmbito da História, nossa leitura procura evidenciar que essa \"volta\" das condições (em termos de analogia) apresenta um drama trivial com feições trágicas.

Identiferoai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-16082019-163021
Date02 March 2018
CreatorsMartins, Fábio Henrique Passoni
ContributorsMoura, Murilo Marcondes de
PublisherBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Source SetsUniversidade de São Paulo
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
TypeDissertação de Mestrado
Formatapplication/pdf
RightsLiberar o conteúdo para acesso público.

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